Tradicionalismo/RS
O tradicionalismo tem aspectos especiais e específicos, que são os culturais, divididos em ciências e artes. Os aspectos especiais são cinco e todos são fundamentais. Faltando qualquer deles, já não se fala em tradicionalismo.
. Aspecto cívico – É o que primeiro se nota nas atividades do CTG. Lá estão as bandeiras e os hinos, do Brasil e do Rio Grande do Sul, nas festas, nas solenidades, nos desfiles de cavalaria e nas sedes são comuns os quadros retratando os nossos heróis e figuras patrióticas. O gaúcho tem duas pátrias: a Pátria Grande, que é o Brasil e Pátria Pequena, ou Chica, que é o Rio Grande do Sul.
. Aspecto filosófico – O aspecto filosófico do Tradicionalismo é dado pelos quatro documento básicos que norteiam obrigatoriamente (aprovado em três congressos e uma convenção) todos os centros de tradições gaúchas. O primeiro é a tese “O sentido e o valor do Tradicionalismo Gaúcho”, de Barbosa Lessa, aprovada no I Congresso Tradicionalista do RGS, em Santa Maria, julho de 1954. O segundo é a tese “A função acultuadora dos centros de tradições gaúchas”, de Carlos Galvão Krebs, aprovada no II Congresso Tradicionalista do RGS, julho de 1955. O terceiro é a Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista do RGS, de Glaucus Saraiva, aprovada no VIII Congresso Tradicionalista do RGS, em Taquara, julho de 1961 e o quarto é a tese “A função social do MTG”, redigida por Antônio Augusto Fagundes sob orientação de Onésimo Carneiro Duarte, aprovada pela Convenção Tradicionalista de Lagoa Vermelha, em julho de 1984. Esses quatro documentos fundamentais ditam a filosofia do Tradicionalismo, dando-lhe unidade e tornando-o um movimento. Se não, haveria entidades tradicionalistas com orientação própria, sem um sentido comum, como sucede em outros países.
. Aspecto ético – Esse é o aspecto da filosofia não escrita do tradicionalismo, que diz sobre o permitido e o proibido dentro das entidades tradicionalistas, mas informalmente. Porque não se realizam bailes de carnaval dentro de um CTG? Porque o Papai Noel não entra em CTG? Porque não existe homossexual no tradicionalismo? Porque não existe droga? Perguntas frequentes mas, nada disso é proibido pelos estatutos e regimentos internos e, no entanto, a ética do tradicionalismo disciplina esses assuntos sem o uso das sanções, apenas por sua força intrínseca, forte como tudo o que a gente leva naturalmente dentro de si.
. Aspecto associativo – Toda a entidade tradicionalista reveste obrigatoriamente o caráter de associação civil, organizada e registrada de acordo com a lei brasileira. O tradicionalismo é obrigatoriamente coletivo. Individual, quando muito, a tradição.
. Aspecto recreativo – Além de tudo o que oferece, o tradicionalismo precisa oferecer aos associados também recreação. Lá está a roda de mate, o churrasco, o arroz-de-carreteiro, o cigarro palheiro e o fandango, que é o momento de recreação por excelência do tradicionalismo.
E, entre os aspectos específicos, ou culturais, do tradicionalismo, estão as ciências e as artes.As ciências são todas aquelas que, com seus conhecimentos, podem auxiliar o movimento no que se propõe. A história diz do passado glorioso, homens e momentos que construíram o Rio Grande do Sul. A geografia localiza pagos e querências, rios, lagoas, cerros, onde às vezes as lendas também estão presentes. A linguística estuda o falar gauchesco. A zoologia, bichos como o cavalo e o boi, fundamentais na história do gaúcho. A botânica, estuda árvores e plantas. Sem essa ciência, como saberíamos sobre a erva-mate? E, além dessas, muitas outras ciências.
Para o poeta gaúcho a poesia é um fruir de amor por seus pagos, o qual pede para ser compartilhado. Desta forma, contam sua história na forma verbal, escrita e musical, o que resulta em conservar viva a memória de uma cultura.
Pampas
Uma noite estrelada ilumina os pagos
Entrego-me às lembranças saudosas
De um passado que ficou na memória
De um velho com chapéu de barbicacho
Que ao pé da fogueira contava causos
Histórias de guerras de nosso Rio Grande
Olho o firmamento e a lua cheia distante
Vejo o velho sentado sorvendo o amargo
Entretendo com lendas, os Anjos crianças
Mais um bravo que deu adeus à querência
E com o Patrão Celestial faz uma oração
À Maria, prenda mais linda do firmamento.
Gaúcho
O Gaúcho para ser feliz
Não precisa montar na “grana”
Basta olhar o céu estrelado
E ver a formosa lua de prata
Abraçar sua terra amada
Saber que quando a noite chega
E volta ao ninho que é o rancho
Espera-lhe uma bela prenda
Que contagiada pela saudade
Atira-se logo em seus braços
E, enquanto a lenha arde
Crepitando no fogo do chão
Em uma cama de campanha
Sob a luz do candeeiro
Sente o carinho sensual da prenda
Banhada em água de cheiro
E esquece seus medos e mágoas
Pois se a lida do dia é o gado
A lida da noite é “amor e paixão”.
Erva mate
Vem de um passado distante
O uso da erva mate
Pois os índios Guaranis
Usavam para beberagem
Colocavam no porongo
Sorvendo em canudo de cana
Diz à lenda que Tupã
Para proteger os seus filhos
Semeou-a nas terras do Sul
Abençoando seu povo
Para curar as feridas da Alma
E todos os males do corpo
Esta herança atravessou
O tempo e as gerações
E hoje, o gaúcho, após a lida
Sorve seu amargo mate
Olhando o distante horizonte
Beijando os lábios da bomba.
Tradição
Nosso Povo é diferente
Pois prima pela Tradição
Amamos a Deus primeiro
E depois o nosso pampa
E para defender o solo
Pagamos o preço com sangue
O gaúcho que se preza
Já nasce montando a cavalo
E antes de trocar os dentes
Já é guapo em tiros de laço.
A gaúcha já nasce formosa
Quando moça tem nome de prenda
Para mostrar o valor da mulher
Pois “prenda” é uma joia rara.
Rio Grande do Sul em festa, bandeiras tremulando pelos pampas e o Povo Gaúcho hospitaleiro abre suas porteiras para receber visitantes. As festividades da Semana Farroupilha trazem alegria contagiante ao seu povo, os Gaúchos, mais soltos e audazes, nossas prendas mais belas e faceiras, orando a Deus Nosso Senhor, nosso Patrão Velho que abençoe sempre nossa querência com a fé, honra e orgulho, para que seu Povo altaneiro possa gritar aos quatro cantos da terra:
SOMOS GAÚCHOS TCHÊ, E VIVA O RIO GRANDE DO SUL.
A História registra que, na década de 40, devido a invasão do modismo no Rio Grande do Sul, vindo de outros países, principalmente dos Estados Unidos, grupos de tradicionalistas gaúchos conservadores levantaram suas vozes em favor da conservação da cultura, costumes e tradições do povo gaúcho. Nesse período foi criada a ronda gaúcha, que passou a ser conhecida como ronda crioula. A ronda crioula acontecia entre os dias 7 e 20 de setembro para festejar a Independência do Brasil e a Revolução Farroupilha. Neste período os gaúchos tradicionalistas se reuniam para escrever e conversar sobre a Revolução Farroupilha, contar histórias de combates e coragem dos gaúchos nessa época, declamar poesias e realizar fandango. Em 1947, pequenos grupos de jovens também se levantaram contra este modismo que estava tentando destruir as tradições e a cultura do povo gaúcho. Estudantes do colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre, periodicamente se reuniam para falar sobre o tradicionalismo gaúcho. À meia-noite do dia 7 de setembro de 1947 nasce a chama crioula, iniciativa deste grupo de estudantes para homenagear os soldados mortos na Revolução Farroupilha e na Segunda Guerra Mundial. A chama crioula que acabava de nascer significava a liberdade e a confraternização entre os povos do mundo.
No ano seguinte este mesmo grupo de estudantes fundou o "Movimento Tradicionalista Gaúcho" com o objetivo de proteger a cultura, costumes e tradições dos gaúchos. Com o surgimento deste movimento em Porto Alegre, o tradicionalismo do interior do estado começou a fortificar-se.
No dia 11 de dezembro de 1964, através da Lei 4.850, a Assembléia Estadual oficializou a ronda gaúcha, com o nome de Semana Farroupilha. O período de comemoração passou a ser de uma semana, do dia 14 a 20 de setembro. Em 1996, através de lei federal, o dia 20 de setembro foi oficializado o dia do gaúcho ou dia da liberdade, no qual são homenageados os heróis da Revolução Farroupilha. Nesta semana é intensa a programação dos CTG's no Brasil e em outros países. No dia 14 de Setembro a chama crioula chega, na maioria, dos 2500 CTG's espalhados por todo o Brasil. A chama vai ao Parque da Harmonia, no centro de Porto Alegre, onde ficam acampadas, centenas de CTG's, durante a Semana Farroupilha. A chama crioula vai também ao Palácio Piratini, sede do governo do estado. O próprio governador acende o candeeiro com a chama crioula, a qual ficará guarnecida por soldados da Brigada Militar até o dia 20 de Setembro. Durante a Semana Farroupilha são realizados estudos, palestras, atividades campeiras, culturais e também grandes bailes gauchescos.
No dia 20 de Setembro acontece o encerramento das festividades com desfiles, nos quais participam prendas e peões montados a cavalo.
No último minuto do dia 20 de setembro é apagada a chama crioula em alguns CTG's. No Rio Grande do Sul e em outros estados do Brasil, a chama permanecerá acesa por todo o ano, até chegar à próxima Semana Farroupilha, quando será novamente distribuída para os CTG's.
Prenda
A prenda do Rio Grande
A tradição respeita
É uma mulher faceira
Nas festas de meu Pampa
Os vestidos são coloridos
Feitos com panos de chita
Com passa fitas e rendas
Cobrindo o tornozelo
Também usam bombachas
Que belas pernas escondem
E usam colar sem decote
Para encobrir os seios
Usa meia de cor branca
Com sapatilha preta
Cabelos soltos ao vento
Com flores enfeitando
Às vezes, bem penteados
E com fitas trançados
A prenda já nasceu bela
Não usa subterfúgios
Pois a suave brisa do Sul
Dá um colorido a pele
Também pinta de carmim
Seus doces lábios carnudos
Que esperam com ansiedade
Os beijos de seu gaúcho.
“A História conta as Lendas e as Lendas fazem Estórias”.
As lendas registram episódios heroicos ou sentimental, transmitidas através de gerações no uso da palavra oral, a qual, de acordo com a entonação, trazia o encantamento ou, o medo entre os ouvintes, atualmente, muitas são contadas em versos e prosas. Na maioria das vezes, o objeto da lenda quase sempre recebe características sobrenaturais, misturando fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos da imaginação conservando, as quatro características do conto popular: ambiguidade, persistência, oralidade e anonimato.
Nosso Rio Grande do Sul possui inúmeras lendas as quais, deixarei aqui registradas, para que nossa cultura seja conhecida através das fronteiras dos Pampas.
Recebe homenagens dia 31 de outubro. Saci-Pererê é uma lenda do folclore brasileiro e originou-se entre as tribos indígenas do sul do Brasil. O saci possui apenas uma perna, usa um gorro vermelho e sempre está com um cachimbo na boca.
A principal característica do saci é a travessura, ele é muito brincalhão, diverte-se com os animais e com as pessoas. Por ser muito moleque ele acaba causando transtornos, como: fazer o feijão queimar, esconder objetos, jogar os dedais das costureiras em buracos e etc.
Segundo a lenda, o Saci está nos redemoinhos de vento e pode ser capturado jogando uma peneira sobre os redemoinhos.
Após a captura, deve-se retirar o capuz da criatura para garantir sua obediência e prendê-lo em uma garrafa.
Diz também a lenda que os Sacis nascem em brotos de bambus, onde vivem sete anos e, após esse tempo, vivem mais setenta e sete para atentar a vida dos humanos e animais, depois morrem e viram um cogumelo venenoso ou uma orelha de pau. http://brasilescola.uol.com.br/folclore/saci-perere.htm