Poesias
A poesia tem um caráter imaterial e transcendental, pois é a linguagem humana para fins estéticos. Além da literatura, a poesia pode ser expressa através de outras manifestações artísticas como a pintura, escultura e música.
Aprendi que as rugas do tempo
É o mestre na arte de amar
Extrai a essência de cada estação
Por onde a vida passa
Sorve o néctar dos botões primaveris
Qual libélula graciosa que
Voa pela brisa vespertina
E, exausta desmaia inconsciente
Nas névoas da efêmera ilusão
Entre os raios de sol que inebriam
O fausto fogo interior que habita
A energia inquieta e exigente
A chama do desejo transcendental
Nas cálidas chuvas de outono
Que como seiva umedece a terra
O amor renasce com sensibilidade
Já não se chora de dor ou saudade
É ousada a busca, a permissão de doar
Este intenso nevoeiro que nos cobre gélido
Congela a Alma e se não for lépida
A vertente do amor se esvai.
Amor,
Enigma a desvendar
O encontro de duas Almas
Que percorrem o espaço sutil
Sem fronteiras e barreiras
Em busca de algo mais
Amor,
Opostos que se atraem
Diferenças que se distanciam
Preenchendo as lacunas da vida
Mistura de realidade e utopia
Conquistar a felicidade dia a dia.
Amor,
A busca das realizações
A soma de sensações
A fonte de emoções
Que nutre a vida e o tempo
E nos torna meros mortais.
O sol despe-se e se esconde no horizonte
Em um ritual mágico de intensa beleza
Permite que a noite que se anuncia
Cubra a terra alterando as cores da natureza
Em um degrade na seqüência do arco-íris
Momento em que sonho e realidade se mesclam
De mãos dadas, verso e prosa, fazem uma canção
A passarada busca abrigo em seus ninhos
Os seres buscam abrigo em seus lares
E a Alma imortal sua essência renova.
Nesta hora o dia se despede e diz boa noite
Rendendo homenagem ao mistério da escuridão
O firmamento recebe as estrelas ordenadas
Que formam um fino tapete iluminado
Para a Lua, dançar sua melodia de amor.
Com delicadas asas
Sobrepostas e emaranhadas
Graciosas e pequeninas
Esvoaçantes em um bailado
Ritmado e majestoso
A sós ou em cortejo
Beijam as flores do jardim
Asas ao Vento são as borboletas
Que trazem no corpo a arte
E com equilíbrio harmônico
Em perfeita sintonia
Agitam-se para frente e para trás
A cada movimento vibrante e singelo
Buscam com novo olhar
Um cravo, uma rosa, um jasmim,
Para sedutora pousar
Na mistura de cores e aromas
Em voo majestoso
Despede-se da terra
Tenta as nuvens alcançar.
Meu nome é energia,
Fogo em labaredas
Que animo e fortaleço
Em fluxo constante,
Sem parar, sem cansar
De forma ilimitada,
Sou eu quem te possuo
Preencho teu receptáculo
Teu cálice sagrado interior
Da energia cósmica da vida
Espalhando em vasos e veias
O néctar exalado dos Deuses
Sou luz, sou teu fluído vital.
Meus olhos fecham-se no ocaso do tempo
Lembrando o passado quando era presente
Quando de mãos unidas caminhávamos
A beira-mar, sentindo a forte maresia
Invadir nosso olfato e gotas de espumas
Salpicarem nossos lábios com o gosto do mar
Meus olhos fecham-se nas noites de brumas
Quando a fantasia invade meus pensamentos
Vejo tua tez morena iluminada por raios
Que se infiltram como réstia de luz na alcova
Meus olhos fecham-se quando habito o sonho
Em quimeras me faço deusa da castidade
Enquanto teus desejos acorrentam-me
Tornas-me escrava da paixão e volúpia
Mas quando acordo para realidade
Sou mendiga no infortúnio na vida.
A noite gélida se faz presente
Entre brumas, o piar de coruja
Rompe o silêncio da natureza
Entre a meia luz e sussurros
Dois corpos em terno abraço
Um olhar iluminado e travesso
Um convite explícito para o prazer
A atração magnética dos desejos
Sentidos aguçados sem discordâncias
Mergulhar, no encantamento da paixão
Viajar, nas coordenadas da anatomia
Navegar, na sinuosidade da pele
Mãos ávidas que se movem sensuais
O luar testemunha doces beijos
Na suavidade e loucura da volúpia.
Imperceptível por sua pressa
Sem relógio para marcar horas
Sem ponteiros para contar os minutos
Não é um vai e vem, é apenas o destino
Entre o nascer e o extinguir da vida
Uma roda gigante e seu mecanismo
Quando sobe é a incógnita do futuro
Ao descer, rápida, sinaliza o passado
Enquanto o presente é feito de vertigens
Entre melodias e aromas que embriagam
Entrelaçada com sonhos irrealizaveis
Em busca do oceano de paz que cura
Além de uma linha imaginária
O Horizonte da Eternidade.
Meus versos em sua honra,
Mulher flor, mulher aroma
Essencial à vida como o ar
Cumpre a missão divina
Espalhar na humanidade
Sementes do verbo amar
Não há nada na natureza
Comparada com tua essência
Que seca lágrimas de tristeza
Se ergue, não conhece fraquezas
E sorri, mesmo nas incertezas
É ternura, paciência, fortaleza
Fiandeira de sonhos e esperanças
Mãe, poema, notas de melodia
Que seja sempre abençoada
Com alegrias, gratidão e paz.
Não existem regras
Para conjugar o verbo amar
Quando crianças,
Nascem em sonhos
Iniciando em um beijo roubado,
Que deixa as faces coradas
Segredos inconfiáveis,
Lembranças guardadas na saudade,
Quando jovem é conjugado com paixão
Soma de instantes, sem registros
Atormentado de incertezas angustiantes
Entre o sono e o acordar,
Na maturidade,
É conhecida sua essência
Que já não faz parte da paixão,
Um sentimento que se enraíza
Sem fronteiras, sem barreiras
Sem perguntas, sem respostas
É viver constantemente,
Intensamente e sem limites
A arte de conjugar o verbo amar.
Viçosos botões primaveris
Brotam na natureza
Mostrando a energia da vida
A beleza do germinar
Inspirando poetas, pintores,
O aflorar dos amores
Alimentado por sonhos,
Por um carinho extasiante,
Preenchendo o vazio
Da solidão com a esperança.
Vem o verão com flores
E a energia da juventude
Inebria o ar
Com o exalar de suas essências,
O amor é como o fogo
Paixão abrasiva que incendeia
Alimentando emoções
Vivenciadas por momentos,
São amores que nascem
Da carne, sem medo
Pois é a fome da caça,
Da posse, libido atuante
Vem o outono com os ventos frios
Despindo as árvores,
Folhas despencam e cobrem a terra
Sentimentos se tornam
Maduros nas asas da certeza
Ternos, repletos de sensualidade
Rompendo barreiras do convencional,
Do proibido e, sem ser percebido,
Logo ali se enraízam.
Anuncia-se o inverno,
Que cobre de gelo, rios e lagos
Jardins e bosques,
Toda a florada se veste de branco
Os amores,
Em nostalgia fenecem
As emoções hibernam,
São raras as flores,
São raros os amores,
Que vencem a neve.
Ela inebria a mente, as sensações
Transcende o lógico e racional
Para extrair a essência cristalina
Do reverso, onde sentimentos jorram,
Com a pena a rabiscar no pergaminho
Entrelaçados em sensibilidade e mistério
O Poeta retrata a paixão que incendeia
Ou mesmo, a intensa tempestade da dor,
Com maestria, retrata o êxtase das quimeras
O exalar do aroma do jardim das emoções
Dedilha com maestria as notas de seu interior,
Na sublime inspiração, ao agrupar as letras
Com arte, desenha e desnuda uma sutil silhueta
Poesia Pura, a vida em sua essência
Ser Feliz, eis a questão, difícil é ser
É uma sensação reservada aos sábios
Não depende da calmaria ou tempestade
Um caminho de sucessos ou fracassos,
Um sorriso franco, uma vertente de lágrimas
Ser Feliz é um clik, um despertar
Vivenciar um auto-amor e aprender a doar
Agradecer a força para transpor desafios,
Saber ousar e conquistar seus ideais
Permitir que sua criança interior
Salte, pule e grite aos quadrantes
Estar viva, para errar e se erguer
Ser feliz é aprender com humildade
Dividir sua bagagem de sabedoria
Alcançar a maturidade e crer
Que a felicidade não é uma sensação duradoura
É parte de uma soma de segundos presentes
Que se oportunizam um de cada vez,
Que não existem lugares ou terceiros,
Para proporcionar ou impulsionar esta magia
Ser Feliz é uma arte e o artista é você.
A cada dia um novo semear
Em mim, os sentimentos nobres,
Para que as flores do jardim
De minha Alma não feneçam
Sem esmaecer suas nuances
Sem se exaurir seus aromas
A cada dia um novo semear
Busca da paz com o autoperdão
Da harmonia, perdoando o ódio,
Deslealdade, inveja e desamor,
Hostilidade, intriga e vaidade,
É doutrina entre partidas e chegadas
A cada dia um novo semear
Amar a Deus sobre todas as coisas
A natureza e habitantes dos reinos
Aos semelhantes, na mesma sintonia,
Sem conhecer a posse do amor pessoal
Que não dignifica os laços afetivos
A cada dia um novo semear
Nos sonhos idealizando as metas
No polimento da sensibilidade
Na criatividade e inspiração
Germinar versos e poesia
Permitir o aflorar da Alma
A cada dia um novo semear
Amei os cascalhos que pisei
Os espinhos que machucaram
Palavras proferidas que feriram
E aqui, entre derrotas e vitórias,
Na colheita, colho bênçãos de Deus.
Habita emoções entre os crepúsculos
Apodera-se das sensações que oscilam
De meus sentimentos já seduzidos
Do desejo que me arrepia e me abate
Um corpo suado em sonhos agitados
Um corpo acordado em eterna letargia
A mente obcecada por tua voz melodiosa
Que aturde e se evidencia nas lembranças
Enfeitiçada, caminho por veredas distantes
Sinto tuas quentes mãos me acariciando
Teus lábios lascivos arrebatando beijos
Dois corpos, duas Almas, nas asas do tempo.
Navio iluminado, show musical,
Orquestra tocando Bolero de Ravel
Risos, gargalhadas que ecoam,
Entre as vagas e a areia da praia
Tilintar de taças, brindes às sensações,
Castiçais com velas a meia luz no convéns
As percepções dos cinco sentidos brotam
Envolvendo corpos sequiosos de ilusões,
Abrem-se de forma triunfal os porões
Rasgam-se os véus que cobrem as sombras
Do mar tempestuoso do delírio da paixão,
Olhares lascivos convidativos inebriados
Um sorriso sensual, úmido e marcante,
Evidenciando os desejos dos corpos
Que inspiram volúpia incandescente,
E respiram fogo em labaredas de quimeras
Um espetáculo degradante se configura,
Cada ator cobre a face com uma máscara
Como se fosse possível encobrir o impudor,
A razão naufraga no mar da insanidade
O instinto mergulha nos Porões das Ilusões.
Este poema é em tua homenagem
Meu Poeta e minha Poetiza
Para ressaltar tua importância
No Universo da Poesia
Tu, um ser sensível que fala
Sobre tuas dores e as dores alheias
Com a mesma perfeição e maestria
Usas a pena dos sonhos
A tinta do arco-íris
E pincelas na tela da vida
Doces e inspiradas notas de amor
Tu, que és fiandeiro dos sentimentos
De poemas fictícios e reais
De poemas que não são poemas
São essências guardadas
Na tua Alma pura e cristalina
Que fala do vento, fala do tempo
Ensina a conjugar o verbo amar
Tu que não registra as horas
Que perfazem dias e a noites
Pois para Poeta o tempo urge na vida
Usar da inspiração com sensibilidade
E, mais um Poema no Livro da Poesia
Registrar, pois sabe que se eternizará.
Voam nas asas da imaginação
Cobertas por véus de mistérios
Residentes na cidade dos sonhos
Onde o Eu reina só,
Possuem energia própria
Não é escrava do acaso
É compartilhada com almas
Chamadas de solidão,
Torna-se musa da inspiração
Com todos os sincronismos
Como tela colorida
Da magia e sedução,
Descortina o caminho da esperança
É expressa entre versos e prosas
No horizonte da poesia
Pois a cada letra, a cada linha,
Toma forma e, mesmo sutil,
A ilusão é inteira e só minha.
Serpente sinuosa
Enrosca e sufoca
Som de guiso a chocalhar
Encanta, enfeitiça
Raciocínio conturbado
Meandros da sedução
A carne não se sacia
A sede não mitiga
Sentidos se tornam escravos
Uma febre delirante
É desafio e tentação
Um aroma fascinante
Arte que acresce fantasias
Sintonia e cumplicidade plena
É adentrar à outra dimensão
Onde habita a essência interior
Despertar as feras incontidas
Lobos insaciáveis a Alma a devorar.
Um projeto
Nós a sós
Em meio a sóis
Renegando na vida
O dó, ré, mi
Uma vírgula na sentença
Que faz ou desfaz
O sentido da essência
O mergulho, a dança
A dor na ponta da lança
Um risco, a faísca
Incendeia a utopia
O sopro do beijo
O silêncio do sonho
Uma sinfonia esquecida.
Vestida de verde após seu desnude
A terra é vorazmente possuída
Pela energia contida no éter do fogo
Que germina, floresce e traz a vida,
Brotam dos botões primaveris aromas
No ritual do renascer incessante
Em um festival de pétalas e cores
E o vento forte é transformado em brisa,
Os aromas inebriam o ar e emoções
É um encontro para celebrar a vida
Da natureza, seus elementos, seus habitantes
Dos seus ventos nos quadrantes,
Borboletas multicoloridas esvoaçam
Os pássaros pousados nos altos galhos
Gorjeiam em uma dança altiva de asas
Agradecendo ao Deus criador esta dádiva,
Os Elementais que permeiam a estação
Dividem-se entre os Elfos e belas Fadas
Espargindo a esperança e alegria
Trazendo o renascer a cada amanhecer.
Que entre de mansinho
Faça-te um carinho
E te chame de amor,
Uma carícia na face
Um beijo tímido
Quente, úmido e sensual
Que eu me aninhe em teus braços
Sinta teu calor inebriando-me
Com teu perfume exalado
Que eu sussurre
Que é meu devaneio
O brilho de teu olhar
Que saiba o que é vida
Que conheça o verso
E o reverso de teu infinito
Que percorra teu corpo
Com leves toques audazes
Beijos de volúpia e paixão.
Que possa amar-te sem perda de tempo
Com o brilho da lua
Até o novo amanhecer
Que seja sem reticências
Que eu me entregue como fêmea
Pois será a primeira vez
Que veja os raios do sol
Liberando a energia incontida
Reacender desejos e fantasias
E, após o prazer,
Ver nossos olhos iluminados
Contendo o encanto,
Do éden paradisíaco,
Deste imenso amor.
Permitam,
Que o poeta cante
Em versos e prosas
Que possam expressar
A essência em palavras
De sua sensibilidade
Permitam,
Que o Poeta exponha
Suas emoções e sentimentos
Conduzindo sua liberdade
Pelas veredas da ilusão
Por sensações de quimeras.
Permitam,
Que em cada Poema
Possa mostrar a verdade
Que é sua identidade
Mas de forma cristalina
Oferta à Humanidade
Permitam,
Que cada versejar de amor
Seja uma semente de paz
Espalhado no Universo
Que destituídos de valores
Registram apenas sangue a jorrar
Permitam,
Que o Sol ilumine a todos
Desde o intelectual
Ao simples obreiro
Que com a sua fé
Falam dos dons Divinos
Permitam,
Que os artesões das letras
Dedilhem a Lira de Orfeu
E registrem uma verdade
Todos somos filhos de Deus.
Aquela que cuida,
Bruxa que com sabedoria absorve da natureza
A energia intrínseca dos elementos e elementais
Professa rituais nos quadrantes para as estações
Equinócio de primavera para celebrar o renascer
Solstício de verão para homenagear a fertilidade
Equinócio de outono para pedir bênçãos à colheita
Solstício de inverno para saudar o início das metas
Aquela que cuida,
Faz homenagens sagradas às três fases visíveis da lua
Na crescente, deusa Donzela e o conhecimento
Na cheia, deusa Mãe o poder e carinho materno
Na minguante, deusa Anciã a sabedoria e renovação
Adentra portais, entre os mundos visível e oculto
Na noite densa em segredo, nas clareiras das florestas
Pratica rituais com idioma e símbolos indecifráveis
Aquela que cuida,
Usa caldeirão, óleos, ervas, poções mágicas
Transmuta o indelével em outra dimensão
E mergulha no conhecimento dos ancestrais
Traz alivio às dores das doenças do corpo
Para a Alma esparge, bálsamos de energias
Alquimista e maga descontrói o estagnado
Recicla e revitaliza fragmentos de sentimentos
Aquela que cuida,
Por séculos, desde os primórdios da humanidade
Fugia da temida inquisição e sentença da fogueira
E hoje, ainda perseguida é relegada às sombras
Pois a fogueira é substituída por preconceitos
Por inúmeras religiões e sociedades incultas
Que desconhecem que bruxas e magas na essência,
São mulheres místicas e valentes guerreiras.
Invade a vida sem aviso
Anunciando o fim dos ciclos
Morte, conseqüência da vida,
Sem conchavos e preferências
Cor, credo, idade ou sexo,
Camada social ou cultural
Adeus entre corpos e almas
Corpo em uma lápide fria
Sepulcro escuro, o odor é fétido,
Flores, orações, lágrimas e lamentos,
Anjo da Morte recepcionando
Cobrindo com o manto fúnebre
Entre sombras e audazes demônios
Hediondos, na sepultura a vagar
Alma, inconsciente, busca o norte,
Da aceitação e entendimento
O romper a barreira da atmosfera
A ascensão, busca da vereda de luz,
O Anjo da Vida, sorrindo lhe convida,
Em murmúrio suave para renascer,
No berço da homogeneidade e da paz,
Um tempo sem tempo em aprendizado
Uma estrela no firmamento junto ao Pai
Na metade do tempo aqui estou ajustando
Grafias desenhadas chamadas de alfabeto
Agrupando sílabas, escrevendo, registrando
Nos acordes das emoções apenas poetando
Às vezes, com sobressaltos de lembranças
Com o olhar distante sem ler o que escrevo
Na árida caminhada sem pausa para saltar
Dos terraços devastados dos sentimentos
Da pena que se rebela e escreve no deserto
Onde letras ondulam em minha mente
Como sombras veladas nas quimeras
Que o tempo carrega nas asas do vento
Um alfabeto a me atrair, folhas a esperar
Que letras e inspirações se entrelacem
Rotas ou delineadas com a tinta que jorra
Da fonte sensível que habita a Alma.
Minha face sulcada por marcas do tempo
Lembra com o nostálgico passado
Quando me orgulhava dos 30 anos
Vivendo de forma plena e espontânea
O olhar que atraia de forma sedutora
A voz era doce e melodiosa como canção
Os gestos irreverentes graciosos e cativantes
E os lábios sempre sorrindo pintados de carmim
O corpo esbelto coberto com vestes provocantes
Os cabelos em liberdade esvoaçavam ao vento
Hoje, a casca perdeu o brilho com o tempo
Com a maturidade dos sentimentos se fixando
A essência evoluiu com os aprendizados dos ciclos
Na peneirada entre o joio e o trigo
Restaram as sementes sadias
Plantadas, regadas, com profícua colheita.
Fugaz, sem medida, sem registro na mente
Uma partícula do algoz e conhecido tempo
Compositor e maestro das sinfonias das vidas
Permanência atemporal, mas com paradigmas
Se sua soma é um passar interminável de horas
Sua ausência é a certeza da nefasta morte
É o vento que traz lufadas de seus quadrantes
É a brisa que acaricia as pétalas das flores
E a chuva grossa ou miúda que possui a terra
É o Sol no amanhecer que se espreguiça
É a sombra no crepúsculo que arrefece o quente
É um bando de gaivotas que sobrevoa as águas
É o corpo perene em seu embotar afetivo
É a mente que se turva em seu discernimento
É a Alma em busca da ascensão e iluminação
É a prece que o Espírito nobre glorifica
É energia, inefável, apenas um instante.
A Vida é uma tela
Você é o artista
Seu pincel é a sensação
As cores de sua palheta
São os anseios do coração
Pincele de verde, traga a esperança
Pincele de vermelho, traga a paixão
Pincele de rosa, traga o amor
Pincele de azul, traga as emoções
Pincele de lilás, traga a transmutação
Que ela não seja preta, mistura de todas as cores
Ou branca, que indica a ausência de energia e cor
Libere os desejos da Alma para que sua vida
Seja um arco-íris a iluminar seus caminhos
Em busca da felicidade e o amor.
Escolhas de rotas
Acúmulo de derrotas
Melodias sem notas
Soluços sufocados
Lágrimas furtivas
Rotos sentimentos
Vogais e consoantes
Palavras mal traçadas
Páginas amareladas
Registros de chegada
O aceno da despedida
Cortejo de inúteis dias
Anoitecer assombrado
Pesadelos renovados
Insônia, inimiga do sono
Rapsódias invadindo sonhos.
O tempo passa lépido ou vagaroso,
Constantes ciclos de nascer e fenecer
Não pode ser esquecido, pois não perdoa
Ele doa, extrai, arrasta, esmaga, destrói
É impaciente, algoz, cruel e sorrateiro
Observa-se sua imponência e destreza
Quando se oculta entre auroras e anoitecer
É um enigma indecifrável sua durabilidade
Não espera e se importa com o instante
Pois o homem é quem decide no presente
Seu Tempo de Viver
Juventude é um estado de espírito,
É audácia, ousadia, busca incessante
De rotas para realizar sonhos e fantasias
É liberar imaginação, a arte da criatividade
Mergulhar no mar de sensações e emoções
Vivenciar intensamente o ciclo presente
Velhice é um estado de espírito,
Quando o horizonte é despojado de cores
Você se perde no escuro e vive na sombra
De seus medos, inseguranças e desespero
Olha o espelho e não vê o viço da face
Apenas rugas que mostram o célere tempo
É acomodar-se a rotina, desistir dos sonhos
Entregar-se aos seus ferrenhos inimigos
Lembranças marcantes de um passado
Às cruéis e dilacerantes doenças da Alma
Até o despertar para novo renascer
E crer que a velhice pode ser jovem.
Todo sambista é poeta
Fala em suas composições
De suas alegrias e dores
Com perfeição nos acordes
Norteado por sua inspiração
Todo o sambista é poeta
Fala da preocupação de seu povo
Faz críticas e sorrindo alerta
Sobre os fatos que maculam
Sua Pátria, seu amado Brasil
Todo o sambista é poeta
Exterioriza na letra sua fé
Respeita a natureza divina
Homenageia com carinho
Suas mulheres, negra e branca
Todo o sambista é poeta
Mas tem poeta que não é sambista
Um usa a pena e o pergaminho
O outro dedilha com maestria
Mas, os dois rendem homenagens
A vida, a música e a poesia.
Imponente cobre a face da dama
Esconde a pele quem sabe esfacelada
Deixa a vista cabelos negros enfeitados
Ornamentados com intensa extravagância
Longo vestido que oculta suas formas
Quando dança coquete ao som das notas
Extraídas das cordas de violinos que gemem
Entre chamas de velas e olhares lascivos
E acompanham o compasso da melodia
Máscara que encobre o profundo vazio
De olhos negros que perderam o encanto
Que atraem ao imensurável abismo
Sorver do cálice negro o absinto
Para enlaçar o gélido e rígido corpo
Em um abraço que inspira energia
Na insanidade da mente que aspira
Exótico aroma da morte em vida.
São amores do tempo presente
Regados a samba, suor e cerveja
De ilusão como chuva passageira
Pierrôs e Colombinas desfilando
Nos salões enfeitados e coloridos,
Confetes e serpentinas jogados.
Amar em plena folia é uma arte
Com brilho de paetês e purpurinas
Corpos alucinados bamboleando
Provocantes na emoção da paixão
Em compasso nos sentimentos
Na melodia do desejo, saciando.
Amores de carnaval cuja duração
Inicia com Rei Momo e termina
Em uma quarta-feira de cinzas
Ou, àqueles que retiram máscaras,
Eternizam em carnavais no futuro
Um verdadeiro amor carnavalesco.
Ilha,
Inexplorada e sedutora
Por sua misteriosa geografia
Vento,
Oscilante dos quadrantes
Aquilon, Favonius, Vulturnus e Auster
Corpo,
Prevalece a beleza da anatomia
Objeto de desejo e conquista
Alquimia,
Mestria na consciência
Discreta, ícone da luxúria
Alma,
Receptáculo das quimeras
Sentinela de sua real essência
Musa,
Inspiração desde a antiguidade
Dos poetas, penas e pergaminho.
Noite fria em negritude
Ela, oculta entre as brumas
Esguia, exalando perfume
Na floração de sua beleza.
Espera que o orvalho a banhe
Limpe suas aveludadas pétalas
Que adormecidas recolhem-se
Aos sons da noite em silêncio.
Em sua nudez espera o amanhecer
Para do Sol, receber um cálido beijo
E possuir seus raios em suas pétalas
Orquídea selvagem, orquídea negra.
Quem? Eu, tu, a humanidade?
Mascarando as diversas emoções
Escondendo a cristalina face
A cada oscilação, coberta por máscara
Para esconder inúmeras frustrações
Pois os sentimentos produzem o fato
A mente prepara a autodefesa
A Alma é o cenário do destino
O Tempo é o maestro da incerteza
A vida é o camarim das máscaras
Máscaras de sorrisos, sempre alegres,
Da tristeza cruel, vítima das lágrimas,
Irônicas que gargalham com cinismo,
As hediondas que projetam tragédias
Mas, sem elas não há sobrevivência
São hábitos cotidianos os disfarces
Dos desafios e duelos na existência
Assim se faz o percurso dos ciclos
Sob aplausos dos tantos que iludimos
Em emaranhados de fantasia e hipocrisia
Mascarados iludem a todos, menos a si
Sem aviso elas se tornam fragmentos,
Rompem as barreiras da insanidade
Pois o EU é sutil energia de identidade
Não se mascara, assim como a consciência
Um Universo misterioso e desconhecido
Em eterna evolução entre o morrer e nascer
Sem depender da Ciência e da mão humana
O Sistema Solar se mantém inexplorável
Composto por planetas, asteróides, luas e anéis
O Sol, Astro Rei irradia energia, luz e calor
Mantendo em sua órbita corpos celestes
Girando em perfeita sintonia ao seu redor
Mais próximo ao Sol temos Mercúrio
O filho de Júpiter, mensageiro de Hermes
Que faz uma revolução rápida em torno do Rei
Resplandece Vênus, estrela vespertina
A Deusa Romana responsável pela beleza
Das percepções, sensações, emoções e o amor
A terra nosso habitat, origem e estabilidade
Onde a vida é semeada, germina e floresce
Na Natureza com seus reinos e Elementais
Marte traz um tom avermelhado e ventos
A divindade Ares, guerreiro tenaz e valente
Temido e como a estrela da morte conhecido
Observamos Saturno e seus lindos anéis
Com Cronos, divindade da força e justiça
Conhecido como filho do Céu e da Terra
Eis Urano, personificado como o Céu
Filho da Noite, irmão de Gaia, Pai dos Titãs
Netuno, Rei dos Mares e águas correntes
Das fontes que jorram a energia da vida
Posêidon, consagrado Deus supremo do mar
Lua, apenas um satélite natural da terra
Explorada, invadida pela cobiça dos homens
Que de si desconhecem a própria essência.
Maestro Vento rege a sinfonia
Com o zangarreia das cigarras
E a estridula dos grilos cantantes
O firmamento bordado de estrelas
A Lua, rainha da Noite, vestida de gala
As flores postadas no caramanchão
Aguardando a abertura da festa
Que simboliza a despedida do Verão
Algumas se escondem do tempo
Usam máscaras e fantasias e afirmam
Pertencerem à futura estação
Pois sabem que no final da festa
As Fadas, mensageiras das Flores
Recolherão dos jardins as espécies
Para guardar no seu mundo encantado
Onde em sementes se transformarão
Em seus momentos mágicos,
Lírios, orquídeas, antúrios e cravos
Fazem um balé de intensa sedução
Os girassóis e amor-perfeito
Ousam fazer promessas de amor
Às tulipas e brinco-de-princesa
Desejando selar os sentimentos
Para perdurarem por todas as estações
Colibris e borboletas pousam
Suavemente, em cada corola de flor
Com carinho, depositam o último beijo
Sinfonia silencia entre ais e suspiros
Flores recolhem suas frágeis pétalas
Estrelas apagam-se por instantes
Lágrimas da Deusa lua orvalham
Folhas que deixam nus os galhos.
Quero me aproximar de você
Em um tempo de silêncio
Entre as brumas que cobrem o mundo
Envolvida pelo fogo que aquece e queima,
Por entre as águas mansas dos lagos
Como a brisa suave dos quatro ventos,
Estendendo uma cama macia de flores
Onde te amarei como criança
Como mulher sedenta de desejos,
Que eu seja tua inspiração,
Um rastro de busca a ser revelado
Um presente para não ser esquecido
Um passado para ser lembrado
Um futuro de sentimentos e ilusão,
Mas que fique no sussurro das almas
Que jorram doces palavras
Sem registro no livro da vida,
Mas gravadas em cada emoção.
Véus transparentes, esvoaçantes e multicoloridos
Acariciam as matizes do infinito ao nascer do sol
No prenuncio da aurora que desliza sobre a terra
Na primavera que na vida flui e se eterniza
Fina estampa de gerânios simples ou dobrados
De madressilvas com cheiro doce de silvados
Com o néctar das rosas que de amor falam
E um jardim de azaleias que o poeta inspira
Fina estampa das qualidades e cores da Alma
Onde renasce, brota e germina o sentido da vida
Emoções são entalhadas entre a seda e organdis
Fina estampa do amor em vicissitude florescendo
Desenhado em alternados ramos de sentimentos
Acariciando terra ao atravessar o tempo.
Outono desnuda os frágeis galhos
Transformando a beleza colorida
Em tons e matizes envelhecidos
Mas é o melhor tempo para amar
O sentimento é maduro, consciente
Traz quietude, sabedoria e leveza,
Transborda o coração de esperanças
Realiza desejos e sonhos confinados
Simboliza a verdadeira recíproca
Que de mansinho, conquista e se fixa,
Alguns permanecem por toda vida,
Outros, em transitórias sensações,
Unem corpos em acalanto e aconchego
São apenas amantes que, em alcovas
Inebriam-se, com as emoções outonais
Entre os crepúsculos do tempo.
Brisas mornas brincam com as folhas
Que caem ressequidas das árvores
E flutuam entre as veredas da vida
Carregadas pelo vento em suas asas
Em um balé mágico e estonteante
Prenúncio de maturidade, fim de ciclo
As folhas enrugadas, úmidas do orvalho
Meditam em silêncio com sabedoria
Pois são apenas passageiras de uma estação
Uma breve existência, vestida de verde,
Em nudez não resistem ao vento e ao tempo.
Procurei em rostos conhecidos e desconhecidos
Em senhoras das classes rica, média e pobre
Nas mães que carregam crianças sorridentes e rosadas
Um semblante em que a luz divina se manifestasse
Encontrei em inúmeras mulheres da classe miserável
Espalhadas em terras secas, improdutivas e sem água
Esquálidas, acuadas, sem morada, bandeira ou futuro
Que entregam seus murchos seios com a pele ferida
Para engambelar o choro convulso do fruto desnutrido
A mercê de homens que um dia foram pequenos filhos
Hoje, com egos inflados pelo poder são selvagens humanos
Alimentam a guerra e sádicos incentivam ao extermínio
Te homenageio, por ti oro e peço a misericórdia do Criador
Por tua humildade e resignação em cumprir um Karma sofrido.
Santo Antônio casamenteiro
Aos teus pés venho orar
A solidão me deixa triste
Um amor quero arrumar
Passam dias, passam meses
Não atendes meu pedido
Sei que sou merecedora
De achar um bom marido
Se você escuta as preces
Das desesperadas e aflitas
Peço mais um pouquinho
Dá-me um marido rico.
É o Ar que corre pelos quadrantes
Com o nome de vento sutil
Como a brisa na primavera florida e multicolorida,
Como orquestra, dançando com as folhas outonais
Indomável, intempestivo quando chega o inverno
Ou, passageiro de verão que viaja nas asas no tempo.
Ar de poesia é quando se sente um beijo cálido
Como carícia suave e melodiosa em nossas faces
Nas horas em que o sol escaldante queima nossa pele
De forma matreira, injetando sensações diferentes.
É o Ar, o mensageiro que traz e que leva as sementes
Que germinam e proliferam como frutos e flores
Ofertando o alimento para o corpo sedento e famito
Ofertando para a Alma, beleza e aromas.
O Ar é um instrumento dedilhado pelos poetas
Dando Ares de Poesia aos românticos e romances,
Que descrevem emoções e sentimentos dos amantes,
Que foram levados pelo vento e pelo tempo
Deixando nos corações, um vazio imenso,
Ou àqueles, entregues pelos ares benfazejos
Repletos de energia, alegria e felicidade
Para permanecerem na eternidade.
A melancolia reveste a natureza
Na metamorfose de mais uma estação
No céu sombrio, fantasmas desenhados
A chuva e o vento assustam pássaros
Pois os galhos são bordados com gelo
As folhas vestidas de tênues cristais
Os jardins são tesouros de diamantes
Cobertos pelo manto da alva neve
A introspecção permeia o homem
O inverno abre o baú das incertezas
É tempo de hibernar nos sentimentos
Nas lembranças, sonhos e quimeras
Entre nuvens que esfumaçam o passado
O presente entre amanhecer e ocaso
O futuro, uma incógnita longínqua
Na ininterrupta rota do tempo.
Sem pressa, a velocidade é paixão
Paixão é desejo, desejo é carne
Carne é sedução, sedução é instante
Mude a direção, não busque ilusão
Ilusão é utopia, utopia machuca
São atalhos da frustração e solidão
Veja o amor com outras perspectivas
Viva um belo e intenso romance
Com novo método, novo sabor
Novo aroma, novo prazer
Ame muito, diferente cada vez
Invista, experimente, seja criativo
Não caia na rotina, ela deprime
O mais importante é a mudança
Permita fluir energias das emoções
Ame a cada instante, hoje e amanhã.
Quando acuada a Alma grita em versos
Dilacera a pele com a pena úmida de sangue
Molhada no tinteiro das lágrimas que jorram
Quando lembranças afloram na memória
E desfilam como espectros e fantasmas
Interagem em monólogo rude e desafiante
Quando o reflexo do espelho desnuda o tempo
Mostra as cicatrizes tatuadas na pele opaca
Descortina as portas secretas dos labirintos
Quando a solidão sem convite senta à mesa,
A insônia faz companhia e se cobre de sedas
A bússola do tempo não aponta o norte.
A inspiração borda sentimentos
Delicadas filigranas entrelaçadas
Prata para veladas percepções
Ouro para preciosas sensações
Bronze para emoções em dualidade
A inspiração se transmuta em alquimia
E o poeta preenche linhas em branco
Alegorias e metáforas em poesia.
Nós a sós
Em meio a sóis
Renegando na vida
O dó, ré, mi
Uma vírgula na sentença
Que faz ou desfaz
O sentido da essência
O mergulho, a dança
A dor na ponta da lança
Um risco, a faísca
Incendeia a utopia
O sopro do beijo
O silêncio do sonho
Uma sinfonia esquecida.
Uma réstia de luz
Em sua brevidade
Infiltra-se pelas frestas
De uma porta milenar
Danificada pelo tempo
Uma grotesca forma humana
Coberta com manto decrépito
Sem cor definida como as névoas
Presa a sentença da existência
Enquanto a casca se esvai
Na paisagem externa e no avesso
Uma face mostrando cicatrizes
Um nome enodoado incompleto
Uma escultura, “A Loucura”.
Amanhã, quando o último ciclo chegar
Estiver sentada em uma cadeira de balanço,
Cercadas de flores, embalada por crianças
Quero ter a certeza que não passei em vão,
Pelo caminho a mim destinado e percorrido,
Quero ler as páginas do Livro da Vida
Ver que não possui folhas em branco
Apenas inúmeras páginas amareladas
Mostrando que o tempo passou e foi longo,
Quero ter certeza que venci os desafios
Aprendi a cultivar a desejada felicidade
Conduzi na direção do Bem meu Livre Arbítrio
Cumpri meu destino florido ou de espinhos
Sempre lúcida para o terreno arar e semear,
O amanhã na vida é chamado de futuro
Um tempo de mistérios e desígnios
Quando será o presente, mais uma vez.
Vestir a vida com tecido de seda
Bordar com filigranas de ouro e prata
Fantasiar sonhos e desejos contidos
Aspergir aromas de alegria e felicidade
Cobrir os caminhos de pétalas coloridas
Apurar a audição para acordes do universo
Exercitar uma linguagem de sabedoria
Transformar as lágrimas em estrelas
Que iluminarão as rotas das realizações
E, finalmente, agradecer à Deus este Dom.
Séculos passam, tempo passa
Entre os arrebois de amanhecer e ocasos
Que se atraem e se distanciam
Entre o passado, presente e futuro
As intemperies que decisões alteram
Passa o tempo, passam séculos
São metáforas e incógnitas crescentes
Qual clepsidra e o elemento água
Ou a ampulheta e elemento terra
Transitoriedade da existência
Tempo passa, séculos passam
Entre os aromas da Alma que se fixam
O brilho fugaz das gotículas de chuva
As mudanças de curso de nosso destino
Escritas com a pena no pergaminho divino
Secularidade, temporalidade
Incontestável, inexorável nos registros
Desde o vagido até o último suspiro
Certezas de viagens passadas e futuras
Sementes e raízes na vida, a subsistência.
Milenar, atravessou os séculos
Registros em folhas de pergaminhos
De filósofos, moribundos e poetas
Para perpetuarem-se pelo tempo
Os filósofos escrevem suas verdades
De como delineiam a essência da vida
Mesmo que sejam jogadas ao vácuo
Os moribundos escrevem a despedida
Confessam as infrações cometidas
Ou até mesmo um simples até breve
Os poetas grafam notas melódicas
Na escala da doce ou amarga vida
Das sensações e sentimentos ocultos
Inspiração real ou de quimeras
Que afloram no instante em que a fonte
De onde jorram as emoções transborda
A arte da grafia é desenhar letras
Palavras que em qualquer idioma
Simbolizam verdades ou mentiras
Após pronúncia, cristalinas ou veladas
Soltas aos ventos por continentes
Se escritas configuram a energia
Que atravessará novos séculos
Mas que jamais serão esquecidas.
Com passos cansados,
Respiração ofegante
Entre as idas e vindas
Caminha o peregrino
Sedento e famito,
Nas brumas da escuridão
Um homem sem nome,
E sem predicados
Com a garganta travada,
Grita em gestos contidos
Um débil sopro de vida,
Que na insanidade se esvai
Sem temer o vento forte,
A chuva que lhe encharca
As parcas vestimentas
Lá vai ele, o Peregrino lá vai
Esfolando os pés nos cascalhos
Em busca do abismo fatal,
Povoado de sombras
Para um encontro marcado
Com sua alma imortal.
Pranto que sulca minha face
Que perdeu o viço e a beleza
Desde que, em mensagens mudas,
Escritas no infinito
Como em um conto de fadas,
Nas veredas da vida te encontrei
Pranto silencioso que escorre
Quando meu pensamento,
Voa em tua busca
E, sem direção certa,
Perde-se no tempo
Entre idas e vindas,
Sem conseguir te achar,
Pranto que dilacera minha alma
Que busca a cumplicidade perdida
Em sonhos compartilhados
Com ansiedade no dia a dia,
De doces ilusões
Esperanças contidas
Para um novo amanhecer,
Que hoje, distantes e sem emoções,
Resta apenas o sentimento
E uma grande certeza,
De que a vida inteira
Esperei por você.
A alma desperta de seu hibernar
Alimenta-se da energia primaveril
Germina no jardim das emoções
Floresce na essência dos sentimentos
Uma Alma primaveril é eterna
Não é apenas uma estação do ano
É uma qualidade e opção íntima
A metamorfose espiritual da vida
A alma primaveril é conectada
À pureza, paz, equilíbrio, felicidade
Verdade, amor, poder e iluminação.
É dedilhar com maestria as notas musicais
Da melodia que germina e floresce em cada ser
É orquestrar a sinfonia eterna do renascer.
Quero viver além de
pensamentos e julgamentos
Oposições aos desejos da Alma
Escolhas por um sistema decrépito
Sentidos oprimidos pelo choque
Proibições desnecessárias e obsoletas
Discriminações por opções e ódio racial
Infinitas guerras pelo poder entre povos
Separação dos homens entre classes
Algozes de sentimentos negros
Incertezas que atingem a humanidade
Um bem-estar ilusório e caótico
De gerações que apenas sobrevivem
Sem ter um sentido digno na vida
Da ficção do tempo que cria o artifício
Do conceito arbitrário e imprevisível
Que não visa um bem único e comum.
Poeta é aquele que faz poesias
Em versos, formando estrofes
Obedecendo a rima e a métrica
Sou apenas, Aprendiz de Poeta
Sigo o que minha alma determina
Com maestria, poetisa minha vida
Sem temer o verbo, com alquimia
Em mistério e magia, expressa
Percepções, sensações, emoções
Ela tem origem, raiz, sentimentos
Que oscila entre um sorriso maroto,
Ou olhar penetrante, audacioso
Vertente que inunda lágrimas
Torrente de insaciáveis desejos
Sem nome, nem sobrenome,
Pois energia não se rotula
Impulsionada pela essência
Renasce através do tempo.
A terra canta,
Na melodia dos ventos
No sussurro das brisas que
Traz o farfalhar das folhas
Nas lufadas que movem
E fazem redemoinhos
Nas dunas ou beira-mar
A terra canta,
No murmúrio das águas
Que jorram da fonte
Descem aos rios e formam
Lagos, riachos e córregos
No marulhar estonteante
Do balé das vagas do mar
A terra canta,
No crepitar das labaredas
Que de forma antagônica
Aquecem ou incendeiam
Trazendo à consciência
Energia e purificação
Ímpeto ao cálice interior
A terra canta,
Reinos cantam uníssono
Sintonia e harmonia perfeita
Canta quando o ventre fecunda
Quando a semente da gestação
Brota e embala em canção,
O Homem, seu filho.
Lá se vão os ventos quentes e secos
Dias de alegrias, lazer e preguiça
Raios solares que inundam a terra
Com sua energia abrasadora
Despede-se o verão acenando
Nas asas de um céu azul distante
Aves em harmonia esvoaçam
Nas folhas que vestem os galhos
Espumas das ondas murmuram
Canções melancólicas nas vagas
As doces águas dos rios e lagos
Aquietam-se, silêncio de até breve
Um novo olhar sobre o tempo
Evidencia que a energia fenece
Ruma em viagem para outro Norte
Lá se vão os castelos de sonhos
Amores, entre marés, alta e baixa
Naufragam entre ondinas e sereias.
Quando pensei que a vida,
Dar-me-ia uma triste rasteira
Quando conformada desisti,
De realizar um grande sonho
Guardado por longos anos
Deus, que já tinha escrito
Em seu livro do destino
Presenteou-me com uma vida
Minha filha, boneca de porcelana,
No ventre se gerou e floresceu
Me fez realizada em ser mãe
Apta para cumprir a missão
Olhos azuis como o firmamento
Cabelos loiros encaracolados
Foi uma doce e meiga criança
Adolescente cônscia de deveres
Hoje, mulher, linda e madura,
Anos apressados se sucederam
Aos poucos, fui entendendo
O reverso do presente,
O âmago da real essência
Da benevolência de Deus,
Não era apenas uma filha
Um Anjo que desceu a terra
Com a missão de iluminar
Não só o caminho dos pais
Mas de seus familiares
Uma geração de amigos
Na defesa dos injustiçados
No aconselhamento dos aflitos
Na proteção aos necessitados
Esta boneca de porcelana,
É minha filha - SHAYDA.
Fecho os olhos da visão e medito,
De uma forma assustadora
Como um turbilhão,
Sem dia, sem hora pré fixada,
Escuto o silêncio de minha alma,
Que escreve em minha mente
Letras que formam palavras,
Que retratam sentimentos,
Apanho a pena e pergaminho
Transcrevo o que aflora,
Pois conheço seus mistérios,
Segredos e sua essência jovem,
Que sem limite poetisa
Sua essência interior.
Os opostos, os conflitos,
O que está preenchido
Ou adentrar no vazio
Um início envolvente
Um degradante final
Os agrestes caminhos
Ou um tapete de flores
O comum, o inusitado
Tudo que é contrastante
O silêncio que me acalma
O movimento que me atiça
O indecifrável, o impalpável
A vida nasce e se transforma
O amanhecer com sua energia,
O anoitecer com seu mistério,
O ser ou não ser, eterna busca.
Foi o ontem
É o presente
Destruição
Da ética
Da moral
Morte de ideais
Conchavos políticos
Discriminação social
Ser negro é ofensa
Ser pobre é pecado
Corrupção é legal
O poder é ditatorial
É o fim dos tempos
Da honestidade
Da transparência
Pois a mídia apregoa
Barbáries dos homens
É guerra civil
É guerra psicológica
É guerra dos Egos insanos
No futuro,
O caos será global
A paz entrou em óbito
No homem, nas Nações
Pois mata-se a cada minuto
E morre-se a cada instante.
O Outono chega com uma densa neblina
Que oculta o Sol, trazendo uma chuva fria
A monotonia se faz presente na natureza
Tudo se aquieta em contemplação pacífica
Tons verdes perderam a luminosidade
Árvores escondem sua sinuosidade
Folhas chicoteadas pelo vento despencam
Flores recolhem as delicadas pétalas
Pássaros buscam abrigo entre galhos
Homem circunspecto e angustiado medita
Olhar da face alonga-se ao horizonte perdido
Alma melancólica analisa suas sentenças
Natureza seca agradece a chuva bendita.
Folhas coloridas cobrem o bosque
Enquanto árvores envergam seus galhos
Por saborosos frutos da temporada
A vegetação é carregada de cores
Entre ouro, ferrugem e fogo
Um amanhecer cinza em névoa fria
Um crepúsculo entre nuances
Rosa, vermelho, marrom e roxo
A noite chega em tons prata
Poesia escreve metáforas poéticas.
Cada vida com seu próprio ritmo
Em compasso louco ou comedido
Aos acordes de uma sintonia livre
Decorrentes da expressão única.
Dança inebriante pelo movimento
Dos pensamentos acelerados
Das palavras sussurradas
Das ações a encorajá-la.
Sua energia dança e você sabe
Reverencia energias em ti ocultas
O último acorde da orquestra cessa
Você analisa se a dança foi produtiva
Ou se foi fuga para iludir a vida.
Novo ciclo, troca das estações e deuses
Terra se veste de âmbar e senta-se Mabon
No trono da Natureza para reger o Outono
A estação do mistério e autoconhecimento
O retorno ao nosso interior espiritual
Busca da igualdade, harmonia e equilíbrio
Um tapete de folhas secas cobre a terra
Fertilidade, frutos que alimentam a vida
Um tempo de contemplação e depuração
Em busca de nossa identidade única
Tempo de colher os frutos da semeadura
O aprendizado que resulta na sabedoria
Que sem a morte, não existe renascer.
Ela, com um sorriso fingido
Lábios tingidos de carmim
Carnudos e doces como mel
Ela, mulher misteriosa e sensual
Que na dança balança o corpo
Em convite matreiro, cativante
Que atrai, promete e engana
Ele, com sorriso exuberante
Dentes cerrados de desejo
Valente guerreiro em busca da caça
Corpo gingando, suas mãos suando
Um abraço de posse sufocante
Possui ali mesmo é somente sua
Unidos em um só corpo e alma
Em uma sintonia, compasso definido
Entregam-se sem limites sorrindo.
Repercutem em sintonia
Entre o infinito e a terra
Em uníssono com a brisa
Soprada dos quatro ventos
Entrelaçados com acordes
Das notas melódicas das harpas
Ecos da Alma são indecifráveis,
Intensos, em infinitos instantes
Viajam entre o Macrocosmo
Silenciam no tapete de estrelas
Onde portais se abrem a noite,
Liberando sonhos para mortais
Realizarem desejos em segredo
Entre suspiros e dolorosos ais.
Ao te olhar,
Assusto-me
Não me vejo
Reflete a Alma
Sua existência
Sua cor translúcida
Sua transcendência
Sua imaterialidade
Sua sapiência
Sua dimensão
Sua paz
Sua sintonia
Suas virtudes
Seu equilíbrio
Seu zelo
Seu verso
Seu reverso
Onde estou?
Sou quem?
Espelho do Karma.
Com autenticidade
Sobre sonhos e desejos
Do aroma da terra
Seiva úmida da chuva
De gostos, desgostos,
De livros fechados
De vida, alegria,
Falar é descobrir
Que cada palavra
Tem sabor de energia
Da doce felicidade
Fale com o tempo,
Fale com o vento
Fale com o astro-rei,
Fale estrelas e lua
Fale com esperança
Nos pensamentos
Nos sentimentos.
Alma, energia não necessita de aparatos
Mas a também tem seu gélido inverno
É quando o homem se entrega a nostalgia
Acompanhado da solidão e tristeza
Emoções, sentimentos perdem-se a esmo
Fenece energia de sua essência interior
Quando o fogo ardente vital da vida
É apagado por lágrimas da saudade
Quando este homem é pálido violáceo
A pele perde o viço a elasticidade
O brilho do olhar dá lugar à opacidade
A voz enfraquecida, sem musicalidade
Quando sentimentos hibernam
Emoções despencam no abismo
A alma sem alimento congela
É nevasca gélida da infelicidade.
A pena escrevendo rápido
Ranhuras dos fugazes instantes
Das apreensões dobre o futuro
Um tempo temido e desconhecido
A Alma mergulhada no voo
Das quimeras aprisionadas
Habitam a lembrança e nostalgia
São sentimentos que renascem
Na suavidade da sabedoria
Transcrevendo a rota escolhida
Pela mão divina do destino.
Nossa vida é feita de ciclos
Cada ciclo tem seu tempo
Onde a mente projeta metas
Que delineiam a trajetória
Nas páginas são registrados
Os desafios e obstáculos
A sabedoria de remover
O estagnado, os entulhos
Pois final de cada ciclo
Ocorre o óbito necessário
Para um novo renascer
Decretos de esperanças
Projetos e oportunidades
Assim é a jornada do homem
No uso de seu Livre Arbítrio
Assim cada homem escreve
Seu patrimônio, sua história
As folhas deste livro
Ficarão amareladas
Pelo destrutível tempo
Este tempo tem nome,
Sua Vida.
O coração do poeta é uma lira
Com acordes de suaves brisas
Que sopram lânguidos desejos
Notas de paixões ardentes
Acordes de ais em labaredas
Um turbilhão de insana luxúria
Melodias de tempestades lascivas
Uma sinfonia entre céus e infernos
Inspirado na arte e beleza efêmera
Da musa coberta de sedas e filigranas
No néctar do beijo que escraviza
Na liberdade de sua voluptuosidade.
Com humildade
Aceitando a natureza e suas intempéries
Agasalhando o corpo, pois a neve é fria
Pés afundando da alvura dos flocos gelados
Com solidão
Acordar para o emaranhado da vida
Juntar papéis descoloridos e amassados
Garatujados em linhas de nostalgia
Com razão
Despertar e se vestir de consciência
Incinerar os sonhos do inconsciente
Sacudir a sujidade da poeira do tempo
Uma noite de sombras
O vento violento sacode
As parcas folhagens
Dos galhos desnudos
Curvados ao rés do chão
A atmosfera é pesada
O silêncio é estarrecedor
Lá fora a chuva ruidosa assusta
São lágrimas da lua entristecida
Pois o tempo lhe veste de brumas
E esconde seu manto de estrelas
Minha Alma também está triste
Minha mente faz uma prece
Enquanto lágrimas tatuam a face
Desenhando na lembrança a solidão.
Uma pena úmida no tinteiro
Diversos papéis amarrotados
A mente a divagar sem pressa
Entre os labirintos da Poesia
No âmago da sensibilidade
Nos insights da memória
Busco lembranças e palavras
Tatuo letras não encontro rimas
As percepções em oco sarcasmo
As sensações em reticências
As emoções transcendentes
Sentimentos lacrados em silêncio
Prisioneira da inquietude do momento
Na companhia da melancolia e medo
É noite, enlouqueço e adormeço.
Observamos marcas do tempo
Através das rugas da pele
Do desgaste do corpo físico
Das sementes plantadas
E dos frutos colhidos,
Quando, nos consideramos incultos
Pois não usamos o tempo
Para aprendizados obter,
Desgastamos emoções
Emaranhado de sentimentos
Sem conseguir discernir
Quando nos detemos no tempo
Para analisar o que é felicidade
E concluímos que fomos felizes
Mas a velocidade do tempo
Não permitiu entender
Quando decidimos abrir
O baú de recordações
Enfrentar os obstáculos
Que não foram superados
Pois a inércia nos fez fugir
Quando nos conscientizamos
Que aprendemos a dividir o tudo
Diminuir os sonhos e vitórias
Multiplicar de forma incansável
Somar arduamente com todos
Excluindo nossa pessoa
Quando despertamos um dia
E ao analisarmos a existência
Sentimos que desconhecemos
Nossa essência interior
Neste momento cruciante
Desperta a fera adormecida
Impulsionando-nos a lutar
Entender que o tempo
É uma soma de instantes
De um passado que não retorna
De um presente que deve ser pleno
De um futuro que a Deus pertence.
A Mãe Natureza chora através da chuva
Que inunda a terra em forma de maremoto
Pelas águas das fontes que chegam aos rios
Pelos rios, no desaguar no imenso mar
Pelas águas do mar que invadem terras férteis
E habitações são destruídas impiedosamente
A Mãe Natureza chora em lamento
Através do rugido forte do vento
Que lá fora sangra folhas e arvoredos
Não importa se dão frutos ou flores
É a tempestade formada de fantasmas
Entre clarões dos raios se movimentam
A Mãe Natureza chora vertentes de sangue
Quando vulcões se agitam no interior da terra
Explodem em lavas escaldantes e incessantes
Queimam vegetações deixando terrenos áridos
Expelindo gases que contaminam a atmosfera
Danos irreversíveis aos seus três reinos
A Mãe Natureza chora convulsivamente
Quando pedras por encostam rolam
Quando a terra treme, quando o solo racha
Quando o homem desperta e se conscientiza
Que não é a ira da Mãe que se faz presente
É a Lei do Retorno, a punição por seus atos.
Amigos especiais
São feitos de energia e cores
Onde o sentimento da amizade
Tem um lugar de destaque
Na lembrança e carinho
Amigos especiais,
São aqueles que entendem
Respeitam tempo e silêncio
Cedem espaço ao semelhante
Para que realize seus ideais
Amigos especiais,
São vocês, que me amam
Escrevem e me incentivam
Porque sabem que cada ser
Exerce seu Livre Arbítrio
Amigos especiais,
São tesouros, não feitos de metais
Moldados nas emoções e sentimentos
Usam as asas do vento como veículo
Para enviar mensagens de amor.
Ampulheta de Chronos irreverente
São minutos e horas que escoam
Se repetindo, se consumindo
De forma lenta ou vertiginosa
Um tempo produtivo ou evasivo
Entre o nascimento e morte
Uma viagem com rota indefinida
Nos labirintos do medo e ansiedade
Ontem, proliferando perdas
Hoje, estático e obsoleto
Amanhã permeado de incógnitas.
O universo é permeado de aparências
Uma soma de luzes, cativantes brilhos
Onde permanece oculta a sabedoria
E a roda da vida em eterno oscilar
Entre os sonhos, quando ascende
Com emoções flutuando ao acaso
Buscando no futuro uma janela de luz
E a crua realidade ao despencar,
Pois o destino inconsistente é sina
Transitar pelo tempo, fragmentos de vida
Irônico, frio, tornando-nos órfãos
Dos sonhos, esperanças e vãs aparências.
Fluxo de energia interior
Movimento constante
Primavera de aromas
Verão vestido de sedas
Outono de folhas secas
Inverno de gélida neve
Quimeras flutuantes
Cobertas de esperanças
Caleidoscópio de ilusões
Semeaduras e colheitas
Entre projetos e petições
Tropeços nos cascalhos
Lágrimas que jorram
Sentimentos petrificados
Labirintos que confundem
Um tempo que definha
Ciclos que se encerram.
Que somados são horas
Entre a escuridão efêmera
E a luz que incide sobre nós
Imagens refletidas no espelho
Que deslizam silenciosamente
Embaçadas na lembrança
Frutos de sonhos delirantes
Entre a consciência de ser
Nem sempre o que gostaríamos
Na inconsciência que anula
O que deve ser ignorado
Nas teias formadas pelo destino
Entre os meandros do tempo.
Sinfonia da brisa
No farfalhar das folhagens
Nos ramos que balançam
No silêncio do espírito
Que flutua em sua energia
Na mansidão das lágrimas
Que vertem da Alma
No sussurro dos tormentos
No isolamento da plenitude
Na eternidade do momento.
O Poeta é artesão de sonhos e poesias
Molda as letras, dando cor, dando forma
Impulsionado por emoções e sentimentos
Dedilhando com maestria a alquimia
Transcende entre seu interior e a realidade
No peito esconde suas dores e cansaço
Busca a pena e desenha no pergaminho
A silhueta das percepções entrelaçadas
Lágrimas vertem e selam o papel já molhado
São lembranças projetadas em disfarces
Para não sentir a vida enquanto o tempo passa.
Letras soltas, palavras marcadas, frases inacabadas
Assim é a vida do poeta, artesão das letras
Em um tempo atemporal o amor enobrece.
Noite tétrica e velada por brumas
A bruxa enlouquecida em seu ritual
Causando terror aos que habitam
Bosques, florestas, campinas
Segue pelos ermos caminhos
Praguejando impropérios
E, sob a tenue claridade do luar
Desnuda-se e mergulha seu corpo
Nas águas do lago encantado
Pronunciando palavras mágicas
Emerge uma linda mulher
Que com sorriso encantador
Convida o trôpego eremita da vida
Para sorver em seus lábios sedentos
O doce néctar do veneno rotulado,
AMOR.
Fica entre o consciente
O presente, a realidade
O inacessível inconsciente,
O âmago da individualidade
Entre os olhos da face
Que vislumbram o inatingível
Os da alma que alimentam
Esperanças e utópicos sonhos
Entre saber conjugar verbos
Sentir, desejar e acessar
E a inércia de não conhecer
A essência do verbo ousar
Entre a lágrima que disfarço
Com sorriso amargo e tênue
A angústia que permeia a vida
Entre sentimentos construídos
Revestidos de tabus e traumas
A energia que se desvanece
Que fenece e entra em óbito
Limites é fazer parte de regras
Alicerçados por moral decrépita
Estar cerceada por elos
Que aprisionam e são algozes.
Inexplorada em seu estado virginal
Privacidade conquistada pela liberdade
Nas asas dos sonhos guarda os segredos
Os enigmas indecifráveis, os desejos
Receptáculo dos medos, do impossível
Uma luz tênue, após labaredas intensas
Tempestades de caminhos íngremes
É o espelho que reflete augures da tormenta
A divindade que afaga com sentimentos
Que rabisca as emoções em poesias
Alma Nua se entrega às suaves brisas
Mitiga sua sede nas gotas de orvalho
Cobre-se com estrelas do firmamento
Sem pressa, sem compromissos,
Pois seu tempo é atemporal.
São olhares que se cruzam, se atraem, se fixam
E, mesmo na imensa multidão não se perdem
São sorrisos cativantes que falam mais que palavras
Enviando mensagens secretas de sedução e fantasias
É o contato de mãos suaves que se encaixam ao toque
Explodindo a carência, o incontrolável desejo
É o perfume exalado que embriaga de forma estonteante
Como fogo percorrendo o corpo e explodindo a paixão
Paixão sem fim, paixão de mim, paixão de ti
São os lábios de mel às vezes suaves, às vezes vorazes
Beijando a pele trêmula com a boca molhada
No mistério inconsequente da possessão
No despertar irreverente da volúpia e do delírio
Uma soma de momentos irracionais de fascínio
Nada mais que uma atração fatal.
Ela despede-se em lágrimas de tristeza
Que do céu escorrem e alimentam a terra
No silêncio do adeus quando vê sobrevoar
As asas do tempo para carregá-la entre
Lufadas dos ventos ou brisas que sopram
É a estação Mãe, gera, faz brotar a vida
Pincela a terra com diversos tons de verde
Enfeita campos com margaridas brancas
Veste os jardins com floradas perfumadas
E faz da terra um arco-íris, um tempo de paz
Está na hora da partida, de entregar sua obra
Aos ventos quentes, ao Sol em sua intensidade
Quando os humanos se envolvem com alegrias
Esquecendo das mimosas flores que secam
Sem o alimento da água, sem o afago amigo
Até que Chronos dono do tempo permita
Um novo ciclo na terra, o semear e renovar.
Estrela da anunciação fez um rastro de luz
Silenciosa iluminou o negro firmamento
Traçou a rota para cidade de Belém
Reunindo os três sábios Reis Magos
Em uma longa jornada de fé e esperança
Levavam em suas comitivas, presentes
Agrados, ao Menino Santo que nasceu
Dia e noite, guiados por sua luz e poder
Entre descansos e caminhadas, até Jesus
Belchior partiu da Europa e ofertou ouro
Enquanto Baltazar, da África, ofertou mirra
Levando incenso, rei Gaspar veio da Índia
Assim foi cumprida a profecia de Deus
Messias será adorado por todos os Reis.
O pássaro impulsionado pela brisa
Alça seu gracioso voo ao infinito
Sem medo, em desafio ao desconhecido
Em migrações ao encontro da liberdade
Nas asas douradas do amigo vento
Planando na imensidão do infinito
Sem amarras, deveres, sem medo
Viajantes com movimentos graciosos
Cantam uma ode à Mãe natureza
O homem, no cárcere da existência
Definha nas profundezas da Alma
Entrega-se ao desalinho dos sentimentos
À escuridão sombria que envolve o corpo
Aos inúmeros infortúnios da existência
Mergulha no labirinto de sonhos utópicos
Na memória fotográfica da mente
Estático espera a liberdade da morte
À mercê das sentinelas algozes do tempo.
Não faço parte do mundo dos sonhos
Sou energia, sem forma definida
Sou autocrítico, detesto o drama e melancolia
Sou esperto, às vezes perto, às vezes longe
A espreita da meta a ser definida
Não tenho amigos covardes ou eternas vítimas
Não tenho amigos com o Ego desmedido
Sei esperar que a letargia finde
Sou pedra, sou cajado para apoiar desvalidos
Meu nome, renascer
Sobrenome, recomeçar
Meu habitat é o interior de cada Ser.
De olhar-me no espelho
E descobrir que através das rugas
Que sulcam a face, ainda existe vida
De olhar o relógio do Cosmo
Não sentir a divisão do tempo
Mistura do passado e presente
Sem aspirações do futuro
De não olhar para o caminho
Pois ele se tornou conhecido
Palmilhado e não vivido
E assim, se passa a vida
Sem saber se faltou tempo
Ou não quis viver o tempo.
Tens em ti todo o mistério
Da geografia da terra
Entre vales, montes e vertentes
O homem se perde e enlouquece
Tem em ti o receptáculo da vida
Ora criança, trazendo alegria e graça
Quando dia é emoção, água jorrando
Ora madura, ousada e insinuante
Quando noite é paixão, fogo queimando
Mulher, te amar é uma viagem sem rumo
Por labirintos perigosos e desafiadores
É penetrar em um universo desconhecido
De luxúria e pensamentos insanos
Mulher és deusa sem coroa e sem cetro
Despes o corpo sem preconceitos
Conquistas e te entregas vorazmente
Mas esconderás sempre, tua essência.
Da noite escura só lembranças
Sonhos despedem-se na aurora
Escondem-se sombras da madrugada
O amanhecer desperta sonolento
A brisa fresca brinca com folhas
Libélulas esvoaçam graciosas
Rei Sol espalha seus cálidos raios
Reina com soberania e elegância
A realidade se faz presente
O orvalho beija flores silvestres
Imagens dos passageiros do tempo
Transeuntes que passam nas ruas
Multidões de várias raças e credos
Absortos em seus pensamentos
Caminhos em busca da esperança
Atalhos em companhia do silêncio.
Viver é uma magia constante
Às vezes, como mágicos,
Saltitamos as linhas do destino
Perdemos o equilíbrio
Usamos as notas do coração
Idealizamos na fantasia
Somos Reis ou lindas Rainhas
Habitamos castelos encantados
Confinamos segredos no porão
Às vezes no picadeiro,
Somos palhaços mágicos
Mascarando toda a face
Para a tristeza esconder.
Ou, sentados em camarotes,
Aplaudimos emocionados
Quando de uma cartola saem
Pombas brancas em sinal de paz
Às vezes, somos Anjos alados,
Que sobrevoam as alturas
Caminhamos entre as nuvens
Para beijokar as estrelas
Recebemos dons divinos
Como poder o verbo expressar
Soltar versos mágicos
Para caminhos iluminar
Somos mágicos na arte da vida
Previsível ou imprevisível
Encerramos o espetáculo
Sob o som de mil aplausos
Nas emoções a jorrar.
Aceitei o convite do senhor do Tempo
Em suas asas viajei por este Universo
Adentrei, sem medos, em novo espaço
Onde é possível abraçar a felicidade
Esperança, harmonia, união, amor
Um espaço sem nuvens grossas
Livre das tempestades que assolam
Onde as lições de sabedoria são ofertadas
Ao pé dos pensamentos, na raiz da lógica
Esculpindo formas de lembranças na memória
Um espaço de ar puro, com a brisa em sussurro
Cantando doces melodias para reflexão
Um horizonte distante, onde mora o arco-íris
As Almas repousam e homens sonham.
Navio negreiro que navegas pela imensidão
Carregando acorrentados sentimentos de dor
Sem leme, sem comandante, sem tripulantes
Sem rota definida no tempo, do ir e voltar.
Calabouço de negras ilusões, caos sem fim
Correntes que se arrastam como um lamento
Almas que se debatem e choram ao sentir
A frustração dos corpos feridos e desfalecidos.
O odor fétido dos moribundos inunda o ar
Corpos apodrecidos, que como fantasmas
Sepultados, habitarão as profundezas do mar.
Apenas a lua e as estrelam iluminam teu nome
Mal escrito quem sabe, por trêmulas mãos
VIDA, uma soma de ciclos a findar.
Oh! Negro,
Além do horizonte, em um continente africano
Um povo que nasceu livre e feliz em sua terra
Por brancos inescrupulosos foi sequestrado
Transportado em calabouços de navios negreiros
Do Congo, Angola, Guiné, Moçambique, Luanda
Para escravizados, viverem neste Brasil imenso.
Oh! Negro,
Teus antepassados tinham marcas na Alma
Cerceados, sem a liberdade física e religiosa
Aprenderam que o negro vai para o inferno
Enquanto, o branco vai residir no céu
Tuas divindades foram rotuladas de maléficas
Pois os lamentos na senzala eram para atrair o mal.
Oh! Negro,
Não esquece que teu povo no passado
Foi marcado a ferro e fogo como gado
Acorrentado, chicoteado e dilacerado
Derramando lágrimas, vertendo sangue
Fugindo dos brancos para os Quilombos
Por não suportar a humilhação e a dor.
Oh! Negro,
Honra o que as raízes que tua historia registram
A memória do líder Zumbi dos Palmares
Que teve sua cabeça cortada e salgada
A qual foi exposta impunemente em praça pública
Para desmistificar a lenda de um guerreiro
E a crença na imortalidade de Zumbi.
Oh! Negro,
Não permita que te roubem a identidade
Que teus atabaques falem em toques
Que tuas divindades sagradas dancem a paz
Pedindo a Deus, “nosso sinhô do branco”
Ao Pai Olorum, que é o “nosso sinhô do negro”
A igualdade, em um Brasil de Paz.
Passado
Invadiu nosso Brasil com a colonização
Considerou índios, nossos habitantes
Selvícolas, sem religião e cultura
Somaram com o tráfico negreiro
Dilaceraram corpos e sentimentos
Em nome do progresso e dinheiro
Presente
Deixaram como herança colonizadora
O preconceito enraizado na Pátria
Hoje, negros e índios fazem parte
De uma casta denominada subalternos
Índios sem direito a voz e suas terras
Negros considerados seres abjetos
Futuro
Nas mãos e mente dos homens do poder
Corrupção, semeada por povos europeus
Sistemas falidos, Instituições em suas instâncias
Desigualdade social entre irmãos e raças
O que nos resta? Grilhões e mordaça?
Ou, a resistência que mata antes do óbito.
Qual o tempo que é expresso
Quais os motivos da oratória
Povoar a mente de inquietações
Ou as emoções de sensações
Até transformar em sentimentos
São as palavras que criam formas
Aos objetos para a percepção
Ou, escritas em pergaminhos
Para registrar dores ou alegrias
E autenticar vidas com biografias
Grafias que nos falam da existência
Do movimento ou tétrico silêncio
Do passado, insight da memória
No presente afirmando sentenças
No futuro, enigmas de sua essência
Hoje, abri as portas para a nostalgia
Com serenidade recepcionei lembranças
Hospedei fantasmas, visitantes noturnos
Soprei as nuvens que cobriam memórias
Coletei fragmentos de quimeras
Sem medo, olhei para o espelho do tempo
Encontrei perguntas sem respostas
Segredos etiquetados por ciclos
Entulhos de desesperanças
Sentinelas, trancafiando desejos
O silêncio de pêndulos enferrujados
Evocando contornos excluídos
Pela palidez das faces nos retratos
Invadi o receptáculo dos sentimentos
Joguei nas labaredas o baú dos mistérios
Uma magia infinita o vai e vem das ondas
Que explodem na muralha do cais ou beira-mar
Sem obstáculos, como sentinelas de ronda
Responsável para cada sonho acalentar
A maresia traz de volta as emoções
Profundamente dentro de nosso ser
Reflexões em oração com devoção
Esperanças de alegrias ao amanhecer
Vagas, em sua imensidão tempestuosas
Arrastando, destruindo tudo em seu caminho
Inquietas, turbulentas, intensas, violentas
Espumas serenas, calmas, pacíficas
Fonte de doce inspiração e melancolia.
A solidão noturna é uma ponte
Sobre o vazio da existência
Onde o indefeso notívago busca
Rotas para alcançar suas metas
Mas a noite tem seus perigos
Lúgubre em sua paisagem
De sons e palavras ilusórias
De esperanças que se avolumam
Entre o pêndulo do velho relógio
E as teias estendidas do tempo
Em direção ao despenhadeiro insone
Indeciso, atravessa a ponte dos sonhos
Envolvido por suas doces quimeras.
São acordes do infinito
Em sincronia com a Alma
Do poeta que sente a melodia
Permear suas emoções e sentimentos
É a música do compasso dos ponteiros
Do relógio do tempo na existência
Poema é inspiração que jorra
Da fonte eterna da sensibilidade
Que narra vivências pessoais
Ou sobre a vida da humanidade
Poema não tem barreira nem fronteira
Repercute em todos os idiomas
É intensamente, luz e magia.
Era verde como as águas do mar
Ultrapassava o horizonte distante
Mergulhava no mistério do infinito
Nasceu como estrelas no firmamento
Ultrapassou os ciclos do tempo
Cresceu crepitando como labaredas
Invadiu as emoções e sentimentos
Vestiu-se de paixão e amor
Até que a desilusão se fez presente
Vestiu-se de negro, fez-se luto
Como herança, desejos contidos
Refletidos em um passado de mágoas
Espinhos que dilaceram o presente
Um óbito sem quimeras e certezas
Fogo-fátuo de desesperança.
O desenho de caminhos traçados
Entre alamedas suavemente pintadas
Suas nuances pinceladas e esmaecidas
Ao rés do chão, um tapete macio
Cor de ouro com tons de ferrugem
Presente da natureza, folhas outonais
Silhuetas aconchegadas no passado
Hoje, distantes, registros na lembrança
Amanhã, doces quimeras em cinzas
Que fazem parte do tempo, ciclos da vida
Dos trilhos dilacerados que habitam a alma.
Quem fala em amor proibido,
Não sabe o que é amor
Sentimentos não são aprisionados
São sensações, emoções lapidadas,
Que o tempo transforma para germinar
Faz parte da carne, mas da Alma também
Quem fala em amor proibido
Vive no cárcere dos tabus e dos traumas
Pois não existem amores pecaminosos
Existem sim, seres insensíveis
Que não conjugam o verbo amar
Pois o amor acontece naturalmente
Quem fala em amor proibido,
Não vive as passagens do tempo
Pois as regras traçadas no passado
São grilhões da moral que se arrastam
E frustrações que se acumulam.
As luzes do palco iluminam a plateia
Uma cortina grená pesada oculta
Os atores que por sensações oscilantes
Aguardam com temeridade seu desempenho
A peça faz ressurgir antigos personagens
Ressuscitados e atuantes em novos corpos
Que se abraçam e se enlaçam brotando
Vivências de velhas Almas em suas viagens
Que atendem ao chamado em clamor
Para um resgate de registros na História
Os atores entram em cena, mestres na arte
Narrando guerras santas, políticas, mortes
Amores plenos ou desfeitos, ressarcidos
E os laços espirituais da criação se acentuam
A ancestralidade toma forma em corpos
Em cada sonoridade de voz, a sutil energia
Renova-se, se abastece e mantém a plateia
Extasiada, aturdida, em um passado presente
O imaginário se desfaz, a cortina se fecha
Os atores despedem-se, individualmente
Espectadores emudecem em lamento
Portal se abre, adentram de mãos dadas
Os heróis da História que foram esquecidos
Descansam as Almas que verdades narraram
Em busca da Paz pela humanidade perdida.
O Absoluto, o Caos, interligação de massas disformes,
Fogo, água, ar, terra, sem atribuições definidas,
Até que Deus, o meu, o teu, quem sabe o de todos,
Sintonizando suas vibrações onipotentes e divinas
Estabeleceu leis, criando os reinos e os processos evolutivos
Ao Fogo atribuiu à representação da chama interna,
A Água a manifestação emocional,
Ao Ar a clareza dos pensamentos,
A Terra à estabilidade e organização.
O ausente se tornou presente, foi o inicio da criação.
O céu, transformou-se em firmamento, repleto de brilhantes constelações,
A terra foi coberta por uma manta verde bordada em altos e baixos relevos,
A água caindo como chuva de prata, formou lagos, rios, cascatas e mares,
É como um passe mágico criou árvores e floriu a terra,
Criou animais de todas as cores e formas, cada um em seu referido habitat
A natureza estava perfeita, pois o conjunto era de exuberante beleza
Faltava algo, Deus criou o homem ao crer ser sua obra suprema,
Agraciou-o com faculdades divinas, pois a forma era sua semelhança,
Foi apenas um sonho, pois ao criar o Homem,
Deus criou o instrumento que sua Natureza destruiria.
Liberada pelo fogo em labaredas vorazes
Que tatuam os sentimentos com insanos desejos
Um torpor que invade e embriaga a mente
Incendeia os sentidos e na carne se faz presente
Uma paixão não tem medidas, regras coerentes
Nasce ousada e se instala sem pedir licença
É um crepitar de fogo interior constante
Pois acorrenta e encarcera o ser em sua libido
Corpos nus e febris, pensamentos devassos
Voz em sussurros de palavras sem nexo
Fusão que exaure em chamas, o verso e reverso.
Porque aprendi,
A desenvolver o auto amor
Ser minha amiga em primeiro lugar
Respeitar minha liberdade
Minha privacidade, meu direito de ser
Porque aprendi,
Que cada um tem seu DNA específico
Sem ser mais ou menos que alguém
Desta forma, os aceitando sem querer,
Que pensem e que ajam como eu
Porque aprendi,
Que energias se sintonizam ou se confrontam
E, se não houver equilíbrio pleno
Não serão encontros que se eternizam
Não conheceremos o querer bem
Porque aprendi,
Que a vida é tão fugaz que não percebemos
Sua essência, nem a nossa, nem dos amigos
Que o tempo urge e as Almas anseiam
Que todos os encontros marcados,
Na amizade, sejam alicerçados.
A brisa já não desfaz teus cabelos
Tua face corada foi substituída
Pela nítida palidez violácea
Sulcada de rugas pelo tempo
O qual não perdoa e deixa a marca
Teus olhos são fixos no vazio
Perderam o viço e a luminosidade
E tuas mãos, enrugadas e gélidas
Não se erguem mais para um afago
Em teus raros momentos de lucidez
Lembras da energia que te envolvia outrora
Esboças um trêmulo sorriso de criança
E a lágrima suave escorre pela face
Não sabes o tempo,
Mas queres que o tempo pare.
A brisa que teu rosto beija
Nas cálidas noites de verão,
O vento forte que movimenta
As marés das emoções,
Aroma de flores silvestres
Que germinam nas estações,
A máscara da alegria
Que acompanha o cotidiano
Arquivo de memórias
Da alma que em segredo
Confina sentimentos,
Inspiração para novos rumos
Esperanças de realizações,
Luz, energia e cor
Que ilumina teu caminho,
Onde teus passos compassados
De mim, se distanciam.
Palavra é o verbo
Liberdade de expressão
Soma de letras soltas
Vivenciadas na Alma
Escritas em papel
Que quando pronunciadas
Ficam a mercê do vento
Que as carrega como plumas
Por este Universo imenso
Quando escritas em uma folha nua
Tatuam como em um corpo despido
Tornando o poeta um amante
Que cúmplices, formam um elo de amor
Pois ali deposita mistérios e segredos
Espalhados entre linhas para se perpetuar
E, mesmo que os papéis se rasguem
A Palavra do poeta, eternizada será.
A natureza é um poema
Os galhos se cobrem de folhas
Os campos se vestem de verde
Ornamentados de singelas flores
Margaridas, papoulas, centauras
Mal-me-quer e formosos girassóis
Os beija-flores fazem acrobacias
Para sugar o doce pólen das flores
Dálias, açucenas e begônias
E borboletas pousam suavemente
Na zínia, lantana e verbenas
A natureza é um poema sem letras
Sem linhas nos pergaminhos
É melodia para os cinco sentidos
Beleza incomparável captada
Pela visão da janela da Alma.
A sonoridade que te envolve
O crepitar instigante do fogo
As águas nas corredeiras
O farfalhar das folhas ao vento
Os ecos que vem das montanhas
O choro de um irmão aflito
O sorriso de uma doce criança
A sonora gargalhada de um jovem
As palavras pronunciadas de amor
Os utensílios que te cercam e manuseias
O gorjeio alegre dos coloridos pássaros
O zumbir de uma abelha na busca do néctar
O canto no mar dos golfinhos e as baleias
O ciciar das cigarras saudando o verão
A melodia dos Anjos em suas Cortes
Pois, tudo que escutas são obras de Deus.
Quando cerro meus olhos na noite
E sinto-me só em meio a tantos
Sei que o fantasma da solidão
Faz-me companhia e lembra
De forma insensata e incessante
Erros, perdas, a agonizante vida
Entre as horas que somam o tempo
Convivo com sonhos desfeitos,
Uma realidade cruel e sem cor
Reticências, vírgula, ponto final
É voltar-se ao interior, ao caos
É sentir-se livre, sem liberdade ter
É o silenciar envolvido por dor
Dilacerando a carne que sangra
E observar entre as brumas da v ida
A esperança e lembrança fenecer
Como rastro um vazio imenso
Ocupado pelo esquecimento
Onde a alma presa chora
Em prantos, seu desalento.
Pedi carona ao amigo vento
Para trazer uma cesta pesada
Enfeitada com laços de fitas
Flores coloridas e perfumadas
Separei em caixinhas enfeitadas
Todos os sentimentos nobres
Cuidado ao abrir as maiores
Trazem presentes encantados
A Solidariedade e o Amor
Para dividir com a Humanidade.
Enfim, 2020, Ano Novo se avizinha
Vamos recebê-lo com grande magia
Como sou uma pessoa solidária
Ajudarei com muito amor e carinho
Peça licença ao Elemento Terra
Junte gravetos dos bosques e florestas
Vamos chamar o Elemento Fogo
Para a lenha com maestria acender
Colocar em cima o caldeirão da bruxa
Chamar o Elemento água para encher
Murmurar pedidos ao Elemento Ar
Para que as brasas não deixem de arder
Agora é o ápice da poção mágica
Fadas chegam trazendo flores perfumadas
Duendes carregam as raízes encantadas
Gnomos trazem uma cesta de cristais
Ondinas no lago entoam seus cantos
E Elfos levitando nos sopram a paz
A alquimia da poção ferve até a ebulição
Agora crescente em grandes dosagens
Esperança amor, paixão, união e saúde
Lembre da estabilidade e equilíbrio
O sucesso, a bonança e prosperidade
Quase pronta, vamos dar o toque final
Desejar para seus semelhantes bênçãos
Na mesma proporção que deseja a si
Missão concluída, agora é só sorver
A receita mágica de 2020, para você.
Que não se deterioram com o tempo
São pilares que sustentam sentimentos
Mesmo a distância se fortalece e permanece
Unidos pela fraternidade através do tempo
Amigos são aqueles que nos dizem não
Tecem críticas e nos afastam do perigo
Incentivam o despertar e o renascer
Alertam sobre desafios no caminho
Amigos de honra e caráter ilibado
Valorizam a palavra empenhada
Acompanham a trajetória com fidelidade
Transmitem a paz que no interior guardam
Amigos elos de ouro trazem a força
Amigos elos de prata ensinam a justiça
Amigos elos de cobre mostram a temperança
Amigos elos de aço alertam à prudência.
Poesia são acordes do infinito
Música do relógio no presente
Horas passadas, mas não medidas
Alma em sua existência sutil
Vida em sua energia plena
Nuances coloridas da natureza
Tonalidade de vozes em enlevo
Esplendor de alegres sorrisos
Transcendência de um olhar
Permeado de profunda magia
Nas lágrimas que vertem da face
Nas chuvas que alimentam a terra
No horizonte íntimo dos sonhos
Nos ventos que sopram brisas
Em um tempo sem tempo.
Iemanjá, divindade do grande mar
Quando o tudo era imenso oceano
Imperscrutável, silencioso e destruidor
Senhora da energia misteriosa e criadora
Ocultando no solo tesouros enterrados
Mãe que embala a vida em suas entranhas
Sopro das emoções e inspirações dos filhos
Do vigor das vagas ruidosas que dançam
Explodindo em espumas a beira-mar
Protetora dos que navegam em teu reino
Dos que não temem desafios das profundezas
E buscam alimentos para a sobrevivência
Mãe, dos sonhos oníricos que invadem a noite
Enquanto a Lua te reverencia no mar
Abençoa a humanidade,
Odoyá Mãe Iemanjá.
Eis o mar,
Vertente de energia e poder
Misterioso, pragmático, indomável
Onde as vagas se agitam
Na melodia do soprar do vento
Em um bailar de musicalidade
E, com rugido ensurdecedor
Explodem majestosas na areia
Eis a Lua,
Dama da Noite, ousada e sensual
Cobre o mar com um manto prateado
Para esconder o idílio envolvente
Iluminado por estrelas cadentes
E suave, em silêncio profundo,
Seus raios possuem o mar
Em êxtase mágico e profano,
Até o Sol despontar.
Para o poeta, mesmo antes de seu rascunho
De formar palavras para expressar sentimentos
Escuta a melodia de cada uma das letras
Que envolve sua emoção e sua mente
Nesta hora me recolho ao silêncio
Para desfrutar esta bela sinfonia
Pois tudo estaciona em minha volta
Sou ermitã viajando na sintonia
Esqueço quem sou, para onde vou
As sensações se mesclam e se desalinham
As emoções afloram espontâneas
Impulsionadas pelo amor e carinho
Cada nota um sonho desejado
Cada letra um registro anotado
Cada verso um sentimento aprisionado
Cada poema, um grito de liberdade.
Um dom, o verbo
União de sílabas
Que penetram
Na essência,
Grafia que tatua
Suporte do tempo
Deixam rastros
E mensagens,
De verdades
Sentimentos
Autênticas
Zelosas,
Inverdades
Por emoções
Sem cuidado
Sem destino,
São vogais
Consoantes
Pronunciadas
Pelo poder
Ou por magia,
Sementes
Que o vento
Lépido carrega
Livre escolhas
Tuas e minhas.
Ofertas-me asas para subir as alturas
Descortinar todo mistério da vida
Viajar pelos rastros do imenso infinito
Mergulhar no vácuo do célere tempo
Repousar sem pressa no âmago da Alma
Despir-me das vestes ilusórias da terra
Romper com os grilhões que forja a vida
Conhecer a nudez de minha essência
Descobrir novos horizontes sem fronteiras
Viver outras venturas com a energia
Na plenitude do voo de ti emana
Ser apenas eu, melodia e poesia.
Poesia, uma vida
Um verso, uma rima?
Nem sempre,
Pois poesia não pode ser violentada
Um verso tem métrica?
Nem sempre, pois poesia não tem medida
As sílabas necessárias são aquelas
Que compõe o sentimento retratado
Sílabas átonas, tônicas, ditongos, tritrongos
Lembra-me aulas de Português e Literatura
Não busques palavras que combinem
Como um jovem apaixonado que necessita
Encontrar palavras para conquistar a amada
Libere suas palavras, que jorrem da fonte
Na intensidade em que são escritas
Quentes, frias, secas, melódicas,
Banhadas pelo orvalho celeste, pois ele é
O refrigério das emoções e sentimentos
Renova o que está desgastado e exaurido
Um banho que tonifica
Percepções e sensações
Libera o poeta para a magia noturna
Com a cumplicidade da deusa Lua
Para que as palavras sejam precisas
Permeadas de significados que germinem
Em ti, através de minhas sementes
Como o mistério da gestação
Que cria a vida e nela se perpetua.
Hoje quero ser desconhecida
Não quero compromissos
Não quero lembrar o passado
Não quero pensar no amanhã
Quero viver a noite
Sob a luz do luar
Quero ver as estrelas
Deitada na relva
Escutando o murmúrio das águas
Dançar entre as flores
Ver um arco-íris de sonhos
Voar livre como a borboleta
Sem saber para onde ir
Sem querer retornar
Quero permitir minha alma
Realizar os seus sonhos
Ter seu tempo certo
Para viver, sentir, despertar.
Entrelaçar de Outono e Ares
Coberta pelo manto de Marte,
Guerreiro que me defende
Das intempéries da árida jornada
Ares, minha fortaleza nos desafios
O salvo conduto à liberdade
De romper os portões da clausura
Ludibriar as sentinelas do tempo
E ser Eu, na plenitude do instante
Algumas vezes rude, impaciente,
Outras dócil, gentil, com reservas
Permeada de mistérios enigmáticos
Transparente nos pensamentos
Cristalina quando falo ou escrevo
Mas, inacessível, nos sentimentos
Que perfaz o todo da existência
À poesia entreguei minha vida
Único laço de amor que cultuo
Seduz-me com sua chama ardente
Ares é meu reverso, o guardião
Das ânforas de meus segredos
De minhas carências e ardências
Transmuta em cada palavra escrita
O fogo da paixão em labaredas.
Deus inspirado escolheu Mães
Ofertou a cada uma, atributos divinos
À Maria, a benção de ser Mãe de Jesus
Com desvelo semear a terra de amor
A Mãe Natureza cuidar dos três reinos
Proporcionar o abrigo e alimento
Entre a vastidão da terra, rios e mares
À mulher deu a benção da sabedoria
Para cuidar do fruto gerado, seu filho
Guiá-lo pelos tortuosos labirintos
Dos tentadores engodos da existência
Ser farol na escuridão dos caminhos
Dos frágeis homens que necessitam
Deu aos seres o dom do Livre Arbítrio
E inúmeros frutos pútridos proliferaram
Maculam Mãe Maria renegando a fé
A Mãe Natureza destruindo seus reinos
Crucificam a Mulher Mãe com desamor
Mãe és patrimônio da humanidade
Dos filhos, homens de boa vontade
Pois as fiandeiras de Nosso senhor
Teceram teu nome com fios de ouro
Tesouro guardado na eternidade.
Qual o tempo que é expresso
Quais os motivos da oratória
Povoar a mente de inquietações
Ou as emoções de sensações
Até transformar em sentimentos
São as palavras que criam formas
Aos objetos para a percepção
Ou, escritas em pergaminhos
Para registrar dores ou alegrias
E autenticar vidas com biografias
Grafias que nos falam da existência
Do movimento ou tétrico silêncio
Do passado, insights da memória
No presente afirmando sentenças
No futuro, enigmas de sua essência.
Viçosos botões primaveris brotam na natureza
Mostrando a energia da vida e a beleza do germinar
Inspirando poetas, pintores, o aflorar dos amores
Do amor criança que o coração se enamora
Alimentado por sonhos, por um carinho extasiante
Preenchendo o vazio da solidão com a esperança.
Vem o verão com viçosas flores e a energia da juventude
Inebriando o ar com o exalar de suas essências
O amor como o fogo da paixão abrasivo incendeia
Alimentando emoções que são vividas por momentos
São amores que nascem da carne, sem medo
Pois é a fome da posse, da caça, libido atuante.
Vem o outono com os ventos frios despindo as árvores
As flores se fecham, despencam, cobrem a terra
Os sentimentos maduros nas asas da certeza
Tornam-se meigos, ternos, repletos de sensualidade
Rompendo barreiros do convencional, do proibido
Sem ser percebido, se infiltra se fixando.
Anuncia-se o inverno que cobre de gelo, rios e lagos
Os jardins, os bosques, toda a florada, se vestem de branco
Os amores transformam-se em nostalgia a fenecer
As emoções hibernam em uma viagem inconstante
São raras as flores, são raros os amores que vencem a neve.
Vindima, um dia alegre, o néctar é preparado,
Inicia com a colheita, homens, mulheres, crianças,
Nas mãos carregam baldes, cestos, tesouras,
Deuses Dionísio e Baco observam inebriados
O ir e vir entre canções que instigam os sentidos
Máquinas e pés esmagam o suculento fruto,
As porções do mosto são deitadas em pipos,
Armazenado por longos meses até ser sorvido
Abençoado por deuses, o vinho atravessa a história
Com lugar de destaque no altar de várias religiões
A videira e o vinho sempre presentes
Em rituais e quase todas as celebrações
Às vezes sagrados e outros profanos,
Desde os primórdios da civilização.
Impossível descrever este sentimento
Envolve a percepção, sensação, emoção
A profundidade transcende palavras
Uma incandescente chama que arde
Lembranças que afloram a cada instante
Quando eu e tu alquimizamos o “nós”
História de amor, mágica, perfeita
Emocionante, uma inspiração de vida
Intensa e fascinante que sobrevive
As intempéries que tempo apresenta
Falar de amor é versos de um poema
Transcrito no alfabeto do silêncio
Para não acordar o eco e o vento
Neste percurso íntimo de prazer.
Registrados no tempo
Na linha do horizonte
Se expandem e cobrem
O Universo e os homens
Para realizar as sentenças
Sem pré-definição de,
Início, meio e término
Pois tempo é uma inconstância
Apenas o acaso propulsiona
Os encontros de quimeras
Àqueles de vivências passadas
Ou, metas e objetivos no presente
E, assim, o destino viaja entre multidões
Escolhe os sucessos e insucessos
Entre as douradas auroras e
Tênues tons crepusculares
Entre pensamentos e sentimentos
Unindo semelhantes em assemelháveis.
Banquetes, uvas, vinhos
Homens e mulheres sedentos
Com movimentos lascivos
Dançam, se enroscam, se tocam
Em homenagem irreverente
Ao Amor e Eros, seu Deus
Audaz, corajoso e guerreiro
A espreita de corpos curvilíneos
Caçador, astucioso, ardiloso
Entre ser mortal e imortal
Entre amor e a sensualidade
Eros, um Deus entre Deuses
Um mito que se rendeu à Psique,
Uma simples mortal
Até que, Zeus em sua complacência
Imortaliza a bela Psique,
Para unidos, os jovens amantes
Transformarem o Olimpo
No jardim do Éden paradisíaco
Para um grande amor eternizar.
Eu queria uma vida assim com você,
Sem compromisso, sem ver o tempo passar,
Sem deveres com a hipócrita sociedade,
Sem tempo para ficar, sem programar dizer adeus.
Eu queria uma vida assim com você,
Mas sei que querer não é ter
Sei que não posso dizer-te isso
Talvez, por medo, de você não querer.
Eu queria uma vida assim com você,
Sem nome, sem documento
Sem barreiras, sem fronteiras
Sem limitações, sem consciência
Sem fugir, sem me esconder.
Eu queria uma vida assim com você,
Mas é muito querer, é muito não ter
Viro mais uma página da vida
É bem mais fácil esquecer.
Nós, na busca de caminhos inexistentes
Nas sinuosas curvas dos atalhos
Estradas povoadas de ilusão
Emaranhado de sensações
Teu olhar sensual permeado de desejo
Teu beijo, onde sorvo o néctar dos deuses
Tuas mãos que dedilham meu corpo
Extraindo dos ais, uma sinfonia.
Sentir que és minha âncora de prazer
Ânfora transbordante para saciar a sede
Da fonte seca e desfalecida do amor
Em dias frustrados e noites de desejos.
E, em um tempo de doce ilusão
Eu e Tu, na sintonia das emoções
E, entre nós, a tempestade da paixão.
Sou fogo, sou energia, sou vida
Em todos os reinos, todos os sentidos
Inquieto, irreverente, sem barreiras
Nas labaredas vivas me pronuncio
Habito e navego entre o Leste e Oeste
Na mente sou criatividade e inspiração
Nas entranhas do homem sou paixão
Projeto a sensualidade nas emoções
Sou conhecido como mestre da sedução
Sou espírito da aventura e ousadia
Sou movido por vingança e destruição
Nas guerras, nos vulcões que acordam
Nos raios e relâmpagos que assustam
Início e fim, contínuo movimento
Na presença da fé que traz a purificação
Na esperança do renascer nos caminhos.
Veste a natureza de branco e cinza
Com dias tristes, gélidos
Noites tétricas sem sono
Acompanhadas de lembranças
Fantasmas percorrem a mente
Acentuando a solidão e perdas
O silêncio toma forma se faz presente
Até o vento se torna surdo ao meu suspiro
Vendavais assobiam assustadores
Ecos retornam invadindo a natureza
Acordando animais hibernando
Até as marés com vagas violentas
A água invade a terra, a natureza humana
Anunciam morte na madrugada.
Trilharemos os mesmos caminhos
Sem distâncias e desencontros
Sem bagagem, sem confrontos,
Desembarcaremos ofegantes
Sem perguntas e sem remorsos,
Caminharemos de mãos dadas
Desde o amanhecer até o ocaso,
Relembraremos sonhos coloridos
Alimentados por esperanças
Seremos dois em uma energia só,
Para liberar as sensações e emoções
Os sentimentos puros e conflitantes
Que aqui, não é possível vivenciar,
Pois és como o Sol
Que de energia inunda a terra,
E eu como a Lua
Que vivo nas brumas da saudade,
Que passam dias e noites esperando
Um eclipse para se amar,
A próxima estação é passagem de todos
Sem dia e hora pré fixada na mente
Registrada apenas na Alma
O eternizar.
Uma canção preenche a floresta encantada
Inúmeras folhas friccionam as cordas de aço
Produzindo sons em um violino afinado
Uma escala musical entre semitons
Cada corda com seu timbre sonoro
Um Sol, para o encanto e mistério,
Um Ré, para a sonoridade profunda,
Um Lá, para a estação outonal abraçar,
Um Mi, para Zéfiros, o vento incisivo,
Que pincela na tela do firmamento
Nuvens velozes, sem norte, em desalinho,
Na terra, entre bosques, planícies e veredas,
Folhas secas e mortas em redemoinho.
Lagartas misteriosas que escondem em seus casulos
Sua beleza, evidenciada por matizes coloridas
Lagartas enclausuradas que permanecem em silêncio
Até o momento do despertar para a liberdade
Lagartas que ao romper a seda se entregam ao sopro da brisa
Transformando-se em borboletas repletas de energias
Voando sem rumo, desconhecendo seu destino
Livres, levando mensagens de amor e alegria
Abram a porta de meu Jardim Secreto
Onde cultivo flores coloridas e perfumadas
Se sirvam, do néctar, do mel, ali escondido
Beijando suavemente as flores que tem vida
Quando saciarem sua fome, sua sede, seu cansaço
Abro a porta para seguirem seu rumo incerto
E, quando novamente, alçarem seu voo na imensidão
Recolho-me ao mistério de meu jardim secreto.
Falar em primavera
É falar de cores e flores
É falar de aromas
De florais aldeídos
Ou chipre florais
Que inebriam sentidos
Falar em primavera
Lembra ventos e brisas
Gorjear de asas coloridas
Folhas que em balé farfalham
O renascer da vida e alegria
Verde esperança que se fixa
Falar em primavera
É falar de fadas saltitantes
Que em mágica transmutam
Dor, tristeza e desesperanças
Daqueles passageiros itinerantes
Que acenam em sua despedida.
Vem brincar para ser feliz,
Abram alas para dar passagem
As trombetas dos Arcanjos e Anjos
Que anunciam um renascer
Uma vida que ainda crê
Que a brisa dos ventos
Como arauto da felicidade
Traz mensagens alicerçadas
Do semear nos sentimentos
De ver germinar no silêncio
O tempo, de felicidade e paz.
Um ser especial, uma missão especial
Artesão das letras e números na formação
Tua voz sempre é melodia de poesia
O giz em tua lousa é um mágico pincel
Que traz um colorido alegre para a vida.
Um Mestre sábio divide conhecimentos
Na doação sem limites, sem restrições
Desbrava caminhos por onde passarão
Milhares de pequeninos que amanhã
Adultos, maduros e responsáveis serão.
A recompensa para quem fez a escolha
De uma carreira de espinhos com abnegação
Chama-se respeito e reconhecimento
Sejam abençoados em todos os dias de vida
Professores, Mestres, Educadores.
Uma Bandeira com suas cores e símbolos
Representa a identidade de uma Nação,
E, quando tremula com a brisa dos ventos
Lembra a liberdade e a soberania de um Povo
A minha Bandeira traz o verde da esperança
Simboliza as matas onde pássaros gorjeiam
Os verdes campos com seus solos produtivos
Aptos à semeadura e a colheita para alimento
Traz o amarelo do Sol, o ouro de nossas riquezas
O poder, herança da casa Real de Bragança
Tem o azul que simboliza a aboboda celeste
Cravejada de estrelas que, como diamantes
Representam cada Estado que forma a Pátria
Ainda traz a cor da Paz, a alvura do branco
Onde está nosso lema de honra e dignidade
Escrito por homens sonhadores com caráter.
Meu Brasil varonil desperta
Teu deitar em berço esplêndido
Não vê o que está ocorrendo
Que o todo no tudo é imperfeito.
Não viste a gangue da corrupção
Tomar conta dos poderes
Virar doença grave, epidemia
Sem ter antídoto
Relembra dos que aqui não mais estão
Que lutaram pela nação com sua coragem
Deixaram seus registros na honrada história.
Avança sem pedir licença
Oferta rotas ou labirintos
Às vezes, agrestes e sombrios
Outras, leves e descontraídos
Entre os sonhos utópicos
E loucas ilusões daninhas
Enquanto o homem se debate
Nas teias de suas vivências
Irado com o inexorável tempo
Que infinito e incomplacente
Deixa fragmentos de memórias
A Alma cingida de lamentos
Um sopro de vida agonizante
Que se extingue em instantes.
O tempo abre os portais da natureza
Para receber o astro rei e sua corte
Um ciclo feito de alegria e preguiça
Um sol vermelho e dunas escaldantes
Um vento morno em abraço envolvente
As gotículas das ondas beijando a areia
Forte aroma no olfato de maresia
Um céu diurno que se veste de anil
Enquanto as cigarras entoam canções
E borboletas visitam floridos jardins
Céu noturno cravejado de estrelas
A grama seca iluminada por pirilampos
Serenata por solitário trovador
O homem, impulsionado pela ousadia
Navega nas emoções em busca da caça
Mergulha nas ondas do desejo e paixão
Sem refletir que verão é um tempo curto
Sol que alimenta as labaredas da ilusão.
Cheiro de mar, gotas de sal
Salpicam minha face e acariciam a pele
“Maresia”, magia, mistério.
Cheiro de mar, gotas de sal
Mistura da vida que germina no solo
E, em abraço terno e envolvente
Traz da água, dádivas a terra.
Cheiro de mar, gotas de sal
Mar de lágrimas, oceanos da vida
Infindas lembranças, murmúrios de dor
Do que o tempo, sem tempo, levou
Cheiro de mar “maresia” de amor.
O Sol majestoso, silencioso despede-se
A Natureza de forma mágica reveste-se
Matizes pincelam bela tela, o anoitecer
Longínquo, único som na quietude,
O carrilhão dos sinos, doce angelitude
Hora sagrada, religiosos em romaria,
A Alma se recolhe para a Ave-Maria
Sinfonia dedilha melodia celestial
Reúne os fiéis para a constância da fé,
Ajoelhados, rezam em fervorosas preces
Hinos dulcíssimos entoados à Virgem,
Homens e Anjos em um coral uníssono.
Antes de nós, para nós, em nós
Heranças, semelhanças, lembranças
Alianças indissolúveis e eternas
Pois somos a manifestação direta
De culturas e crenças incontestáveis
Soma de hábitos e comportamentos
Simbolizam a árvore genealógica
Sementes que na época germinaram
Em outros corpos no porto da vida
Navegaram e zarparam para o além
E esta conexão com o passado
Ajuda a encontrar força e sabedoria
Para a jornada do presente e futuro.
Dois corpos, um arco-íris
Um olhar azul índigo
Entre pálpebras semiabertas
Estremecem no vermelho da paixão
Beijos voluptuosos em tom grená
Nos recônditos da pele laranja
Acariciada pela leveza do lilás
Enquanto o véu prata da lua
Cobre com seu manto de estrelas
Um pincel com toques e retoques
Do branco na tela das percepções
Sombras em nuances gris projetando
O turquesa das sensações e emoções
No amarelo que aquece sentimentos
Em suaves linhas traçadas de anil
Nas curvas róseas sedutoras
Uma explosão de desejos carmim
No translúcido cálice do amor.
Recebe tua noite como um presente divino,
Que envia a luz do luar para banhar tua nudez
Deita em lençóis e almofadas de seda,
Desenhado com as brilhantes estrelas
Deixa despertar os desejos secretos
Que em tua alma afloram desvairados,
Como em um transe ou uma misteriosa magia
Não dorme, não sonha e não fantasia,
Permita que másculas mãos percorram teu corpo
Que beijos cálidos umedeçam tua pele,
Que de tuas entranhas brote o desejo
Entrega-te as carícias, a volúpia dos beijos,
Não te envergonhe dos gemidos e dos ais
Libera a cumplicidade de afagos ousados,
De insanos sussurros, palavras mal pronunciadas
É a realidade, a união de mentes, de emoções,
De corpos cansados e suados, esgotados pela paixão.