Indriso
No Duecento italiano, os trovadores do Dolce Stil Nuovo tomam a estância inicial da canção provençal e a mudam, dando lugar ao que hoje e desde então conhecemos como soneto. Mas, tal e como veremos agora, as possibilidades construtivas que oferecem estes tipos estróficos não terminam aqui, resultando que o soneto aceita uma nova reelaboração significativa (à margem de outras mais discretas como os jogos com estrambotes, o soneto de 13 versos, etc.), dando passagem a uma forma dotada de uma concreta e diferente musicalidade. Essa forma receberá o nome de indriso.
Concebi o primeiro em janeiro de 2001, em Madri. O indriso é um poema que consta de dois tercetos e duas estrofes de verso único, isto é, que está organizado segundo um padrão 3-3-1-1, e surge a partir de uma reelaboração do soneto no que poderia explicar-se como um processo de condensação estrófica. Os quartetos do soneto passam a ser tercetos no indriso. Depois, os dois tercetos do primeiro passam a ser estrofes de verso único no segundo. Fonte: ISIDRO ITURAT. 2004. WWW.INDRISOS.COM
001 - Arte da espera
Arte para artesões sentimentos
Viver sombra emoções
Aprisionados espaços ilusão
Alimentados melancolias, saudade
Onde vida fenece cada instante
Companhia a esperança
Raros seres usam a lógica
Concluem que vida é energia fugaz.
002 - Arte de viver
Permitir inúmeras emoções
Que aceleram batidas cardíacas
Renovam esperanças renascer
Expressar através verbo, alegria, dor
Sem temer entregar-se à ousadia
Desnudar-se, traumas, tabus
Vivenciar o amor que brota
Emoções que florescem.
003 – Abraço
Solidão noites insônias
Preenche meu destino
Organiza meu existir
Promessas, lembranças estações
Ausências, nunca serão presenças
Desejos incrustados pele
Leveza sonhos que flutuam
Universo interior onde sou sombra.
004 – Adeus
Adeus, cinco letras
Cicatrizes que marcam
Registros de perdas
Tempo esquecer ilusões
Coragem prosseguir
Novo motivo para crer
Adeus, desejo sobreviver
Aprendizado do renascer.
005 - Adeus Tristeza
Adeus, ponto final
Entrego-te sonhos, ilusões
Descarto grilhões que mutilam
Não importa que não sinta tua energia
Nas horas da noite, nas horas do dia
Sem te ver estações vida
Sem te ver agrestes caminhos
Quero apenas, ser feliz intensamente.
006 – Afinidade
Sutil sentimento
Intensidade imensurável
Independe sujeito e predicado
Plenitude e transparência
Elo que não se desprende
Verbo expressa clareza
Infinito estado de permanência
Ancora esperanças, certezas.
007 - As mãos
União mãos
Melodia almas
Dedos se fundem
Igual força das águas
Fogo que arde, queima
Ar, eixo dos ventos
Direita, esquerda unidas
Instrumento paz e prece.
008 - Alma nua
Despida
Livre
Sem compromisso
Com bagagens
Experiências
Cicatrizes
Pela imensidão
A versejar.
009 – Acaso
Dia segue curso,
Segundos deslizam sem vestígios
De mansinho chega entardecer
Primeiros acordes melódicos
Ruídos noturnos se evidenciam
Melodia silêncio inquietante
Permeia natureza e reinos
Homem e sentimentos.
010 - Aquarela da alma
Alma, uma paisagem
Com cores emoções
Carrega bagagem esperança
Às vezes um arco-íris
Outras, tempestades fortes
Lembram pôr do sol nostálgico
Entardecer mistérios
Ou, noite em brumas.
011 - Árvores Nuas
Despiu vestes envelhecidas
Matizes suaves acobreadas
Ou, amarelas avermelhadas
Sem nenhum pudor
Estendeu galhos torcidos
Suplicando energia e calor
Fustigadas gélida brisa
Árvores nuas, nuas árvores.
012 - Apenas Horas
Curtas que fogem
Longas da espera
Impossíveis, iguais
Marcadas pela dor
Destinadas, semeadura
Obrigatórias, colheita
Sábio tempo rege
Melodia pêndulo.
013 – Ansiedade
Tempo
Chuva
Vento
Emoções
Sentimentos
Amor
Gota cristalina
Reflete ansiedade.
014 - Átomos de Mim
Buscas errantes
Veredas assertivas
Desditas em cinzas
Em cada verso escrito
Emoções oscilam
Sentimento se fixam
Quimeras acarinhadas
Brisa, filho tempo.
015 - Ondas
Revoltas, rebeldes
Vagas explodem ao chão
Espumas brancas
Formam-se longe
Beijam minhas mãos
Cada reverberação onda
Ilusões que brotam
Ou, no marulhar morrem.
016 - Azares de Agosto
Secular, medo
Atravessar agosto
Registros história
Magia, sobrenatural
Para muitos até fatal
Azares de agosto
Atração do nefasto
Na mente, após no fato.
017 - Águas de agosto
Torrenciais
Destruidoras
Misteriosas
Emergenciais
Derradeiras
Perigosas
Lavam terra e alma
Dádivas Criador, águas.
018 - Até quando
Tempo desejar minha companhia
Vida fluir plenitude
Usarei pena e pergaminho
Afagar. sensações e emoções
Bordar com inspiração
Sensibilidade sentimentos
Até quando estiver escrito
Livro de Deus, dono meu tempo.
019 - Amo-te
Vento, astros firmamento
Trinar pássaros primavera
Canto cigarras verão
Trombetas Anjos sinfonia
Arco-íris entremeado de nuances
Dias amenos que circundam vida
Noites calmaria ou tempestades
Orvalho, sorrisos, lágrimas.
020 - A Ilha
Bela, distante, deserta
Cercada por emoções
Habitantes sentimentos
Praias virgens, areia morna
Coqueiros curvados vento
Náufrago aporta sem destino
Face molhada pranto
Bagagem, sonhos, poesia.
021 – Lua
Enquanto dormes
Lua dança para corpos celestes
E aves sinistras noturnas
Dança lasciva sobre águas mar
Obscena, infiltra sua luz
Veios vermelhos terra
Mistério e enigma silhueta nua
Coberta filigranas de prata.
022 – Arcos
Adentro pensamento
Mergulho entre imagens
Letras rotas, soltas, sílabas vento
Adentro emoções
Enlaço e desenlaço
Instante mágico encontro EU
Arcos para iniciar a viagem do tempo
Mais um passageiro esquecimento.
023 – Pétalas
Vida fluxo sutil energia
Germinar, florescer
Madureza, desfolhar pétalas
Orvalho que as cobrem
Soltas vento, balé esvoaçante
Envolve fragrâncias natureza
Lembranças postergadas mente
Cobrem passado pelo algoz Chronos.
024 – Amanhecer
Sinfonia se faz audível
Revela renascer dia
Raios solares contagiam
Iris capta nuances cores
Multicolorido primaveril
Entrelaçar vida, alegria
Botões germinam e florescem
Envolvidos gotas do orvalho.
025 – Pilares
Natureza, sustentada quatro pilares
Elementos, Fogo, Ar, Água, Terra
Homem curvado reverência
Dia, matizes ofuscantes
Noite, envolvente mistério
Homem, realidade, sonhos
Natureza, energia, movimento
Homem estagnado, medo tempo.
026 - Até mais
Nem sempre somos linhas paralelas
Há encontros, desencontros
Nem sempre sentimentos sintonizam
É possível somar um mais um
O resultado satisfaz os pares
A realização se faz presente
Quando coração e razão divergem
O sábio é dizer consciente, adeus.
027 – Amores
Intensos, frágeis como pétalas
Mantidos no receptáculo sentimentos
Outros, entre histórias vida
Entre uns, dúvida reciprocidade
Outros, anulação individualidade
Tantos se faz despedida
Entre poucos se faz magia
Tantos, símbolo sofrimento.
028 - Magia do Inverno
Estação mágica
Faz-se com lareira acesa,
Tilintar taças
Hibernar corpos na fantasia
Permitir sedução recíproca
Como se fosse, cada instante,
Última vez, onde sedução, paixão
Orquestram sinfonia prazer.
029 - Amor carne
Presídio, grilhões atrofiam mente
Transformam sentimentos instintos
Embrutecem razão, maculam alma
Amor carne dura momento, enquanto
Corpos esfomeados se acoplam
Vorazes se consomem em posse
Carne fenece, perde viço, aroma
Grilhões rompem, em busca da caça.
030 - Baile das Folhas
Orquestra fundo salão
Piano de cauda
Pianista dedilha teclado
Salão tapete folhas
Sobreviventes, vestidas vermelho
Dançam sob luz ensolarada
Redemoinho termina festa
Zéfiro, sem convite, se vinga zangado.
031 - Barco
Oscila à deriva
Águas turvas
Mar em tormentos
Sem remos, bússola
Passageira melancólica
Ilusão alimenta
Sem farol, oscilante neblina
Esfacela-se porta consciência.
032 - Beijo da Brisa
Brisa beija alma
Doçura e calma
Breves sussurros
Ferida alma chora
Eterno mistério
Entre relógios tempo
Instantes e minutos
Perfeita forma e efeito.
033 – Balancete
Palavras cordatas, hábitos
Silencio, visita jardim amor
Invadiu ervas daninhas
Espelho não reflete viço
Mente se veste preguiça
Sentimentos hibernam estações
Amanhecer, como tantos,
Anoitecer, flor de neve, alcova fria.
034 - Bom dia
Vida lhe chama
Outro dia nasce
Sem prévio aviso
Registrará momentos mágicos
Sua individual história
Seja sábio e pleno
Faça saudação segundos,
Minutos, horas, futuras vitórias.
035 - Boca seca
Voz presa enroscada, emaranhada
Teias cordas vocais
Não permite insensatez palavra
Boca que clama, que chama
Sente desejo beijo
Para saciar fome
Garganta seca, umidade boca
Sensações menina, medo ser mulher.
036 – Brisas
Brisas sopram brandamente
Sentimentos, dádivas de amor
Carona asas à felicidade
Pórtico multicores e aromas
Inebria duas almas em comunhão
Acordes angelicais em sinfonia
Abençoa até que eternizem
Uníssona união amor.
037 - Cai a lágrima
Suave percorre face
Molha pergaminho
Tempestade alma
Umedece folha que rasga
Ao ser tatuada letra
Poema que traduz desditas
Caminhos, sonhos, pesadelos
Esculpidos esperança e dor.
038 - Calendário das Flores
Sem números, sem tempo
Apenas aromas perfeitos
Eternidade multicolorida
Sem emoções e sentimentos
Que desalinham mente
Apenas canção vento
Farfalhar pétalas suspiram
Passado, presente, futuro.
039 – Caligrafia
Pena que avança
Silenciosa sobre páginas
Palavras em melodia
Desenhadas com arte
Descreve movimento mente
Viaja espaço do tempo
Porta voz de sentimentos
Promessas, não importa a espera.
040 – Caminhos
Cruzaram-se languidez olhar
Tato carícia corpos
Paladar doces beijos
Sussurro palavras amor
Descruzaram-se viés tempo
Desfeitos, apenas ausência
Cegueira ânsia buscar atalhos
Mudez monólogo dor.
041 - Cartas de Amor
Escritas
Catalogadas
Enlaçadas
Amareladas
Pelo tempo
Que se esvai
Guardadas memórias
Emoções passado, presente.
042 - Catástrofe
Você, feroz vendaval, intempéries
Miséria, fome que lamenta
Peste, que macula pele
Desonra, macula alma
Anjo Mal, Anjo Fúria
Que esquentam caos
Incendeia mentes
Semeia desventura.
043 – Certezas
Inverno, frio cortante
Lembranças, algozes açoitam
Tempo solidão, nostalgia
Lousa branca sem letras
Palavras não se fazem presente
Realidade fustigou-me alma
Impecável forma, esplêndida alvura
Estátua neve, tua imagem.
044 – Claraboia
Tempo, cores diurnas, degradê
Eternidade fenecer da tarde
Terra coberta tons violáceos
Lua, no universo sem cantos
Ilumina terra, marés oscilantes,
Notívagos escrevem em prantos
Claraboia abre-se no infinito
Passarela luzes esfuziantes.
045 – Colóquio
Olhos brilhantes falam
O que palavras ocultam
Sorriso moldura aquiescência
Mãos, sinais mudos
Tatuar carícias, auge indivisível
Beijos, felicidade e esperança
Emoções alimentam sentimentos
Enquanto roda vida gira incessante.
046 – Cenário
Alma, cenário oscilante
Às vezes alvorada que renasce
Outras, anoitecer infindo
Permeia nossa essência
Pincela cores do ápice arco-íris
Hiberna, no infortúnio
Corpo continua sua vereda
Busca em si, inexistente perspectiva.
047 - Como areia
Que vento me leve
Sopro ou sussurro
Rodopio fascinante
Não importa rota
Muito menos destino
Tempo para ficar
Que sopre quatro cantos
Razão para eternizar.
048 – Conquistas
Conscientização merecimentos
Direito à felicidade
Certeza fé que pratica
Metas traçadas, objetividade
Coragem, ousadia busca
Ser proprietário sonhos
Despertar essência vida
Escrever história no livro memória.
049 - Crepúsculo
Despede-se a tarde, universo apazigua
Homens buscam descanso corpos
Espíritos multiplicam luz e energia
Nuances ocaso brilhantes, vibrantes
Cobrem tela imenso infinito
Sol majestoso se oculta horizonte
Ponte arco-íris se faz presente
Percurso entre dia e noite.
050 – Alvorecer
Paisagem encanto descortina
Fontes, cascatas jorram águas
Escorrem sinuosas ravinas
Árvores frondosas deslumbrantes
Flores aromáticas extasiantes
Espelhos refletem mil miragens
Pássaros exóticos revoadas
Silêncio, chamado eternidade.
051 - Curvas da Alma
Lágrima, travesseiro úmido
Revestido de seda, permeado penas
Soluçar, partículas dor
Lembranças sombrias enlaçam mente
Riscos, rabiscos melódicos
Momentos, indeléveis emoções
Perdas, solidão inquestionável
Preenchem curvas da alma.
052 – Conexão
Viagem infinito
Mergulho nuvens
Até pórticos paraíso
Anjos, oração
Melodia, canção
Alma, busca luz
Paz almejada encontrada
Homem e Deus, em conexão.
053 – Discurso
Falar de vida
Monólogo com alma aflita
Sem máscaras, desnudar
Falar sentimentos
Montanhas, eco responde
Ao mar, ouvidos das conchas
Discursar à aurora sobre renascer
Ao crepúsculo, sobre amor.
054 - Delírios
Quimeras incoerentes
Existência sem razões
Amálgama estações
Vida em borrões
Sem definição, resoluções
Mente, desconexos pensamentos
Delírios inconclusivos tempo
Sem origem, trilhas ou norte.
055 – Devaneios
Alimento devaneios
Ao olhar borboletas,
Rosas vermelhas sedução
Cenário de beleza ímpar,
Alimento novas emoções
Alimento devaneios
Sentimentos, pensamentos
Carência amor e paixão.
056 – Destino
Verdade feita silêncio
Propaga sopro
Asas lépidas vento
Destino sem projetos
Teias estranhas tecidas
Sombras pérfidas tempo
Histórias, verdade e mentiras
Verdades, mentiras, fatos amanhã.
057 – Dias
Em dias frios
Nublados, solitários
Brota desejo retornar
À primavera vida
Fazer que não fiz
Ser quem não sou
Angústias permeiam alma
Analiso existência, quem sou eu?
058 - Decisões
Novas ideias
Reformas
Escalar
Obstáculos
Sem medo
Da queda
Só ou acompanhado
Atravesse a ponte do tempo.
059 - De repente
Tempestade se fez vento
Nuvem se fez chuvisco
Riso se fez pranto
Noite se fez dia
Oásis da vida se fez distante
Desejo se fez chama
Sonho se fez quimera
Realidade se fez drama.
060 – Encantamento
Abro janelas mente para escutar
Sussurro ventos, sopro brisa
Entre suspiros, sinfonia Angelical
Vento que me envolva com poesia
Escritas no Livro da Vida
Que fale, esperança e paixão
Um vento exótico e eloquente
Constante sintonia amor.
061 – Desejos
Inconstantes
Inconscientes
Silenciosos
Ausentes
Presentes
Inconvenientes
Alma vaga imensidão
Sem barco para travessia.
062 - Dom do Poeta
Germina e floresce mente,
Alça voo e capta sentimentos
Como luz, escritas em versos
Notas musicais flutuam
Rompem ventos, barreiras tempo
Acoplam-se em sonetos
Palavra, arena vida
Força que doma e incendeia.
063 – Eclipses
Noite e dia, em eclipse
Nevasca cobre terra
Terra sepulta corpo
Luto natureza, lamentos
Abre-se assustador sarcófago
Atrai hálito dos vivos
Letargia, soluços, disfarces
Réstia luz, sol, puro acaso.
064 – Emoções
Fragmentos verdades
Eterno desafio
Homem debelar-se
Entre vícios e virtudes
Perplexidade ser ou não ser
Conflitante dualidade
Enquanto corpo anseia desejos
Alma, perfeição busca.
065 – Elementos
Fragmentos tempo
Terra em labaredas
Água límpida, lamacenta
Vento carona viaja
Asas tempo firmamento
Natureza fenece e renasce
Cada estação um prenúncio
Fartura ou cicatrizes, o destino.
066 - Espelho Partido
Reflexo marcado vida
Lembranças lágrimas contidas
Esperanças soterradas
Sem alternâncias caminhos
Nas estações, vivencias
Contenda, marasmo indefinido
Nem imagem, nem reflexos
Borrões sombras, neste espelho partido.
067 – Esperas
Incertezas que mutilam
Esperança teima sobreviver
Entre angústia e silêncio
Segredos murmurados
Sóis e luas em movimento
Tênue fio preso asas tempo
Pássaro ferido não se ergue
Imersão vácuo infinito.
068 - Eu e Minhas Feras
Com grilhões, trancafiadas
Guardiã, companhia Coruja
Permanente estado vigília
Espreita energias que circundam
Direção próximos passos
Movimento da alcateia lobos
Uivam noites Lua Cheia
Rasgam vestes, nudez decência.
069 – Existência
Divisão dia
Ocaso, crepúsculo
Soma segundos
Pôr do Sol oculto horizonte
Passado, suas cicatrizes
Presente, todas nuances
Futuro, coberto por véus
Estrelas cobrem o infinito.
070 – Expurga
Dor atravessa a alma
Pedras aridez fere pés
Sombras assustam noite
Pesadelos infiltram sonhos
Fantasmas solidão habitam mente
Grilhões descompasso emoções
Após, recebe brisa fresca manhã
Renasce vida, plena felicidade.
071 - Tempo de Outono
Estação amadurecimento
Quietude emocional
Aquarela envelhecimento
Ouve-se som chuvas
Que caem do telhado
Umedece terra
Outro ciclo do tempo
Lágrimas fugidias a jorrar.
072 - Entardecer outonal
Mistério, beleza entardecer
Tardes mais curtas, sol ameno
Folhas espalhadas no chão
Pensamento em rememoração
Outonos passados, quimeras
Aos poucos se infiltra réstia luz
Firmamento tons, nuances
Nudez da lua que desponta.
073 – Exilada
Expressar sentimentos confinados,
Pergaminho roto, amarelado
Pena verte lágrimas, ao invés tinta
Manchas palavras mal escritas
Lembranças opulentas, parcas
De desditas, sem sorte
Grito socorro perpassa morte
Resgatar o renascer, mesmo exilada.
074 – Fantasmas
Dançam confusos e frenéticos
Gravuras pintadas paredes escuras
Sonho névoas povoado sombras
Acordes musicais audíveis à mente
Retumbam como ecos grotescos
Acordei pesadelo aflito
São lembranças presentes
Envelhecidos na lágrima de prata.
075 - Fiandeira do Tempo
Com fragmentos passado, presente
Tece maestria manto do futuro
Quando não restar energia
Quando frio for permanente
Vida, eterno inverno
Sonhará tempo perdido
Cobrirá lembranças quimeras
Esconderá face para ocultar lágrimas.
076 – Fidelidade
No alto, presa ao firmamento
Entardecer que desponta
Acima folhas álamo farfalhar
Negritude ainda não se fez
Infinito azul escuro
Anuncia, vai anoitecer
Estrela oeste inspira poeta
Dedilhar musicalidade versejar.
077 - Gotas de Lágrimas
Inúmeras, impossível registrar
Brotam canto, belos olhos
Decisões ou indecisões
Tristezas fonte sentimentos
Raiva brotam inesperadas
Medo, turva visão e emoções
Acanhamento autocrítica, punição
Reprimidas morrem, cordas vocais.
078 – Griffe
Quando amor estiver em alta
Como marca universal
Homem conhecerá essência
Suas sementes percepções
Germinarão emoções
Paz se espalhará humanidade
Cálice sentimentos
Néctar, harmonia, luz.
079 - Arte tecer ilusão
Inconsequência, promessas
Palavras, alimentam quimeras
Tempo se esvai, só espera
Ásperas curvas sinuosas caminho
Lembranças reescrevem histórias
Ações, traumas, causas, efeitos
Segredos ocultos véus do inconsciente
Labirintos, descaminhos sentimentos.
080 - Há vento
Sopra e balança folha
Abre porta que range
Balança pêndulo
Marca uma, duas, três
Tempo que passa
Enquanto som do sino
Em sinfonia com vento
Distribui dádivas felicidade.
081 - Herança dos Poetas
Legado é honra
Ouro, as letras
Fama, versos e rimas
Alimento, poesia
Percepção, prisma olhar
Sensações, aflorar da alma
Emoções, sorrisos e lágrimas
Sentimentos, entre ódio e amor.
082 - Homem ou sombra
Pegadas fundas direção mar
Areia úmida que espuma beija
Mãos, cálice veneno mortal
Movimento, oscilar corpo
Sob a escuridão da noite
Vagas, lágrimas banhadas luar
Homem ou sombra, ombros curvados
Dores vida, silenciosa morte.
083 - Horas Inertes
Passam sem perceber
Geradas fontes tristeza
Parida nos segundos incerteza
Pergaminho, uma escrita
Revela rastro saudade
Poema, lágrima eternizada
Amor não fenece, apenas adormece
Em trêmulos ais, horas acordam.
084 – Humanos
Iguais, qualidades e defeitos
Inteligência e oportunidades
Desafios, mesma intensidade
Diferença, o percurso traçado
Escolhas, opção Livre Arbítrio
Aprendizado, conhecimento
Humanos, necessitam entrelaçar mãos
Conectarem-se ao amor universal.
085 – Impermanência
Zunido, vento assusta
Peralta, brisa dança
Sol vespertino, desperta
Vagas, ruidosas explodem
Gelo, acumula camadas
Lua, suas quatro fases mágicas
Introspectiva, analiso verso e reverso
Impermanência é energia, flui espera.
086 – Intempérie
Ruídos passos miúdos, apressados
Fogem chuva fria, interruptiva
Molha calçadas escorregadias
Vestuários colados, sapatos alagados
Frio intenso perpassa corpo físico
Soluços persistem respirar vital
Sensibilidade aflora lágrimas
Emoções congelam utopias.
087 – Ilusão
Sentença silenciosa
Tatuada sentimentos
Peregrina emoções
Habita âmago alma
Calada, traiçoeira
Alimento, desejos
Maquiavélico carcereiro
Cela da solidão.
088 – Inverno
Chega mansinho
Noite em tons cinza
Frio, vento, nevasca
Silêncio cobre natureza
Galhos curvam e reverenciam
Solstício de Inverno inicia
Seus atributos conhecidos
Óbito energia, escuridão.
089 - Lágrimas de chuva
Pingos suaves afagam
Folhas sedosas, flores coloridas
Quem sabe sutil beijo?
Rosa germina botão
Torna-se viçosa, recebe orvalho
Esmaece ocaso em silêncio
Lágrimas que banham vida
Jardins ressequidos da terra.
090 – Lamparina
Presa na mente ilumina silhuetas
Fazem parte lembranças
Indistintas, esmaecidas tempos
Como espectros noites gélidas
Habitam inquietante sonho
Desejos fugazes se escondem
Luz incide frações segundos
Desconhecido, rumo horizonte.
091 - Letras
Unidas
Formam registros
Identidade memória
Nas páginas
Úmidas do orvalho
Amareladas com o tempo
Um livro de vida
Chamado passado
092 – Loucura
Vagas razões
Sem imagens
Sem coerência
Eterno caos
Triste canção
Teatro sem plateia
Alma notívaga
Reflete vácuo.
093 - Lua Cheia
Esplendor infinito
Ilumina noites
Mistério, magia
Musa amores
Paixões
Amantes
Uivar de teu lobo
Reacende desejos loucos.
094 – Liberdade
Pensamento, palavra, expressão
Páginas escritas, lidas, catalogadas
Outras, rascunhos delineados
Caminhos sonhos levam ao horizonte
Cada renascer, sopro amanhecer
Cada estrela anuncia anoitecer
Gotas águas cristalinas é vida
Nuances onde imerge alma.
095 – Borboletas
Misteriosa metamorfose
Impulso rompe casulo
Asas a farfalhar
Busca natureza liberdade
Ritmo nascimento
Hoje, amanhã quem sabe
Sem lembrar que existe morte
Companhia, vento primaveril.
096 – Voar
Sem barreira ou fronteira
Aspirando suave brisa
plenitude elemento Ar
Fugir tempestade
Dilacera sentimentos
Cobre alma neve
infinito é vasto
Perfeição é fábula.
097 - Linhas das Mãos
Linha vida, independência, vida longa,
Linha cabeça, intelecto claro, forte,
Linha casamento, relações marcantes.
Linha filhos, hoje possuo,
Linha coração, emoções, intuição,
Linha destino, trabalho e prosperidade,
Minha mão elementar leu a cigana
Autenticada na trajetória.
098 - Espelho do Tempo
Espelho, passagem tempo
Reflexo, nem sempre traz alegrias
Paradoxos queda vida, morte
Declínio inexorável, sutil vitalidade
Ventos transformados, tempestades
Retrospecto, linhas curvas, retas
Marcas profundas temporalidade
Passado, presente, destino.
099 - Mulher Nua
Nudez corpo, banhado de luz
Olhos brilhantes, felinos
Curvas, se chama destino
Mente, perigoso enigma
Boca, convite sensual
Emoções, resíduos desejos
Em qualquer circunstância
Um ser especial.
100 - Mergulhe
Solte amarras
Futuro incerto
Plenitude presente
Mergulhe percepções
Desfrute sensações
Labaredas paixão até amor
Mergulhe sintonia vida
Não seja náufrago existência.
101 - Mudanças
Tudo muda
Emoções
Sentimentos
Regras
Conceitos
Pessoas
Mudanças, tentativas
Mudanças, renascimento.
102 - Mudez da Alma
Lembranças marcadas saudade
Silêncio despido, cores, sentidos
Sina, acaso provado, escolhido
Permeada, solidão, melancolia
Pulsar vida se faz energia
Enquanto mente desenha lembranças
Realidades inconstantes, imaginárias
Enclausuradas, fotos emolduradas.
103 - Minhas Metades
Crepúsculo tinge infinito
Vagarosa quietude manhã
Sensível ou insensível emoção.
Consciência Alma despida culpas
Insanidade perscrutar quimeras
Ousada ou, inércia preferências
Metade muda silencia fatos
Ou, que instiga revelar segredos.
104 - Miragem
Oásis escaldante lembrança
Réstias sol ornamentam
Atmosfera febril paixão
Canção envolvente
Libera corpo balé excitante
Notas inaudíveis amor
Adormecer busca miragem
Sonhar, realidade vida se faz.
105 – Passamento
Sempre teve lugar de destaque
Cultura das antigas civilizações,
Entre crenças, ritos e tradições.
É necessária reflexão sobre efemeridade
Vida e suas sombras, passamento e luto
Na atualidade é armazenado
No compartimento do esquecimento
Opção do sofrimento, apenas no ato e fato.
106 - Trilha das Emoções
Embarco asas ventos
Viajo trilhas marcadas tempo
Busco desvendar essência ilusão
Perscruto intensidade emoções
Afloram e corrompem razão
Insanidade infiltra sem licença
Vento, sopro rasteiro mostra
Dualidade existência, vida e morte.
107 – Neve
De mansinho, neve
Inunda ruas, avenidas
Cobre galhos despidos
Meus sonhos nus,
Desprovidos de fantasia
Nuances coloridos
Frio dilacera alma
Soterra ilusões.
108 - Noite
Encoberta densas névoas
Ruídos sons aterrorizam,
Vento gélido, frio cortante,
Entrelaçado solidão
Ermitão esquálido, quase desnudo
Caminha neve, lamúrias
Fenece carne, dilacera esperanças
Penetra torpe escuridão.
109 - Noite de Luar
Tênue luz vespertina se esconde
Silêncio faz nascer noite
Lago espelhado sussurra canção
Gorjeio pássaros galhos emudece
Solidão faz prece nostálgica de joelhos
Sombras desenham balé espectros
Lua imerge firmamento
Tatua prata lágrima de tristeza.
110 – Nostalgia
Quietude tarde
Desejo volúpia acentua
Acende-se flama paixão
Reflexo dourado acaso
Traz entardecer dia
Lembranças de alguém
Néctar, taça sensualidade
Transborda vida e prazer.
111 - Véus da noite
Estrelas iluminam noite
Labaredas aquecem mente
Inverno frio, profundezas do ser
Olhos semicerrados observam Lua
Vento gélido beija a face
Corta carne, lâmina afiada
Longe, uivar lobos inquietos
Perto, emoções enregeladas.
112 – Nudez
Entardecer outonal
Céu aquarela nuances
Tons azulados horizonte
Raptadas por suave vento
Árvores entregam ao tempo
Folhagens que as vestem
Galhos desnudos se entrelaçam
Ocultam nudez, envergonhados.
112 - No tempo que me resta
Quero adormecer beira-mar
Revestir-me raios lunares
Sentir carícias brisa
Escrever poemas
Sem pena e pergaminho
Materializar sentimentos
Tatuá-los areia úmida
Para espuma mar beijar
113 - Noite de luto
Vestida com manto negro
Bordado sem estrelas
Salpicado por neve fria
Névoa transforma-se chuva
Inunda rios e lagos
Altera marés mares
Sinos tocam, sussurrar ventos
Anjos rezam às almas irreverentes.
114 – Óbito
Passagem outro Universo
Aromas florais exalam leve
Adeus, saudades outrora
Lamento murmúrio águas
Veredas tapete sentimentos
Mestres guiam ao aprendizado
Anjos despojam invólucros
Repouso sombra jardim eternidade.
115 – Outono
Sol se despede cedo
Natureza troca roupagem
Estação de alternâncias
Cai chuva miúda
Pássaros migram, até breve
Firmamento cores nobres
Árvores se despem em balé
Assobio vento, sinfonia.
116 - Mensagem de Chonos
Não me conheces, sabes que existo
Conheço passado, presente
Estarás velho quando for futuro
Conheço emoções, anseios
Desejos manténs confinados
Sou papiro de tua história
A qual, registras, com pena
Lágrimas que marcam face.
117 – Astros
Trajetória contínua
Perpassam galáxias desconhecem
Duração segundos, minutos e horas
Conceito que possuem, brevidade
Passagem luz que rasga
Temporalidade
Remoto, presente
Futuro, quem sabe caos.
118 – Conjuntura
Muitos acordam, se apressam
Mente ideias borbulham
Busca alcançar objetivos
Enquanto fenecem horas
Dia finda, anoitece
Homens retornam jornada
Assim, vida decorre efêmera
Para muitos, minutos perdidos.
119 - Obras esquecidas
Pena, pergaminhos, inspirações
Sensibilidades afloradas, emoções
Poesias, inesquecíveis musas
Romances escritos, luz de velas
Reais ou fictícios, histórias vida
Sentimentos contraditórios e conflitantes
Emaranhado sentimentos
Esquecidas através do tempo.
120 - Mar e Paixão
Mistério
Mar indomável
Algoz vidas
Mistério
Paixão avassaladora
Envolvente, profunda
Mergulho enigmas
Ilusões, perigos.
121 – Poeta
Nem tudo que escreve
Vivencia presente, sentimentos
Fazem parte bagagem alma
Que entre idas e vindas registram
Realizações, desditas
Neste emaranhado emoções
Insights lembranças guardadas
Eternizadas entre vidas passadas.
122 - O tempo adormeceu
Letargia tomou posse
Com ela, sonhos,
Esperanças, desejos
A alma adormeceu
Cansada, desnutrida
Caminhos agrestes
Energia vital feneceu
Homem esquece lembranças.
123 - Outono Interior
Notas melancólicas
Piano em lamento
Busca notas distantes
Nas folhas, tons avermelhados
Vento rápido que gela
Tristeza que pálpebras fecha
São mistérios do ser
Que vê vida fenecer.
124 – Platônico
Sentimentos receptáculo alma
Se furtam intimidades fugidias
Emoções pulsantes castidade
Recolhe-se à solidão, espera
Novas estações, embarques, desembarques
Busca alimento em quimeras
Não é insanidade, é lógica sobre impossível
Certeza, sonhos ser proprietário.
125 – Plenitude
Amanhecer acompanha plenitude
Energia flui e louva Astro Rei
Sorve néctar sutil que alimenta vida
Acaricio pétalas, se desfolham
Caminho ao olhar infinito
Busco remissão pecados
Creio condescendência Criador
Creio constância da mudança.
126 – Versejador
Entre percepções que captam
Sensações permeiam
Emoções causam frêmitos
Nuances quimeras
Esperanças criam vida
Notas destilam paixão
Lembranças funestas saudade
Consciência de um alicerçado amor.
127 – Partilha
Convidei-te partilhar
Céu outonal entre nuances
Mudam frequências cada instante
Mãos dadas veredas
Diálogo percepções, sensações
Emoções, sentimentos
Partilhar sonhos de vida
Cada estação, frutificar o amor.
128 – Passado
Recordar o que foi palpável, existente
Passado, insiste em ser presente
Atrofia decisões lógicas, coerentes
Papéis catalogados ciclos inexistentes
Mágoas não incineradas
Certificados melancolia, tristeza
Retroceder até capítulos findos
Labaredas que se tornaram cinzas.
129 – Pássaro
Em voo gracioso
Plana infinito
Fecha asas abraço
Sua mensagem
poesia muda
Entre seu ir e vir
Mostra vasto universo
Lembra que somos finitos.
130 – Perfeito
Dia, nuances coloridas
Grãos areia dançam vento
Frondosas árvores, frutos, sombras
Voraz oceano, vagas intempestivas
Águas mansas rios, lagos
Terra, brota e germina sementes
Estrelas iluminam salões firmamento
Lua, Deusa da Noite, criação Divina.
131 - Pérolas orvalhadas
Umedece tenros botões
Germinam jardins da vida
Emoções, sentimentos
Floresceu botão esperança
Paz, amizade, confiança
sonhos e felicidade
Pérolas orvalhadas, lágrimas
Inunda desamor.
132 – Poema
Poema, minha musa
Palavras, imagem
Magia, versejar
Sentimentos, essência.
Nós entrelaçados
Dueto encanto
Alma e poesia
Minha vida, poetar.
133 - Pôr-do-Sol Outonal
Firmamento pincelado
Raios rosa, vermelhos
Criador o artista
Folhas nas veredas
Animais buscam abrigo
Longe, ruído águas riacho,
Folhas árvores oscilam
Fascina tons castanhos, dourados.
134 – Prenúncio
Sensação, ansiosa espera
Emoções, adentram mente
Sentimentos, extasiados
Sombra perpassa olhos
Expectativa tempo vida
Mergulho mar enlevo
Prenúncio realidade, talvez quimeras
Antevejo satisfação desejos.
135 - Percorrendo o Mar
Entre ilhas navego
Mares desconhecidos
Maresia emoções
Afasto-me margens
Diluo sentimentos
Entre imagens enlaçadas
Lembranças jogadas a esmo
Mergulham mar esquecimento.
136 – Primavera
Abraços aromáticos brisa
Botões rosas germinam
Frágeis, lírios e jasmins
Multicoloridas borboletas pousam
A natureza ilumina, primavera
Espíritos, oráculos encantados
Prenunciam promessa renovação
Germina felicidade em cada emoção.
137 - Melodia Primaveril
Chilrear pássaros
Zumbido abelhas
Cricrilar grilos
Zumbir besouros
Grasnar gaivota
Coaxar sapo
Balé folhagens
Reverenciam espíritos do ar.
138 - Pincelei de Verde
Vida, quimeras
Tonalidades
Pátina tela tempo
Pincelei verde estações
Espargi tinta relva fresca
Hera que envolve sentimentos
Tatuei digitais em letras
Deste poema, verde esperança.
139 – Poesia
Folhas secas
Páginas amareladas
Livro vida
Solidão
Amargura
Frustração
Seu registro efêmero
Odor implacável tempo.
140 – Semeador
Alegria quem semeia
Observar umidade terra fértil
Semente irá germinar
Não desanima se fruto fenece
Esperança amanhecer
Sol, horizonte desponta
Semeador tem consciência
Colheita, desígnio Criador.
141 – Palavras
Bendita
Incentiva
Dignifica
Maldita
Arrasa
Destrói
Vento leva asas na ida
Voltam no ecoar.
142 - Palavras ao vento
Soprei ao vento
Palavras que perseguem
Para dissolver no ar
Palavras dúbias
Permeadas de fel
Só aniquilam
Armazeno quatro palavras
Um dia irei amar.
143 – Presságios
Acordou vento
Desamarrou nós
Despiu árvores
Envergou galhos
Fez verter lágrimas
Chuva inunda vala
Reza vento com nove ramos
Assopra presságios nascer aurora.
144 – Tempestade
Natureza vê existência ser destruída
Com avalanche e enxurradas
Nas águas doces de fontes e rios
Homem vê memória fenecer
Esquecimento histórias de vida
Féretro cinzento das lembranças
Despojos da tempestade arrastam
O tudo que se transformou em nada.
145 – Paixões
Vendaval de paixões
Sensações excitantes
Vidas entrelaçam
Momentos fugazes
Desejos instantes
Sem prudência
Regras, exceções
Apenas interrogação.
146 – Peregrino
Manto negro
Cobre peregrino
Agrestes atalhos
Revestido de solidão
Iluminado minguante lua
Cobre lividez face
Alma perdida trajeto
Mergulho silenciar.
147 – Pesadelo
Vozes guturais noite
Labirinto percorrer
Pegadas formas dantescas
Lágrimas abundância
Inconstância trajetória
Escalar paredes invisíveis
Sons sussurros dispersos
Engodos, fabricados mente.
148 - Quero ser eu
Tocar a pele, me sentir viva
Vencer medos
Oscilantes dissabores
Inteira para o destino
Guerreira, ousada, tímida
Na espera que as brisas
Traga sopro energia
Renove energia vital.
149 – Quietude
Mente vazia
Pensamentos desconexos
Horas letargia
Dias, noites sem fim
Só o suspirar não silencia
Simboliza vida
Palavras calam e lágrimas
Silenciosamente deslizam.
150 - Quero voar
Após tempestades assustam
Quando soprar ventos brandos
Dos quadrantes
Pêndulo anunciar madrugada
Asas liberdade me fascina
Encontro mistério da vida
Quero voar sem compromissos marcados
Corpo, alma despidos.
151 – Razões
Algumas vezes, impedem e regem
Outras, ferem sem razão
Ou caem e se erguem
Algumas esquecem se fundem
Outras, interferem se ofendem
Tem razões, que surpreendem
Outras tantas, iludem e partem
As que ficam se entendem.
152 – Renascer
Não olhe para trás
Liberte mágoas, amarras
Leia a inscrição, passado
Não olhe para trás
Nada mudou, apenas cicatrizes
Estrupo sentimentos
Além do horizonte espelho reflete
Você inteira e verdadeira.
153 - Rosas Vermelhas
Pétalas vermelhas aveludadas
Que orvalho noite beija
Que Sol dia aquece
Pétalas vermelhas desfolhadas
Germina início paixão
Desabrocha fragrância amor
Musa de poetas e poesias
Desfolham beijos aragens.
154 - Refúgio do Poeta
Essência coberta tênues véus
Jorra sensibilidade, inspiração
Ocultas sensações, emoções
Grutas rochosas efêmera ilusão
Relevos vulcânicos cobertos de paixão
Alma, guardiã mistérios, segredos
Permite fluidez sonhos
Permuta sentimentos.
155 – Relógio
Em tic-tac incessante
Somam-se segundos, minutos
Transformados em horas
Dias, meses, anos
Com o nome de tempo
Horas usadas semeadura
Ou na duvidosa colheita
Sob vigilância da consciência.
156 – Rótulos
Porque rotular
Poesia?
São expressões
Versos livres
Oral ou, na escrita
Trazem mensagem para reflexões
Sentimentos não se rotulam
São sutis energias.
156 – Rastros
Linhas retas, curvas, sinuosas
Ando em círculos a esmo
Aprisionada, palavras sem sentido
Pensamentos cerceados mente
Distancias, encontros e desencontros
Resíduos fúrias tempestade
Ilhas, náufragos mar esconde
Busca no infinito, rastro iluminado.
157 – Rascunhos
Tantos papéis amassados
Mensagens tatuadas
Discurso vivenciar amor
Rolaram a esmo ao vento
Queimadas, cinzas no tempo
Cobertos tênues véus consciência
Enterrados no compartimento sonhos
Aridez corpo, fluidez alma.
158 – Religiões
Muros dividem homens iguais
Tornam semelhantes em opostos
Guarida Pai não faz diferenças
Cada uma com seus dogmas
Suas guerras rotuladas santas
Revestidas de hipocrisia, heresia
Enquanto Deus, por seus filhos chora e ora,
Perdidos, dirigidos, caminho do caos.
159 - Rota dos Ventos
Ventos tépidos traz aromas
Das flores banhadas de orvalho
Exalam envolvente néctar
Mistérios da vida em evidência
Imperceptíveis olhos face
Inerentes à luz olhos Alma
Rotas dos Ventos, caminhos das brisas
Multicoloridas flores, para atapetar destino.
160 – Renúncia
Vida, sonhos, quimeras
Amor tempo findo
Passado de vestígios
Flor não germina
Fruto não se prova
Aroma marcou época
Direitos que são deveres
Exéquias do implausível.
161 - Se fosse possível
Vida perfeita
Alma satisfeita
Desconhecer tristezas
Realizar desejos
Colher paz, esperanças
Vida ser eterna história
Revelar falsidades
Resguardar individualidade.
162 - Sonhos Oníricos
Realizações em sonhos cristalizadas
Alimentam vitórias desejadas
Colheita na jornada
Rompem barreiras impossível
Acompanham esperanças concretas
Enfrentam intempéries
Caminhar entre rosas
Sem conhecer espinhos.
163 – Silhueta
Pincelada tela sonhos
Flutuam mente
Direciona olhar inexpressivo
Confundo com devaneios
Dançarinos sob brilho lua
Inquietude do ser ou não
Silhueta, quando madrugada se foi
Roubou alento, contorno seduz.
164 – Sensações
Abraço brisa,
Êxtase percorre corpo
Pele arrepia-se prazer
Gotas orvalho umedecem
Boca sedenta de beijos
Mitigando sede voraz
Aromas espargem ar
Exalam fadiga amor.
165 - Ser Fênix
Consciência final de cada ciclo
Dia a dia, após mortes repetidas
Renascer instantes cinzas
Abrir asas, absorver energia
Regar veias energia vital
Um grito, sinalizar vagido
Sobrevoar desejos ardentes
Viver eternidade, minuto presente.
166 - Ser Jovem
Juventude não é período vida,
Sim, estado espírito, vitalidade
Imaginação, criatividade
Audácia prevalece sobre timidez,
Sede amor, aventura cotidiana
Pensamentos, metas brilhantes
Você será jovem enquanto reverenciar
Desejo de ser criança.
167 - Ser Velho
Você não envelhece apenas pelo fato
Da soma dos inúmeros anos de vida
E sim, quando abandona seus sonhos
Você envelhece quando seu alimento
É tédio, insegurança, desesperança
Quando curva a cabeça e renuncia vida
Quando mente é povoada depressão
Com lágrimas escreve na alma – desisti.
168 - Sementes da Paz
Semeie em seu coração
Amor, esperança, perdão
União, tolerância, compreensão
Sementes germinarão mente
Com consciência, sabedoria
Você terá universo de igualdade
Permeado, prosperidade, segurança
Harmonia entre povos e nações.
169 – Segundos
Dias se sucedem
Segundos deslizam, sem vestígios
De mansinho chega entardecer
Primeiros acordes melódicos
Ruídos noturnos evidenciam
Inquietude se faz presente
Permeia natureza e reinos
Homem e sentimentos.
170 – Sinfonia
Dedilhe cordas tempo
Com maestria, pois a sinfonia
Mesmo inaudível, se conecta
Com notas musicais do Universo
Com melodia nosso interior
Sinfonia do ocaso
No gorjeio de alegres pássaros
No vento, brisa, alvorecer.
171 - Sem palavras
Que seja assim, palavras
Sem metáforas, artifícios
Verbos que danifiquem
Fragmentos diurnos se arrastam
Noites que entorpecidas quedam-se
Alma recolhe-se na mudez
Corpo perambula sem norte
Esperança, sombra que definha.
172 - Sonhos de Fogo
Em sonhos fogo
Tatuo corpo labaredas
Que dançam sem queimar
Deixam rastros de desejos
Cerceados quimeras
Se abandonam em prostração
Brotam inconsciente
Quando consciente renega por pudor.
173 - Sonhos do Ar
Mente inquieta aflora
Palavras soltas vento
Que carrega asas tempo
Sonhos febris, aventureiros
Onde respiro liberdade
Do ir e vir trajetória
Dualidade, brisa fresca
Furacão sentimentos em levitação.
174 - Sonhos da Água
Mergulho rios e lago
Desemboco oceanos sensações
Canto timbre cálido
Em lendas sou Ondina, Sereia
Madrugadas amor, anseios
Única tripulante, barco ilusão
Náufraga entre realidade, quimeras
Renasço fonte emoções.
175 - Sonhos da Terra
Metamorfose em concordância
Metas projetadas mente
Armazenadas, filtradas, coerência
Tanto sou fada, com o vento
Bruxa encarquilhada, clareira floresta
Enfeitiça, poções amor desejado
Posso ser borboletas, grilos cantantes
Ou, serpente com mortal veneno.
176 – Sons
Cada estação, sons pertinentes
Outono, sussurrar brisa
Farfalhar folhagens
Folhas despencam
Serpenteiam direção vento
Que carrega sem pedir licença
Assim como vida e sentimentos
Cicatrizes rugosas soluçam, no presente.
177 – Silêncio
Expressa vazio da alma,
Perambula vai e vem caos,
Busca abrigo hibernar
Defesa, sobrevivência carências
Busca, alimento alma imortal
Este silêncio interminável
Autentica, realidade de meu universo,
Início, meio, final.
178 – Submerso
Mergulha mar poesia
Transforma dor em amor
Navega mares felicidade
Cumplicidade oceano
Aroma maresia
Emoção e equilíbrio
Não busca infinito, o eterno
Vive instante, amor submerso.
179 – Solitária
Solidão preenche pensamentos
Sentimentos, espaços vagos
Eterna paz caminho
Ser solitária é autodefesa
Companhia esperança
Não ser violado altar sofrimento
Certeza não ser vítima incertezas
Exercer sabedoria consciente.
180 - Simplesmente Poeta
Sensibilidade aflora sutilmente
Memória reacende sentimentos
Lembranças amareladas tempo
Arte, véus inspiração e fascínio
Grafia, misto prazer, agonia
Afirmação, cada instante
Simplesmente poeta, alquimista
Transmuta aspirações, sedução em poesias.
181 – Sopro
Brisa, vento, trajeto tempo
Vai e vem oscilante, impreciso
Às vezes mais aquém ou além
Perdido do Norte, não enraíza, brota
Balança entre curvas tempo
Refém hífen, virgula, reticência
Voam fragmentos mosaico
Retalhos instantes.
182 – Sussurros
Cânticos Vento
Quando desnuda árvores
E possui em enlace
Voraz, encurva até húmus terra,
Preenche rasgos, sulcos,
Suga néctar cerne
Audaz, vento se ergue satisfeito
Cavalga, em busca de outra caça.
183 – Travessia
Entre o ir e vir
Trajetos visíveis ou obscuros
Lua pálidos reflexos
Ilumina travessia do caminho
Passado, presente, futuro
Corpo curva débeis suspiros
Extirpa pesadelos mente
Sepulta esperanças, sonhos.
184 - Só esta noite
Esquece a tempestade que fustiga
Fantasmas que te perseguem
Expurga dores, ressentimentos
Entrega desditas asas vento
Seca lágrimas amargura
Ilusão se cobre de fantasias
Só esta noite, em mim te aninha
Faz de conta que sou o amor que querias.
185 – Sombras
Obscurece negritude noite
Memória em tropeços desfalece
Ilusão que cega a lógica
Sombras à direita cobrem quimeras
Esquerda a ansiedade que assombra
Meio, eternidades do tempo
Zombarias cobrem tênue luz
Último sonho incolor, no vácuo.
186 – Simplicidade
Brisa a beijar o rosto
Dormir relva verde
Sentir o aroma flores
Voar nas asas da esperança
Melodia canção
Murmúrios, sem palavras
Aspirar maresia à beira-mar
Colher flores em devaneios.
187 - Tecendo Sonhos
Triste sina, fiar sonhos
Cumplicidade e desejo
Arte roubar beijos
Felicidade momentânea
Fios desenhados como teias
Prendem alma em mudez
Amarram corpo ao prazer
Guiam mente como marionetes.
188 - Tua Imagem
Sem disfarces pensamentos
Cada rosto, cada esquina
Entre crepúsculos
Algoz, um risco, um rascunho
Rastro não se dilui nos sentimentos
Sustenta emoções em delírios
Recôndito lembrança
Guardadas sentinelas do amor.
189 - Tempero do Amor
O amor é temperado
Doses de confiança, paciência
Mistério, romantismo e surpresas
Respeito mútuo e sensibilidade
Fazer de cada dia todas as estações
E exercitar seus cinco sentidos
Trancafiar memória
Intimidades, registros de sua história.
190 – Ciclos
Ontem, passado
Hoje, instante
Amanhã, destino
Teimosia que acompanha
Morte que se avizinha
Pesadelo que atormenta
Esperança se veste de sonho
Realidade mostra o avesso.
191 – Efemeridade
Atrelados passado
Revestidos lembranças
Fantasmas que rondam
Entre realidade e fantasia
Cultivo de sentimentos
Cada segundo, recomeço
Futuro será o presente
Lembrem, vida é fugaz.
192 - Tenho Medo
Sentimentos fenecem
Em mim, em ti, em nós
Monólogos permeiam presente
Tênue luz, sombras
Horas correm algozes
Fontes secas sem energias
Véus diurnos desnudam sina
Véus noite fomentam dores.
193 - Três Tempos
Passado, noite ilumina lagos
Árvores em tons azulados
Vento balançando galhos
Presente, poema saudade
Tentativas secar lágrimas
Encontrar rota felicidade
Futuro, certeza definida
Casa gélida abriga corpo.
194 – Vendaval
Ventos e marés beira mar
Fustigando areia
Longe, ruidosas trovoadas
Vagas imensas banham
Penhasco imponente
Abraço possessivo
Tempo, um enigma
Com discursos ambíguos.
195 – Desvario
Dias elencados
Sensação estranha
Cercava e unia
Capaz transformar vida
Instantes sãos em delírios
Atração, sedução, fantasia
Volúpia e sensualidade
Despertar, idílio fantasia.
196 – Vida
Viagem tempestiva
Esvai passagem efêmera
Navegação ininterrupta ciclos
Sucessivas investidas desafiadoras
Realidade estrutural condicionada
Se cumpre sina por nós modelada
Desde nascer até o óbito
Sem cúmplices ou intermediários.
197 – Viagem
Rumo emoções
Lembranças, saudades
Fragmentos nostalgia
Explorar inspiração
Transmitir de forma poética
Palavras que tenham sentido
Penetrem essência
Eternize grafias.
198 - Sem Memória
Instala-se mente
Torna o ser ausente
Refém vazio
Ermitão pelo tempo
Sem história
Sem registro
Solitário, meio de tantos
Sem conexão com o presente.
199 – Épocas
Flui
Corre
Formam Eras
Chorar
Sorrir
Amar
Longas, arrependimento
Paixões, esquecimento.
200 - Arte Cemiterial
Mármore, granito, estela com inscrições
Cruzes, coroas, vasos, arte da época
Fotografias, símbolos de crenças
Esculturas angelicais ou humanas
Entre arquitetura de mausoléus e capelas
Sem esquecer túmulos em cova rasa
Pedágio que sinaliza fim da vida
Habitat dos mortos no mundo dos vivos.