Rascunhos da Alma, dedicado à literatura poética. 

Indriso

Indriso

       

 

 

No Duecento italiano, os trovadores do Dolce Stil Nuovo tomam a estância inicial da canção provençal e a mudam, dando lugar ao que hoje e desde então conhecemos como soneto. Mas, tal e como veremos agora, as possibilidades construtivas que oferecem estes tipos estróficos não terminam aqui, resultando que o soneto aceita uma nova reelaboração significativa (à margem de outras mais discretas como os jogos com estrambotes, o soneto de 13 versos, etc.), dando passagem a uma forma dotada de uma concreta e diferente musicalidade. Essa forma receberá o nome de indriso.

Concebi o primeiro em janeiro de 2001, em Madri. O indriso é um poema que consta de dois tercetos e duas estrofes de verso único, isto é, que está organizado segundo um padrão 3-3-1-1, e surge a partir de uma reelaboração do soneto no que poderia explicar-se como um processo de condensação estrófica. Os quartetos do soneto passam a ser tercetos no indriso. Depois, os dois tercetos do primeiro passam a ser estrofes de verso único no segundo. Fonte: ISIDRO ITURAT. 2004. WWW.INDRISOS.COM

 

 

 

001 - A arte da espera

É arte para artesões de sentimentos

Viver com sombra das emoções

Aprisionadas no espaço da ilusão

 

Alimentada por lembranças

Onde vida fenece a cada instante

Como companhia a esperança

 

São raros os que usam a lógica

 

Concluem que o instante é fugaz.

 

002 - A arte de viver

Permitir que inúmeras percepções

Acelerem batimentos e renovem

Esperanças de fluir o renascer

 

Expressar pelo verbo sensações

Sem temer entregar-se à ousadia

Desnudar-se de traumas e tabus

 

Entregar-se às emoções que germinam

 

Mergulhar nos sentimentos que florescem.

 

003- Abraço

Solidão nas noites de insônias

Que preenche meu destino

Faz companhia à existência

 

Promessas e lembranças das estações

Ausências que nunca serão preenchidas

Desejos incrustados na consciência

 

Leveza dos sonhos que flutuam

Universo interior onde há sombra.

 

004 - Adeus

Adeus, cinco letras

Registros de perdas

Cicatrizes na memória

 

Tempo de esquecer ilusões

Tempo de coragem para prosseguir

Tempo de um novo motivo para crer

 

Adeus, desejo de sobreviver

 

Aprendizado para renascer.

 

005 - Adeus Tristeza

Adeus, ponto final

Entrego-te sonhos, ilusões

Descarto grilhões que mutilam

 

Não importa que não sinta tua energia

Nas horas da noite, nas horas do dia

Sem te ver estações vida

 

Sem te ver agrestes caminhos

 

Quero apenas, ser feliz intensamente.

 

006 -  Afinidade

Sutil sentimento

Intensidade imensurável

Independe do sujeito e predicado

 

Plenitude e transparência

Elo que não se desprende

Verbo expresso com clareza

 

Infinito estado de permanência

 

Ancorado na certeza e esperança.

 

007 - Águas de agosto

Torrenciais

Destruidoras

Misteriosas

 

Emergenciais

Derradeiras

Perigosas

 

Lavam a terra e alma

 

Desígnios do Criador.

 

008 - Alvorecer

Paisagem encanto descortina

Fontes, cascatas jorram águas

Escorrem sinuosas ravinas

 

Árvores frondosas deslumbrantes

Flores aromáticas extasiantes

Espelhos refletem mil miragens

 

Pássaros exóticos revoadas

 

Silêncio, chamado eternidade.

 

009 - Alimento devaneios

Ao olhar borboletas,

Rosas vermelhas sedução

Cenário de beleza ímpar,

 

Perfeição ímpar da natureza

 

Alimento algumas lembranças

Do baú velho das memórias

Sentimentos, pensamentos

 

Carência amor e paixão.

 

010 - A lua

A noite enquanto dormes

Lua dança para corpos celestes

E aves sinistras noturnas

 

Lasciva sobre as águas do mar

Obscena, infiltrando sua luz

Nos veios vermelhos da terra

 

Enigma sua silhueta nua

 

Coberta por filigranas de prata.

 

011 - Alma nua

Despida

Livre

Sem compromisso

 

Com bagagens

Experiências

Cicatrizes

 

Pela imensidão

 

A versejar.

 

012 - Amanhecer

Sinfonia se faz audível

Revela renascer do dia

Raios solares que contagiam

 

Íris capta nuances das cores

Na paisagem do colorido primaveril

Entrelaçar de vida e alegria

 

Botões germinam e florescem

 

Envolvidos por gotas doces orvalho.

 

013 - Amor carne

Presídio, grilhões que atrofiam a mente

Transformam sentimentos em instintos

Embrutecem a razão e maculam a Alma

 

Amor carne dura um momento, enquanto

Corpos esfomeados em nudez se acoplam

E, como irracionais tomam posse

 

Carne fenece, perde o viço, aroma

 

Grilhões se rompem, em busca de caça.

 

014 - Amores

Intensos, frágeis como pétalas

Armazenados nos sentimentos

Ou, entre páginas amareladas da vida

 

Para alguns, dúvida da reciprocidade

Outros anulação da individualidade

Entre tantos finda em despedida

 

Entre poucos se faz magia pelo tempo

 

Entre tantos símbolo de sofrimento.

 

015 - Amo-te

No tempo, no vento, nos astros

 

No trinar primaveril dos pássaros

No canto lírico das cigarras no verão

Nas trombetas dos anjos em sinfonia.

 

No arco-íris entremeado de nuances

 

Nos dias amenos que circundam a vida

Nas noites de calmaria ou tempestades

No orvalho, nos sorrisos, nas lágrimas.

 

016 - Anoiteceu

Chuva constante miúda

Quando a primavera acena

Entrega seu reinado ao verão

 

Aromas de terra exalam

Entre fragrâncias florais

O sutil aroma das fadas

 

Última dança seres encantados

 

Elementais do fogo acendem brasas.

 

017 - Ansiedade

Tempo

Chuva

Vento

 

Emoções

 

Sentimentos

 

Amor

Gota cristalina

Reflete ansiedade

 

018 - Apenas horas

Curtas que fogem

Longas da espera

Predestinadas ou definidas

 

Marcadas por lembranças

Destinadas à semeadura

Obrigatórias na colheita

 

O sábio tempo é quem rege

 

A melodia do pêndulo.

 

019 - Aquarela da Alma

A alma é uma paisagem pincelada

Com tonalidades das emoções

Às vezes um arco-íris

 

Outras vezes, tempestades fortes

 

Lembra o pôr do sol nostálgico

Um entardecer de mistérios

Ou, uma noite densa em brumas.

 

Carrega em si registros passados.

 

020 - Arcos

Adentro ao pensamento

Mergulho entre imagens

Letras rotas, soltas, sílabas ao vento

 

Adentro às emoções

Enlaço e desenlaço

Instante mágico do encontro em mim

 

Arcos para iniciar a viagem no tempo.

 

Ser passageiro do esquecimento.

 

021 - Até mais

Nem sempre somos linhas paralelas

Nem sempre há encontros nos caminhos

Nem sempre os sentimentos se sintonizam

 

Nem sempre é possível somar um mais um

Nem sempre o resultado satisfaz os pares

Nem sempre a realização se faz presente

 

Quando coração e razão divergem

 

O sábio é dizer consciente, até mais.

 

022 - Até quando

Tempo desejar minha companhia

Vida fluir em sua plenitude

Usarei pena e pergaminho

 

Ao dedilhar sensações e emoções

Bordar com inspiração

Sensibilidade dos sentimentos

 

Até quando é um minuto registrado

 

No livro de Deus, dono de meu tempo.

 

023 - Arte de tecer ilusão

Inconsequência, promessas

Palavras, alimentam quimeras

Tempo se esvai, só espera

 

Ásperas curvas sinuosas caminho

 

Lembranças reescrevem histórias

 

Ações, traumas, causas, efeitos

Segredos ocultos véus inconsciente

Labirintos, descaminhos sentimentos.

 

024 - Árvores Nuas

Devolveram vestes coloridas

Com matizes suaves acobreadas

Às vezes, amarelas avermelhadas

 

Despiram-se sem nenhum pudor

Estenderam galhos retorcidos

Suplicando ao sol energia e calor

 

Fustigadas pela gélida brisa

 

Apenas salpicadas de neve.

 

025 - As ondas

Revoltas, rebeldes

Vagas barulhentas

Explodem ao chão

 

Espumas brancas formam-se

 

Beijam suavemente minhas mãos

 

Cada onda que cresce

São esperanças que nascem

Quando explodem ilusões que morrem.

 

026 - Astros

Os astros em sua jornada de luz

Perpassam galáxias desconhecendo

Duração de segundos, minutos e horas

 

O conceito que possuem é brevidade

Uma passagem de luz rasgando

Um tempo sem início e fim

 

Tempo remoto, o instante,

 

Futuro, nuvens do caos.

 

027 - Átomos de Mim

Buscas errantes

Veredas assertivas

Desditas em cinzas

 

Nos versos escritos

Emoções que oscilam

Nos sentimentos que se fixam

 

Nas quimeras acarinhadas

 

Na brisa do vento através do tempo.

 

028 - Azares de Agosto

É secular o medo

De atravessar o agosto

Registrado na história

 

Magia sobrenatural

 

Para muitos até fatal

Os azares de agosto

Azar é atrair o nefasto

 

Na mente e após no fato.

 

029 - Baile das Folhas

Orquestra ao fundo do salão

Um piano de cauda

Senhor Tempo dedilhando o teclado

 

Salão atapetado de folhas inertes

Sobreviventes vestidas de vermelho

Dançam sob luz do sol dourado

 

Redemoinho termina a festa

 

Zéfiro, sem convite, zangado se vinga.

 

030 - Balancete

Palavras cordatas, apenas hábitos

O silencio visita o jardim do amor

Invadido por ervas daninhas

 

Espelho já não reflete viço

Mente se reveste de preguiça

Sentimentos hibernam nas estações

 

Amanhecer, com hábitos contínuos

 

Anoitecer, flor de neve, alcova fria.

 

031 - Barco

Barco à deriva

Em águas turvas

No mar de tormentos

 

Sem remos, sem bússola

Passageira melancólica

Ilusão que alimento

 

Sem farol, oscilante na neblina

 

Esfacelando-se no portal da consciência.

 

032 - Beijo da Brisa

A brisa beija a alma

Com doçura e calma

Quando em sussurros

 

Ferida a alma chora

 

Um eterno mistério

Entre relógios do tempo

Segundo em segundo

 

Perfeita em forma e efeito.

 

033 - Boca seca

Voz presa enroscada, emaranhada

Teias cordas vocais

Não permite insensatez palavra

 

Boca que clama, que chama

Sente desejo beijo

Para saciar fome

 

Garganta seca, umidade boca

 

Sensações menina, medo ser mulher.

 

034 - Bom dia

A vida lhe chama

Mais um dia que nasce

Que sem prévio aviso

 

Registrará momentos mágicos

 

De sua individual história

 

Seja sábio e pleno

Faça uma saudação aos segundos,

Minutos, horas e futuras vitórias.

 

035 - Borboletas

Misteriosa metamorfose

Impulso rompe casulo

Asas a farfalhar

 

Busca natureza liberdade

Ritmo nascimento

Hoje, amanhã quem sabe

 

Sem lembrar que existe morte

 

Companhia, vento primaveril.

 

 036 - Brisas

Brisas sopram brandamente

Sentimentos, dádivas de amor

Carona asas à felicidade

 

Pórtico multicores e aromas

Inebria duas almas em comunhão

Acordes angelicais em sinfonia

 

Abençoa até que eternizem

 

Uníssona união amor.

 

037 - Cai a lágrima

Suave percorre face

Molha pergaminho

É tempestade da alma

 

Umedece folha que rasga

Ao ser tatuada a letra

Do poema que traduz desditas

 

Caminhos cruéis de espinhos

 

Esculpidos na dor e tristeza.

 

038 - Calendário das Flores

Sem números, sem tempo

Feito de aromas perfeitos

Eternidade multicolorida

 

Sem emoções e sentimentos

Que desalinham a mente

Apenas canção do vento

 

No farfalhar das pétalas que suspiram

 

Passado, presente, futuro.

 

039 - Caligrafia

Uma pena que avança

Silenciosa sobre páginas

Palavras de esperanças

 

Desenhadas sutilmente com arte

 

Para descrever movimento da mente

 

Viajando pelo espaço do tempo

No momento, porta voz de sentimentos

De promessas alienadas e espera.

 

040 - Caminhos

Cruzaram-se na languidez do olhar

 

No tato na carícia dos corpos

No paladar ao sentir teus beijos

No sussurro de palavras de amor

 

Descruzaram-se no viés do tempo

 

Foram desfeitos, não sinto teu cheiro

Na cegueira da ânsia de buscar atalhos

Na mudez do monólogo da dor.

 

041 - Cartas de Amor

Escritas

Catalogadas

Enlaçadas

 

Amareladas

Pelo tempo

Que se esvai

 

Guardadas memórias

 

Emoções passado, presente

 

042 - Catástrofe

Você, feroz vendaval das intempéries

Da miséria, a fome que se lamenta

Da peste, que macula pele

 

Da desonra, que macula alma

Anjo do mal, anjo da fúria

Labaredas que queimam o caos

 

Incendeiam mentes humanas

 

Semeiam destemperança, desventura.

 

043 - Cenário

A alma é um cenário oscilante

Às vezes, como alvorada que renasce

Outras, como um anoitecer infindo

 

Permeia a natureza de nossa essência

Pincela com cores o ápice extasiado

Hiberna quando chega o infortúnio

 

Enquanto corpo continua sua vereda

 

Buscando em si, inexistente perspectiva.

 

044 - Claraboia

Tempo com cores  degrade,

Eternidade no fenecer da tarde

Terra coberta por tons violáceos

 

Lua, no universo, sem cantos,

Ilumina terra, marés oscilantes,

Notívagos poetam em prantos

 

Claraboia abre-se no infinito

 

Passarela de luzes esfuziantes.

 

045 - Certezas

Inverno feito de frio cortante

Lembranças algozes que açoitam

Tempo de solidão e nostalgia

 

Lousa branca sem letras

 

Rompe silêncio o uivo do vento

 

A realidade fustigou-me a alma

Impecável na forma, esplêndida na alvura

Estátua de neve com tua imagem.

 

046 - Ciclos

Ontem, passado

Hoje, instante

Amanhã, destino

 

Teimosia que acompanha

Morte que se avizinha

Pesadelo que atormenta

 

Esperança se veste de sonho

 

Realidade mostra o avesso.

 

047 - Colóquio

Olhos brilhantes que falam

O que as palavras ocultam

Sorriso moldura a aquiescência

 

Mãos em sinais mudos

Tatuar carícias, êxtase, prazer

Beijo sabor felicidade e esperança

 

Emoções alimentando sentimentos

 

Enquanto roda da vida gira incessante.

 

049 - Como areia

Que vento me leve

Sopro ou sussurro

Rodopio fascinante

 

Não importa rota

Muito menos destino

Tempo para ficar

 

Que sopre quatro cantos

 

Razão para eternizar.

 

050 - Conexão

Viagem ao infinito

Mergulho nas nuvens

Aos pórticos do paraíso

 

Um anjo, uma oração

Melodia, uma canção

Alma em busca de luz

 

Paz tão almejada encontrada

 

 Homem e Deus, em conexão.

 

051 - Conclusão

O silencio visita o jardim do amor

Invadido por ervas daninhas

Palavras cordatas, apenas hábito

 

O espelho já não reflete viço

A mente se reveste de preguiça

Sentimentos hibernam nas estações

 

Um amanhecer como tantos

 

O anoitecer, solidão, alcova fria.

 

052 - Confrontos

Idade dos porquês

Entre alma e pensamento

A ansiedade e medo

 

Covardia e ousadia

Desejo de ir além

Limites já traçados

 

Sentimentos em confrontos

 

Alma cala e tédio se instala.

 

053 - Conjuntura

Muitos acordam, se apressam

Mente ideias borbulham

Busca alcançar objetivos

 

Enquanto fenecem horas

Dia finda, anoitece

Homens retornam jornada

 

 Assim, vida decorre efêmera

 

Para muitos, minutos perdidos.

 

054 - Conquistas

Conscientização merecimentos

Direito à felicidade

Certeza fé que pratica

 

Metas traçadas, objetividade

Coragem, ousadia busca

Ser proprietário sonhos

 

Despertar essência vida

 

Escrever história no livro memória.

 

055 - Crepúsculo

Despede-se a tarde, universo apazigua

Homens buscam descanso corpos

Espíritos multiplicam luz e energia

 

Nuances ocaso brilhantes, vibrantes

Cobrem tela imenso infinito

Sol majestoso se oculta horizonte

 

Ponte arco-íris se faz presente

 

Percurso entre dia e noite.

 

056 - Crepúsculo do amanhecer

Novo amanhecer,

Energia vital é a vida

Gorjeio pássaros coloridos

 

Ao longe, som de flauta

Invade a floresta, campos floridos,

Acorda colibris e borboletas

 

Aurora anuncia o nascimento

 

Renascer, filho do tempo e da brisa.

 

057 - Crepúsculo do Entardecer

Entardecer, o tempo se veste de paz

Homens exaustos buscam descanso

Espíritos unidos em infinita luz

 

Nuances brilhantes no ocaso 

Cobrem o imenso infinito

O pôr do sol no horizonte

 

Uma ponte de arco-íris

 

Percurso entre dia e noite.

 

058 - Cumplicidade

Que nesta vida sejamos cúmplices

Nas horas de desditas e alegrias

No decorrer deste tempo fascinante

 

Não permitas o esvair da felicidade

Não permitirei que elos se rompam

Sejamos cúmplices sem preconceitos

 

Entre o amanhecer e o ocaso do tempo

 

Antes que venha a morte e nos ceife.

 

059 - Curvas da alma

Lágrimas, um travesseiro úmido

Perfumado e revestido de seda

Um soluçar em partículas de dor

 

Lembranças sombrias na memória

Com riscos e rabiscos melódicos

De momentos indeléveis de emoções

 

Das perdas, da solidão inquestionável

 

Que preenchem as curvas da Alma.

 

060 - Delírios

Uma ilusão incoerente

Existência sem razões

Uma mistura de estações

 

Vida esmaecida, em borrões

Sem definição ou resoluções

Pensamentos incongruentes

 

Quimeras ilógicas complexas

 

Sem origem, sem trilhas, sem norte.

 

061 - Destino

Verdade feita silêncio

Propaga sopro

Asas lépidas vento

 

Destino sem projetos

Teias estranhas tecidas

Sombras pérfidas tempo

 

Histórias, verdade e mentiras

 

Verdades, mentiras, fatos amanhã.

 

062 - De repente

Tempestade se fez vento

Nuvem se fez chuvisco

Riso se fez pranto

 

Noite se fez dia

Oásis da vida se fez distante

Desejo se fez chama

 

Sonho se fez quimera

 

Realidade se fez drama.

 

063 - Decisões

Novas ideias

Reformas

Escalar

 

Obstáculos

Sem medo

Da queda

 

Só ou acompanhada

 

Atravessar ponte do tempo.

 

064 - Desvario

Dias elencados

Sensação estranha

Cercava e unia

 

Capaz transformar vida

Instantes sãos em delírios

Atração, sedução, fantasia

 

Volúpia e sensualidade

 

Despertar, idílio fantasia

 

065 - Dias

Em dias frios

Nublados, solitários

Brota desejo retornar

 

À primavera vida

Fazer que não fiz

Ser quem não sou

 

Angústias permeiam alma

 

 Analiso existência, quem sou eu?

 

066 - Discurso

É tempo de falar de vida

Em monólogo com a alma aflita

Sem máscaras, desnudar o oculto

 

É tempo de falar em sentimentos

Nas montanhas onde o eco responde

Para o mar, aos ouvidos das conchas

 

Discursar para aurora sobre o renascer

 

Para o crepúsculo, que me chamo amor.

 

067 - Dom do Poeta

Jorra do receptáculo da Alma

Germina e floresce na mente,

Alça voo e beija sentimentos

 

São notas musicais que flutuam

Rompem ventos e barreiras do tempo

Acoplam-se em versos e sonetos

 

A palavra na arena da vida

 

É força que doma e incendeia.

 

068 - Eclipse

Eclipse total na noite

Nevasca cobre a terra

Terra sepulta o corpo

 

Lamento da natureza

Abre-se o sarcófago

Atrai o hálito dos vivos

 

Letargia, soluços, disfarces

 

Réstia de luz, o sol, por acaso.

 

069 - Efemeridade

Atrelados passado

Revestidos lembranças

Fantasmas que rondam

 

Entre realidade e fantasia

Cultivo de sentimentos

Cada segundo, recomeço

 

Futuro será o presente

 

Lembrem, vida é fugaz.

 

070 - Elementos

Fragmentos do tempo

Terra em labaredas

Água límpida ou lamacenta

 

Vento que de carona viaja

Nas asas do tempo pelo firmamento

A natureza fenece e renasce

 

Em cada estação um prenúncio

 

De fartura ou cicatrizes de má sorte.

 

071 - Encantamento

Abro janelas mente para escutar

Sussurro ventos, sopro brisa

Entre suspiros, sinfonia Angelical

 

Vento que me envolva com poesia

Escritas no Livro da Vida

Que fale, esperança e paixão

 

 Um vento exótico e eloquente

 

 Constante sintonia amor.

 

072 - Encontro

Pôr-do-sol, beira-mar

Garboso entre nuances

Eu, entre respirar e sentir

 

Vagalhões agitados alto mar

Marulhar incessante

Dançam harmonia

 

Entre ar fresco e maresia

 

Foi-se, sem até logo ou adeus.

 

073 - Épocas

Fluem

Correm

Formam Eras

 

Chorar

Sorrir

Amar

 

Longas, arrependimento

 

Paixões, esquecimento.

 

074 - Escuridão

Encoberta densas névoas

Ruídos sons aterrorizam,

Vento gélido, frio cortante,

 

Entrelaçado solidão

Ermitão esquálido, quase desnudo

Caminha neve, lamúrias

 

Fenece carne, dilacera esperanças

 

Penetra torpe escuridão.

 

075 - Espelho do Tempo

No espelho da passagem do tempo

 

O reflexo nem sempre nos traz alegrias

Paradoxos de queda da vida e morte

Declínio inexorável da sutil vitalidade

 

Ventos transformados em tempestades

 

Um retrospecto de linhas curvas e retas

Deixando marcas profundas do tempo

De horas e dias que fugiram sem destino.

 

076 - Espelho Partido

Reflexo marcado vida

Lembranças lágrimas contidas

Esperanças soterradas

 

Sem alternâncias caminhos

Nas estações, vivencias

Contenda, marasmo indefinido

 

Nem imagem, nem reflexos

 

Borrões sombras, neste espelho partido.

 

077 - Esperas

Feita de incertezas que mutilam

Esperanças que sobrevivem

Entre tempo, distância e silêncio

 

Entre os segredos murmurados

Entre sóis e luas em movimento

Como tênue fio preso nas asas do tempo

 

Como pássaro ferido que não se ergue

 

Uma imersão no vácuo do infinito.

 

078 - Eu e minhas feras

Mantenho com grilhões trancafiadas

Como guardiã a companhia da coruja

Em permanente estado de vigília

 

Espreita as energias que me circundam

Qual a direção de meus próximos passos

E o movimento da alcateia que me permeia

 

Que uivam nas noites de Lua Cheia

 

E rasgam as vestes da decência.

 

079 - Esperança

Farol que ilumina

O distante horizonte

A bússola

 

Que norteia

A busca

Harmonia

 

Impulso, motivação

 

Percorrer novos caminhos.

 

080 - Épocas

Leva as mágoas que ferem

As dores sentidas

Os sentimentos ocultos.

 

Deixa cicatrizes

Borrões na memória

Na consciência, fantasmas.

 

Registra danos, duras penas

 

Mas renasce em esperanças.

 

081 - Eu tenho medo

Quando escrevo tenho medo

De rascunhar o que não quero

De mostrar meu verso e reverso.

 

Nua, nos sentimentos, soltar a pena.

 

Quando sinto amedronto-me

De sepultar verdadeiros sentimentos

Jogar sonhos aos ventos

 

Viver coberta de máscaras.

 

082 - Existência

Divisão do dia

Ocaso, crepúsculo

Soma de segundos

 

Pôr do Sol que se oculta no horizonte.

 

Passado, com suas cicatrizes

Presente, em todas as nuances

Futuro, coberto por véus

 

Anoitecer, infinito coberto de estrelas.

 

083 - Exilada

Expressar sentimentos confinados,

 

No pergaminho roto e amarelado

Pena que verte lágrimas ao invés da tinta

Manchas nas palavras mal escritas

 

Lembranças opulentas e parcas

Uma vida de sina e sem sorte

Ecoa um grito que perpassa a morte

 

Resgatar o renascer, mesmo que exilada.

 

084 - Fantasmas

Dançam confusos e frenéticos

Gravuras pintadas nas paredes

Sonhos povoado de sombras

 

Acordes musicais inaudíveis

 

No silêncio, ecos grotescos

 

Angústia de um pesadelo aflito

Fantasmas. lembranças presentes

Envelhecidos, na lágrima de prata.

 

085 - Fascinação

Cores da melancolia

Doces canções de amor

Nos soluços de um violino

 

Monotonia se fez presente

 

Máscara do esquecimento

 

Um mergulho diáfano

Nos braços orvalhados

Da noite, bela e imensa.

 

086 - Felicidade, um projeto

Intenção é individual, opções são suas

Devem ser delineadas maestria

Não é comercializada, sim cultivada

 

Desenhe o esboço, escreva o roteiro

Dispa-se da monotonia e vista-se de ousadia

Ser feliz é questão de crer que é capaz

 

Dialogue com o espelho

 

Incinere lembranças, o instante é fugaz.

 

087 - Fiandeira do Tempo

Com fragmentos do passado e presente

Tece com maestria o manto do futuro

Para quando não restar mais energia

 

Quando o frio se fizer permanente

A vida for gélida, eterno inverno

Aquecida vislumbrará tempo perdido

 

Cobrirá as lembranças de quimeras

 

Esconderá a face para ocultar as lágrimas.

 

088 - Gota

Solitária, presa cílios entreabertos

Resistiu sentimentos torturados

Incrédula decorrer caminho

 

Permaneceu imóvel, obstinada

As vezes inundavam face

Rés do chão se faziam poças

 

No precipício da solidão diluiu-se

 

Adubar solo árido da desesperança.

 

089 - Gotas de Lágrimas

Inúmeras, impossível registrar

Brotam canto, belos olhos

Decisões ou indecisões

 

Tristezas fonte sentimentos

Raiva brotam inesperadas

Medo, turva visão e emoções

 

Acanhamento autocrítica, punição

 

Reprimidas morrem, cordas vocais.

 

090 - Griffe

Quando amor estiver em alta

Como marca universal

Homem conhecerá essência

 

Suas sementes percepções

Germinarão emoções

Paz se espalhará humanidade

 

 Cálice sentimentos

 

 Néctar, harmonia, luz.

 

091 - Há vento

Sopra e balança folha

Abre porta que range

Balança pêndulo

 

Marca uma, duas, três

Tempo que passa

Enquanto som do sino

 

Em sinfonia com vento

 

Distribui dádivas felicidade

 

092 - Herança do Poeta

Seu legado é a honra

Seu ouro, as letras

Sua fama, versos e rimas

 

Seu alimento, poesia

Percepção, um prisma de olhar

Sensações, o aflorar da alma

 

Emoções, sorrisos e lagrimas

 

Sentimentos, entre o ódio e o amor.

 

093 - Homem ou sombra

Pegadas fundas em direção ao mar

Na areia úmida que a espuma beija

Nas mãos um cálice de veneno mortal

 

O movimento era o oscilar do corpo

Sob a escuridão da noite em brumas

Lágrimas iluminadas por raios lunares

 

Homem ou sombra, ombros curvados

 

Dores da vida em silenciosa morte.

 

094 - Horas

Que se harmonizam

Que se contrariam

Abertas ou fechadas

 

Que sobem e descem

 

Esquecidas, envelhecidas

 

Guardadas no baú do passado

As que nascem quem sabe?

De esperança e felicidade.

 

095 - Humanos

Iguais com qualidades e defeitos

Inteligência e oportunidades

Desafios e obstáculos

 

A diferença é o percurso traçado

Escolhas é opção do Livre Arbítrio

O aprendizado resulta da colheita

 

Humanos necessitam entrelaçar mãos

 

Na prece buscar conexão com o Criador.

 

096 - Inverno

O Inverno é a estação

Para percorrer o silencio

De nosso labirinto interior

 

Derreter as geleiras

Instalada nos sentimentos

Da essência de cada ser

 

Um tempo de hibernar

 

Sentimentos e emoções.

 

97 - Ilha da Magia

Olhar distante que vê

Paisagem ofertada

Aroma doce maresia

 

Formas curvilíneas

Morros que circundam

Cidade que abriga

 

Ancestralidade, modernidade

 

Homens permeados atributos mágicos.

 

98 - Ilusão

Sentença silenciosa

Tatuada nos sentimentos

Peregrina nas emoções

 

Habita o âmago da Alma

Calada, traiçoeira

Alimentada por desejos

 

Maquiavélica carcereira

 

Da cela da solidão.

 

99 - Impermanência

Como o zunido do vento que assusta

Às vezes, como a peralta brisa que dança

Como o Sol vespertino que se despede

 

Como vagas ruidosas que explodem

Às vezes, como gelo que acumula camadas

Ou a lua em suas quatro fases mágicas

 

Introspectiva, analiso o verso e reverso

 

Impermanência é energia e flui da espera.

 

100 - Intempérie

Ruídos passos miúdos, apressados

Fogem chuva fria, interruptiva

Molha calçadas escorregadias

 

Vestuários colados, sapatos alagados

Frio intenso perpassa corpo físico

Soluços persistem respirar vital

 

Sensibilidade aflora lágrimas

 

Emoções congelam utopias.

 

101 - Lamentos

Alguns exteriorizam em lágrimas

Outros calam e ferem a alma

Muitos são capazes de extirpar 

 

Sem guarida, imenso vazio

Soma percalços do trajeto

Tropeços por noites lúgubres

 

 

Fuga de lembranças nefastas

 

Incrustradas na memória e história.

 

102 - Labaredas

Labaredas iluminam a noite escura

Lembranças que aquecem a mente

Inverno frio no receptáculo da alma

 

Olhos semicerrados observam a Lua

A face recebe beijos do vento frio

Que corta a carne como lâmina afiada

 

Longe, uivar dos lobos inquietos

 

Perto, emoções congeladas.

 

104 - Lágrimas de chuva

Pingos suaves afagam

Folhas e flores coloridas

Quem sabe em sutil beijo?

 

A rosa que germina em botão

Torna-se viçosa com o orvalho

Esmaece no ocaso em silêncio

 

Lágrimas que banham a vida

 

Nos jardins áridos da terra.

 

105 - Lamparina

Presa na mente ilumina silhuetas

Fazem parte lembranças

Indistintas, esmaecidas tempos

 

Como espectros noites gélidas

Habitam inquietante sonho

Desejos fugazes se escondem

 

Luz incide frações segundos

 

Desconhecido, rumo horizonte.

 

106 - Leques

Um piano, notas de amor,

Face coquete, semioculta  

Leque para abanar o calor

 

De rendas, sedas e pluma

Bordados com madrepérola

E filigranas de ouro e prata

 

Símbolo da voluptuosidade

 

Atrai a sedução e mistério.

 

107 - Letras Soltas

Letras soltas

Que unidas

Formam registros

 

Nas páginas

Úmidas de orvalho

Amareladas pelo tempo

 

De um livro de vida

 

Chamado passado.

 

108 - Libélula

Sou libélula em metamorfose

Um impulso rompo o casulo

Com belas asas a farfalhar

 

Busco na natureza a liberdade

 

Vento insinuante da primavera

 

No ritmo do nascimento

Hoje e amanhã quem sabe

Sem lembrar que existe morte.

 

109 - Liberdade

Voar sem fronteiras

Sentindo a brisa suave

Na eternidade do vento

 

Fugir da tempestade

Que dilacera sentimentos

Que cobre a alma de névoa

 

O infinito é vasto

 

A liberdade é sonho.

 

110 - Livro da vida

Composto de folhas amareladas

Pelo tempo que decorre entre ciclos

Onde registros se autenticam

 

Folhas rasgadas, riscadas, amassadas

Lembranças desviadas da mente

Documentos anexos da existência

 

Diversos idiomas, vocabulário individual

 

Emoções iguais, pois somos mortais.

 

111 - Loucura

Vagas razões

Sem imagens

Sem coerência

 

Eterno caos

Uma triste canção

Aplausos contundentes

 

Uma alma notívaga

 

Cobaia da mente.

 

112 - Lua

Lua Rainha dos Astros

Tua forma é contemplativa

Por amantes apaixonados

 

Tua ausência é notada

Um mistério indecifrável

A ilusão deste brilho prata

 

Que inunda e fascina

 

Te louvarei em versos e prosas.

 

113 - Lua Cheia

Esplendor infinito

Ilumina noites

Mistério, magia

 

Musa amores

Paixões

Amantes

 

Uivar de teu lobo

 

Reacende desejos loucos.

 

114 - Lucidez

Em invólucro de seda

Quimeras ou realidades

Bordado de verdades

 

Roucos gritos de pavor

Rasga-se a seda

Espalha-se as cinzas

 

Lucidez voraz inimiga

 

Do sentir, querer e prazer.

 

115 - Lufada

Beira-mar, aroma maresia

Lufada da brisa primaveril

Abraça ondas que explodem

 

Em oscilações na areia úmida

 

Circunda a natureza e seus reinos

Beija com suavidade a face

Do velho andarilho solitário

 

Na busca dos ventos da esperança.

 

116 - Luto

Despedida em prantos

Beijos corpo inerte

Energia dá adeus a vida

 

Uma sombra se evidencia

A separação se faz presente

Entre invólucro e espírito

 

Os que ficam se questionam

 

Pois vida e morte é enigma.

 

117 - Mãos

A união das mãos

É a melodia das almas

É quando dedos se fundem

 

Iguais a força das águas

Do fogo que arde e queima

Do ar que é o eixo dos ventos

 

Direita e esquerda unidas

 

Instrumento da prece e paz.

 

118 - Magia do inverno

Faz-se com a lareira acesa

Som do crepitar da lenha

Um tilintar de taças

 

Hibernar de corpos na fantasia

 

Se permitir a sedução recíproca

 

Como se fosse em cada instante,

A última vez, onde sedução e paixão

Orquestram a sinfonia do prazer.

 

119 - Mar

Verde mar, azul turquesa

Atrai sensações e convida

Mergulho na profundidade

 

Por mares não navegáveis

Descobrir seus mistérios

Colher pérolas intocáveis

 

Um oceano de vida

 

Um oceano de felicidade.

 

120 - Meio ambiente

A Natureza vê a vida ser destruída

Com enxurradas e avalanches

Nas águas doces de fontes e rios

 

O Homem vê a memória em fragmentos

Pelo esquecimento das origens da vida

Pelo féretro cinzento das lembranças

 

Despojos da tempestade arrastam

 

O homem e natureza para o nada.

 

121 - Mensagem

Você será o sabor, a essência,

Ofertará sentido na vida

Norteará opção escolhida

 

Vento suave sopra paixão

 

Murmúrio águas embalar emoções

 

Serei para você eterna criança

Manterei acesa chama do amor

Com pena, pergaminho e poesia.

 

122 - Melodia primaveril

Chilrear dos pássaros

Zumbido das abelhas

Cricrila dos grilos

 

Zumbir dos besouros

Grasnar da gaivota

Coaxar do sapo

 

Em suave balé as folhagens

 

Reverenciam espíritos do ar.

 

123 - Mergulhe

Solte amarras

Futuro incerto

Plenitude presente

 

Mergulhe percepções

Desfrute sensações

Labaredas paixão até amor

 

Mergulhe sintonia vida

 

Não seja náufrago existência.

 

124 - Minhas Metades

Crepúsculo que tinge o infinito

Vagarosa quietude da manhã

Sensível ou insensível cada emoção

 

Consciência da alma despida de culpas

Insanidade de perscrutar quimeras

Ousada ou na inércia de preferências

 

A metade muda que silencia os fatos

 

Ou que instiga a brisa a colher palavras.

 

125 - Miragem

No oásis escaldante da lembrança

Onde as réstias do sol ornamentam

A atmosfera febril da paixão

 

Uma canção doce e envolvente

Libera o corpo em balé excitante

Apenas notas inaudíveis do amor

 

Ao adormecer em busca desta miragem

 

Ao sonhar, uma realidade de vida se faz.

 

126 - Miragem

Oásis escaldante lembrança

Réstias sol ornamentam

Atmosfera febril paixão

 

Canção envolvente

Libera corpo balé excitante

Notas inaudíveis amor

 

Adormecer busca miragem

 

Sonhar, realidade vida se faz.

 

127 - Morte

Morte te afasta fujo em desespero de ti

Quero sorver em minha taça de prata

A energia vital da vida em plenitude

 

Transformar todos seus segundos,

Em eterno festim, inebriada de desejos

Permeada entre sorrisos matreiros

 

Esperando mistério do distante futuro

 

Em quimeras e esperanças sem fim.

 

128 - Mudanças

Tudo muda

Emoções

Sentimentos

 

Regras

Conceitos

Pessoas

 

Mudanças, tentativas

 

Mudanças, renascimento.

 

129 - Mudez da Alma

Lembranças marcadas saudade

Silêncio despido, cores, sentidos

Sina, acaso provado, escolhido

 

Permeada, solidão, melancolia

 

Pulsar vida se faz energia

 

Enquanto mente desenha lembranças

Realidades inconstantes, imaginárias

Enclausuradas, fotos emolduradas.

 

130 - Natureza

Um templo, sustentada por quatro pilares

Os elementos, fogo, ar, água e terra

O homem curvado em reverência

 

O dia com matizes ofuscantes

À noite, um envolvente mistério

Fragmentos de realidade e sonhos

 

A natureza, energia em movimento

 

A individualidade com medo do tempo.

 

140 - Neve

De mansinho, a neve

Inunda ruas, calçadas

Cobre galhos envergados

 

E meus sonhos nus,

 

Desprovidos de fantasia

Nuances coloridos

E um frio dilacera a alma

 

Soterrando ilusões.

 

141 - Noite escura

Encoberta por densas névoas

Ruídos de sons que aterrorizam,

O vento gélido é lâmina cortante,

 

Entrelaçado no frio da solidão

 

O ermitão esquálido quase desnudo

Caminha sobre a neve em lamúrias

Fenece a carne, dilacera a alma

 

Penetrando na torpe escuridão.

 

142 - Noite de Luar

A tênue luz vespertina se esconde

Silêncio se faz no nascer da noite

O lago sussurra uma velada canção

 

O gorjeio dos pássaros emudece

A solidão ajoelhada faz sua prece

Sombras desenham espectros

 

A lua imerge na azul noite estrelada

 

Abre o baú de emoções guardadas.

 

143 - Noite de luto

Vestida com manto negro

Bordada com pérolas de estrelas

Iluminada por parcas chamas

 

A névoa fina chora em silêncio

Inundando rios e lagos

Alterando as marés dos mares

 

Tocam sinos com sussurrar dos ventos

 

Rezam anjos às almas irreverentes.

 

144 - Nostalgia

Entardecer de Outono

O céu pintado de nostalgia

Tons violáceos no horizonte

 

As árvores entregam ao tempo

As folhagens que as cobrem

Sequestradas por suave vento

 

Os galhos desnudos se entrelaçam

 

Cobrindo a nudez, envergonhados.

 

145 - No tempo que me resta

Quero adormecer beira-mar

Revestir-me raios lunares

Sentir carícias brisa

 

Escrever poemas

Sem pena e pergaminho

Materializar sentimentos

 

Tatuá-los areia úmida

 

Para espuma mar beijar.

 

146 - Novo amanhecer

Energia vital respira

Gorjeio de pássaros

Espreguiçar folhas

 

Longe som flauta

Invade campos floridos,

Beija-flores, borboletas

 

Aurora anuncia nascimento

 

Renascer, filho do tempo e brisa.

 

147 - Nudez

Entardecer outonal

Céu aquarela nuances

Tons azulados horizonte

 

 Raptadas por suave vento

Árvores entregam ao tempo

Folhagens que as vestem

 

Galhos desnudos se entrelaçam

 

Ocultam nudez, envergonhados.

 

148 - Óbito

Passagem para outro Universo

Aromas florais exalando levemente

Um firmamento coberto de estrelas

 

Melodia de as águas jorrar nas fontes

Veredas atapetadas de sentimentos

Anjos despojando os invólucros

 

Mestres guiando para a ascensão

 

Repouso a sombra da luz e perdão.

 

149 - Obras Esquecidas

Uma pena, pergaminhos, inspirações

Sensibilidades afloradas em cada emoção

Poesias falando de inesquecíveis musas

 

Romances escritos sob luz de velas

Reais e fictícios, histórias de vida

Emoções e sentimentos conflitantes

 

Um romance, poesia, título, enredo,

 

Obras esquecidas através do tempo.

 

150 - O Dia

Muitos acordam se apressam

Na mente ideias borbulham

Em busca de alcançar objetivos

 

Enquanto fenecem as horas

O dia se esvai e anoitece

O homem retorna da jornada

 

Assim a vida decorre efêmera entre os dias

 

Entre crepúsculos a esperança se adia.

 

151 - Oferendas

A ti ser amado

Que destino colocou

Trajetória vida

 

Amor constante

 

Energia vital brota

 

Acordes amanhecer

Silêncio anoitecer

Corpos se acoplam.

 

152 - Ondas

Revoltas, rebeldes

Vagas explodem ao chão

Espumas brancas

 

Formam-se longe

 

Beijam minhas mãos

 

Cada reverberação onda

Ilusões que brotam

Ou, no marulhar morrem.

 

153 - O Mar e a Paixão

Um mistério

O mar indomável

Algoz de vidas

 

Um mistério

A paixão avassaladora

Envolvente e profunda

 

Mergulho em enigmas

 

De ilusões e perigos.

 

154 - O tempo adormeceu

A letargia tomou posse

Com ela meus sonhos,

Esperanças e desejos

 

A Alma adormeceu

Cansada, desnutrida

Dos caminhos agrestes

 

A energia vital feneceu

 

O homem se despe de lembranças.

 

155 - Outono

Sol se despede mais cedo

Natureza troca sua roupagem

Tempo é feito de melancolia

 

Cai a chuva miúda

Pássaros migram em um até breve

O sol é pincelado por cores nobres

 

Árvores se despem em balé

 

Com o assobio do vento em sinfonia.

 

156 - Outono Interior

Notas melancólicas

De um piano em lamento

Na busca de melodias

 

Nas folhas, tons avermelhados

Um vento rápido que gela

Tristeza que pálpebras fecha

 

São mistérios do ser

 

Que vê a vida fenecer.

 

157 - Paisagem

O dia se faz presente, segundos e horas

Deslizam sem deixar vestígios

De mansinho invade o entardecer

 

Os primeiros acordes melódicos

Dos ruídos noturnos se evidenciam

Um inquietante mistério e enigma

 

Permeia a natureza e seus reinos

 

O homem e seus sentimentos.

 

158 - Paixão

Paixão é navegar em mares profundos

Lançar-se sem medo ao desconhecido

Alimentar desejos com insanidade

 

É um barco ao sabor das ondas

Desfraldando a bandeira das emoções

Na rota dos sonhos e quimeras

 

Capturado pela saciedade dos desejos

 

No cárcere da doce ilusão

 

159 - Palavras

Bendita

Incentiva

Dignifica

 

Maldita

Arrasa

Destrói

 

Vento leva asas na ida

 

Voltam no ecoar.

 

160 - Peregrino

Um manto negro

Cobre o peregrino

Nos agrestes atalhos

 

Revestido de solidão

Iluminado pela minguante lua

Cobrindo a lividez da face

 

Como alma perdida no tempo

 

Mergulha na taciturnidade.

 

161 - Percorrer o mar

Entre ilhas navego

Por mares desconhecidos

Na maresia das emoções

 

Afasto-me das margens

Diluo os sentimentos

Entre imagens enlaçadas

 

Lembranças são jogadas a esmo

 

Mergulham no mar sem norte.

 

162 - Perfeito

O dia com suas nuances coloridas

Grãos de areia que dançam com o vento

Frondosas árvores que dão frutos e sombras

 

Voraz oceano, com as vagas intempestivas

Doces águas mansas dos rios e lagos

Terra alicerce da estabilidade humana

 

E estrelas que iluminam o firmamento

 

A Lua, Deusa da Noite, criação divina.

 

163 - Pérolas de orvalho

Umedece os tenros botões

Que germinam nos jardins da vida

Simbolizam emoções e sentimentos

 

Floresceu o botão da esperança

Botões da paz e amizade

Dos sonhos e felicidade

 

Pérolas de orvalho são alimentos

 

Dos sentimentos nobres da humanidade.

 

164 - Pétalas

A vida é um fluxo sutil de energia

O germinar, florescer como a rosa

A madurês, o desfolhar das pétalas

 

Úmidas do orvalho que cobre e beija

Soltas ao vento em balé esvoaçante

Inunda de fragrâncias a madrugada

 

Onde lembranças postergadas na mente

 

Encobrem o passado levado pelo tempo.

 

165 - Palavras soltas

Quebra-cabeça palavras soltas

Ordenadas formam versos e estrofes

Discursos memórias plangentes

 

Histórias de atores nos ciclos de vida

Despertam emoções esquecidas

Entrelaçadas entre sorrisos e lágrimas

Com arte na pena as digitais do poeta

 

Agregam indeléveis sentimentos secretos.

 

166 - Palavras ao vento

Soprei ao vento

Palavras que perseguem

Para dissolverem no ar

 

Palavras dúbias

Que tem mel e fel

Não erguem e sim destroem

 

Mas guardo doces palavras

 

Sempre irei te amar.

 

167 - Passamento

Despedida em prantos

Beijos corpo inerte

Energia dá adeus vida

 

Sombra se evidencia

Separação se faz presente

Entre invólucro e espírito

 

Os que ficaram se questionam

 

Pois vida e morte é enigma.

 

168 -  Parágrafo

Texto escrito sobre amor

Amor carne, reticências

Mescla de desejo e paixão

 

Amor, sentimento com virgulas

Felicidade, alegrias, lembranças

Ações coordenadas lado a lado

 

Nas duas vertentes temos consciência

 

Que existe interrogação e ponto final.

 

169 - Passado

Meses recuam no que foi existente

O passado que insiste em ser presente

Atrofiando decisões lógicas e coerentes

 

Papéis catalogados de ciclos inexistentes

Mágoas não devidamente incineradas

Certificados de melancolia e tristeza

 

Um retroceder até capítulos findos

 

Labaredas que se tornaram cinzas.

 

170 - Pássaro

Em seu voo gracioso

Ao planar pelo infinito

Fecha as asas em abraço

 

E sua mensagem

Em poesia muda

Apenas no planar de asas

 

Nos fala de um vasto universo

 

Lembra que somos finitos.

 

171 - Partilha

Convidei-te partilhar

Céu outonal entre nuances

Mudam frequências cada instante

 

Mãos dadas veredas

Diálogo percepções, sensações

Emoções, sentimentos

 

Partilhar sonhos de vida

 

Cada estação, frutificar o amor.

 

172 - Pérolas orvalhadas

Umedece tenros botões

Germinam jardins da vida

Emoções, sentimentos

 

Floresceu botão esperança

Paz, amizade, confiança

Sonhos e felicidade

 

Pérolas orvalhadas, lágrimas

 

Inunda desamor.

 

173 - Pesadelo

Vozes guturais noite

Labirinto percorrer

Pegadas formas dantescas

 

Lágrimas abundância

Inconstância trajetória

Escalar paredes invisíveis

 

Sons sussurros dispersos

 

Engodos, fabricados mente.

 

174 - Pincelei de Verde

A vida, as quimeras

Em tom sobre tons

Colorindo a tela do tempo

 

Pincelei de verde as estações

Espargi tinta na relva fresca

Na hera que envolve sentimentos

 

Tatuei com digitais as letras

 

Deste poema, verde como a natureza.

 

175 - Platônico

Sentimentos no recôndito da alma

Que se furtam de intimidades fugidias

De emoções pulsantes por castidade

 

Recolhe-se à solidão, a espera

De embarques e desembarques

Nas estações da fantasia

 

É a lógica sobre o impossível

 

Apenas de sonhos é proprietário.

 

176 - Plenitude

Amanhecer acompanha plenitude

Energia flui e louva Astro Rei

Sorve néctar sutil que alimenta vida

 

 Acaricio pétalas, se desfolham

Caminho ao olhar infinito

Busco remissão pecados

 

Creio condescendência Criador

 

Creio constância da mudança.

 

177 - Poema

Inspiração, minha musa

 

Palavras, tua imagem

Magia, teu versejar

Sentimentos, tua essência.

 

Eu e você entrelaçados

Em um dueto de encanto

Alma e poesia

 

Uma história para eternizar.

 

178 - Poetando

Entre percepções que captam

Sensações que permeiam

Emoções que causam frêmitos

 

Nuances do arco-íris

 

O exalar de fragrâncias

 

Notas de doce melodia

Recordações da existência

Consciência do instante fugaz.

 

179 - Pôr-do-Sol

Cores de outono são especiais

É a magia dos raios solares

Infiltrando-se na terra

 

Olhos perscrutadores

Perplexos, extasiados

Fixam matizes e nuances

 

Que pincelam o infinito

 

Na estação do amadurecer.

 

180 - Prenúncio

Augúrio no despertar

Fluir do mestre interior

Respostas às inquietações

 

Presente, ansiosa espera

Nas emoções que brotam

Nos desejos trancafiados

 

Prenúncio de realidade ou quimeras

 

Companhia de promessas e esperança.

 

181 - Presságios

Acordou o vento

Desamarrou os nós

Despiu as árvores

 

Envergou os galhos

Fez verter as lágrimas

Da chuva que inunda a vala

 

Reza o vento com nove ramos

 

Assopra os presságios ao nascer da aurora.

 

182 - Primavera

Abraços aromáticos da brisa

Botões de rosas germinam

Frágeis, entre lírios e jasmins

 

Onde multicoloridas borboletas pousam

 

A natureza se veste de primavera

Espíritos de oráculos encantados

Anunciam o transmutar da vida

 

Felicidade em cada emoção.

 

183 - Quero ser eu

Tocar minha pele, me sentir viva

Envolvida com meus medos

Meus oscilantes dissabores

 

Mas inteira para o que der e vier

 

Guerreira, ousada e tímida

 

Na espera que a brisa dos ventos

Traga um sopro de energia

Para a existência renovar.

 

184 - Quero voar

Quando o pêndulo anunciar a madrugada

Nas asas da liberdade que me fascina

Ao encontro do mistério da vida

 

Após tempestades que assustam

Quando soprar os ventos brandos

Quando renascer no alvorecer

 

Quero voar sem compromissos marcados

 

Sem retorno, corpo e alma em sintonia.

 

185 - Quietude

Mente à deriva, vazia

Pensamentos desconexos

Horas a fio de letargia

 

Por dias e noites sem fim

Só o suspirar não é silêncio

Pois simboliza energia

 

Lágrimas silenciosas deslizam

 

Umedecem esfarrapadas vestes.

 

186 - Rascunhos

Tantos papéis amassados

Com mensagens tatuadas

Falando de desejos e amor

 

Rolaram a esmo ao vento

 

Soprados como cinzas no tempo

 

Cobertos pelos tênues véus da consciência

Enterrados no abotoamento dos sonhos

Na aridez do copo, na fluidez da alma.

 

187 - Rastros

Em linhas retas, curvas, sinuosas

Onde ando em círculos a esmo

Aprisionada em palavras sem sentido

 

Pensamentos cerceados na mente

 

Distancias, encontros e desencontros

 

Por resíduos das fúrias das tempestades

Por ilhas que do mar se escondem

Busca no infinito de um rastro iluminado.

 

188 - Razões

Algumas vezes impedem e regem

Outras vezes se ferem em vão

São razões que caem e se erguem

 

Algumas esquecem ou se fundem

Outras interferem ou se ofendem

Tem as que seguem e surpreendem

 

Outras tantas prendem e partem

 

As que ficam são as que se entendem.

 

189 - Refúgio do Poeta

Sua essência coberta de tênues véus

Onde jorra a sensibilidade e inspiração

E ocultam-se sensações e emoções

 

Nas grunas rochosas da efêmera ilusão

 

Nos relevos vulcânicos cobertos pela paixão

 

Na alma, guardiã de mistérios e segredos

Onde se permite a fluidez dos sonhos

E permutas liberadas de sentimentos.

 

190 - Relógio

Em tic tac incessante

Somam-se segundos, minutos

Transformados em horas

 

Dias, meses e anos

 

Com o nome de tempo

 

Horas usadas na semeadura

Horas usadas na colheita

Sob a vigilância da consciência.

 

191 - Registro de Posse

A noite se faz presente

Raios de prata se projetam

Nas serpenteadas veredas

 

Sussurros de um brando vento

 

Uma canção de amor à natureza

 

Noite que a claridade rasga

E sem cerimônia possui o infinito

Geram estrelas que iluminam a vida.

 

192 - Religiões

Muros que dividem homens iguais

E tornam os semelhantes em opostos

Sob a guarida do Pai que não faz diferenças

 

Cada uma com seus dogmas

Suas guerras rotuladas de santas

Revestidas de hipocrisia e heresia

 

Enquanto Deus, por seus filhos chora e ora,

 

Adeptos marionetes se encaminham ao caos.

 

193 -  Renascer

Romper com o estagnado

Receber o novo com esperanças

Agumentar sem medo

 

Ninguém muda aos poucos

 

Renascer urge na essência

Necessário torna-se dizer adeus

Mesmo sem conhecer novo ciclo

 

Ousadia e plenitude no instante.

 

194 - Rosas Vermelhas

Pétalas vermelhas aveludadas

Que orvalho noite beija

Que Sol dia aquece

 

Pétalas vermelhas desfolhadas

Germina início paixão

Desabrocha fragrância amor

 

 Musa de poetas e poesias

 

Desfolham beijos aragens.

 

195 - Rótulos

Porque rotular

Poesia?

São expressões

 

Versos livres

Oral ou, na escrita

Trazem mensagem para reflexões

 

 Sentimentos não se rotulam

 

 São sutis energias.

 

196 - Se fosse possível

Uma vida perfeita

Uma alma satisfeita

Despida de tristezas

 

Realizar todos os desejos

Atapetar o chão de estrelas

E ter um itinerário iluminado

 

A vida ser uma eterna história

 

Sem ocultar fatos e se tornar mentira.

 

197 - Ser Fênix

Ter consciência do final de cada ciclo

Dia após dia, após mortes repetidas

Renascer a cada instante das cinzas

 

Abrir as asas, absorver a energia

Regar as veias com sopro vital

Em um grito, sinalizar o vagido

 

Sobrevoar por desejos ardentes

 

Viver a eternidade no minuto presente.

 

198 - Segundos

Em vão o dia segue o dia,

Segundos deslizam sem deixar vestígios

De mansinho se anuncia o entardecer

 

Os primeiros acordes melódicos

Dos ruídos noturnos se evidenciam

Uma inquietude se faz presente

 

Permeia a natureza e seus reinos

 

O homem e seus sentimentos.

 

199 - Semeador

A alegria de quem semeia

É observar a umidade da terra fértil

Onde a semente depositada irá germinar

 

Não desanima quando um fruto fenece

A esperança se renovará no amanhecer

Quando o Sol, no horizonte despontar

 

O semeador não tem pressa, só a consciência

 

Que sua colheita está nas mãos do Criador.

 

200 - Sementes da Paz

Semeie em seu coração

O amor, esperança e perdão

A união, tolerância, compreensão

 

As sementes germinarão em sua mente

 

Com consciência e sabedoria

 

Você terá um universo de igualdade

Permeado de prosperidade e segurança

Harmonia entre povos e Nações.

 

201 - Sem Memória

Instala-se na mente

Torna o ser ausente

Refém do vazio

 

Ermitão pelo tempo

Sem história

Sem registro

 

A beira de um abismo

 

O caos da redenção.

 

202 - Sentenças

Formadas vocábulos

Palavras benditas ou malditas

Percorrem ampulheta

 

Mistério verdades e inverdades

Emoções, sentimentos afloram

Lágrimas brotam desditas

 

Pronunciadas encantam, desencantam

 

Germinam nas emoções que oscilam.

 

203 - Sensações

Abraço brisa,

Êxtase percorre corpo

Pele arrepia-se prazer

 

Gotas orvalho umedecem

Boca sedenta de beijos

Mitigando sede voraz

 

Aromas espargem ar

 

Exalam fadiga amor.

 

204 - Ser Fênix

Consciência final de cada ciclo

Dia a dia, após mortes repetidas

Renascer instantes cinzas

 

Abrir asas, absorver energia

Regar veias energia vital

Um grito, sinalizar vagido

 

Sobrevoar desejos ardentes

 

Viver eternidade, minuto presente.

 

205 - Ser jovem

A juventude não é um período de vida,

É um estado de espírito, vitalidade

Imaginação e criatividade

 

É audácia que prevalece sobre a timidez,

Sede de amor e aventura no dia a dia

Pensamentos e metas brilhantes

 

Você será jovem enquanto reverenciar

 

O desejo insaciável de ser criança.

 

206 - Ser Velho

Você não envelhece apenas pelo fato

De acumular inúmeros anos de vida

E sim, quando abandona seus sonhos

 

Você envelhece quando seu alimento

É tédio, insegurança, desesperança

Quando curva a cabeça e renuncia a vida

 

Quando a mente é povoada de depressão

 

E com lágrimas escreve na alma - desisti.

 

207 - Silêncio

O silêncio expressa o vazio da Alma

Que perambula no vai e vem do caos

Em busca de um abrigo para hibernar

 

Defesa de sobrevivência para as carências

 

Em busca de alimento para alma Imortal

 

Este tempo de silêncio interminável

Autentica a realidade de meu universo,

Meu tempo em silêncio expirar.

 

208 - Silhueta

Pincelada tela sonhos

Flutuam mente

Direciona olhar inexpressivo

 

Confundo com devaneios

Dançarinos sob brilho lua

Inquietude do ser ou não

 

Silhueta, quando madrugada se foi

 

Roubou alento, contorno seduz.

 

209 - Simplicidade

Brisa a beijar o rosto

Dormir relva verde

Sentir o aroma flores

 

Voar nas asas da esperança

Melodia canção

Murmúrios, sem palavras

 

Aspirar maresia à beira-mar

 

Colher flores em devaneios.

 

210 - Sinfonia

Dedilhe as cordas do tempo

Com maestria, pois sua sinfonia,

Mesmo inaudível se conecta

 

Com notas musicais do universo

 

Com a melodia de nosso interior

 

Sinfonia no tempo, do ocaso

No gorjeio de alegres pássaros

No vento, na brisa, no alvorecer.

 

211 - Sinfonia do Vento

Cânticos do Minuano

Quando desnuda as árvores

E as possui em enlace

 

Voraz, as encurva até os húmus na terra,

Preenche os seus rasgos, seus sulcos,

Suga o néctar de seu cerne

 

O audaz vento se ergue satisfeito

 

Cavalga o tempo em busca de caça.

 

212 - Sinuosidade

Sem fim em seu ir e vir

Durante dias, meses e anos

Em um balé estonteante

 

Beijam como ninfas a areia molhada

 

Que se rasgam em lamúrias de espumas

 

Cheiro da maresia penetra o olfato

Mente divaga com os olhos fechados

Na intensa liberdade do oceano.

 

213 - Só esta Noite

Esquece a tempestade que fustiga lá fora

Os fantasmas da solidão que te perseguem

Da alma expurga dores e ressentimentos

 

Entrega as desditas nas asas do vento

Seca as lágrimas da solidão e amargura

A ilusão se cobre de máscaras e fantasias

 

Só esta noite em mim te aninha

 

Faz de conta que sou o amor que querias.

 

214 - Solitária

Solidão que preenche pensamentos

Sentimentos, espaços vagos

Uma eterna paz no caminho

 

Ser solitária é autodefesa

Faz-se acompanhar da esperança

Não ser violado o altar do sofrimento

 

Certeza de não ser vítima das incertezas

 

De exercer a sabedoria consciente.

 

215 - Sombras

Obscurece negritude noite

Memória em tropeços desfalece

Ilusão que cega a lógica

 

Sombras à direita cobrem quimeras

Esquerda a ansiedade que assombra

Meio, eternidades do tempo

 

 Zombarias cobrem tênue luz

 

 Último sonho incolor, no vácuo.

 

216 - Sonhos de água

Mergulho entre rios e lagos

Desemboco nos oceanos das sensações

Com um canto em timbre cálido

 

Em lendas sou Ondina e Sereia

Nas madrugadas de amor em anseios

Sou única tripulante do barco da ilusão

 

Sou náufraga entre a realidade e quimeras

 

Mas renasço na fonte que borbulha emoções.

 

217 - Sonhos do ar

Mente inquieta aflorando

Palavras soltas ao vento

Os carrega nas asas do tempo

 

Sonhos febris, aventureiros

Onde respiro liberdade

Do ir e vir de qualquer lugar

 

Entranho-me na dualidade, na brisa fresca

 

No furacão dos sentimentos em levitação.

 

218 - Sonhos de fogo

Em meus sonhos de fogo

Tatuo o corpo com labaredas

Que dançam sem queimar

 

Deixam apenas rastros de desejos

Cerceados por inflamadas quimeras

Que se abandonam em prostração

 

Sonhos de fogo brotam do inconsciente

 

Que o consciente renega por pudor.

 

219 - Sonhos da terra

Metamorfose dá-se em concordância

Com as necessidades projetadas na mente

Armazenadas e filtradas em coerência

 

Tanto sou Fada que com o vento flutua

Bruxa encarquilhada na horrenda floresta

Enfeitiçando com poções o amor desejado

 

Posso ser borboletas e grilos cantantes

 

Ou uma serpente com mortal veneno.

 

220 - Sonhos Oníricos

Realizações cristalizadas nos sonhos

Alimentam as vitórias desejadas

E a colheita de nossa jornada

 

Rompem barreiras do impossível

Acompanham-se de esperanças

Para enfrentar as intempéries

 

É caminhar entre as rosas

 

Sem conhecer os espinhos.

 

221 - Sons noturnos

Suspiram entre lembranças

Do que não foi melancolia

Marulhar das águas, monotonia

 

Vozes às vezes ásperas ou veladas

 

Dilaceram alma, ais secretos

 

Vocalização animais noturnos

De acordo com espécies

Ofertam homem sinfonia.

 

222 - Submerso

Mergulha mar poesia

Transforma dor em amor

Navega mares felicidade

 

Cumplicidade oceano

Aroma maresia

Emoção e equilíbrio

 

Não busca infinito, o eterno

 

Vive instante, amor submerso.

 

223 - Sopro

Brisa, vento, trajeto tempo

Vai e vem oscilante, impreciso

Às vezes mais aquém ou além

 

Perdido do Norte, não enraíza, brota

Balança entre curvas tempo

Refém hífen, virgula, reticência

 

 Voam fragmentos mosaico

 

 Retalhos instantes.

 

224 - Sussurros

Cânticos Vento

Quando desnuda árvores

E possui em enlace

 

Voraz, encurva até húmus terra,

Preenche rasgos, sulcos,

Suga néctar cerne

 

Audaz, vento se ergue satisfeito

 

 Cavalga, em busca de outra caça.

 

225 - Tecendo Sonhos

Triste sina, fiar sonhos

 

De cumplicidade e desejo

A arte de roubar um beijo

Ser feliz por momentos

 

Fios desenhados como teias

 

Prendem a alma que emudece

Amarram o corpo ao prazer latente

Guiam a mente como marionetes.

 

226 - Tempo

Não me conheces, mas sabes que existo

Conheço teu passado, teu presente

Estarás velho quando eu for futuro

 

Conheço tuas lágrimas, teus anseios

Desejos que manténs confinados

Sou papiro de tua história

 

Vida nos une e distancia

 

Não vive de lembranças preciosos minutos.

 

227 - Tua Imagem

Nas dobras dos pensamentos sem disfarces

Em cada rosto distante, em cada esquina

Na busca ininterrupta desde o alvorecer

 

Há neste algoz dia, um risco, um rascunho

Rastro que não se dilui nos sentimentos

Sustenta a alma em sublimes delírios.

 

Tua imagem, tatuada na lembrança

 

Guardada por sentinelas do amor.

 

228 - Tempero do Amor

O amor é saboreado a cada instante

Temperado com confiança e paciência

Doses de romantismo e surpresas

 

Respeito mútuo e sensibilidade

Fazer de cada dia todas as estações

E cada um exercitar seus cinco sentidos

 

Guardar no compartimento da memória

 

As intimidades, registros da história.

 

229 - Tempestade

Natureza vê existência ser destruída

Com avalanche e enxurradas

Nas águas doces de fontes e rios

 

Homem vê memória fenecer

Esquecimento histórias de vida

Féretro cinzento das lembranças

 

Despojos da tempestade arrastam

 

O tudo que se transformou em nada.

 

230 - Tempo

Ontem foi um sonho

Hoje é um instante

Amanhã é destino

 

Teimosia que acompanha

Morte que se avizinha

Pesadelo que atormenta

 

Que se veste de expectativa

 

Mas a realidade mostra o avesso.

 

231 - Tempo efêmero

Muitos vivem atrelados ao passado

Que um dia foi presente em suas vidas

Revestidos de lembranças consequentes

 

Não existe equilíbrio entre realidade e fantasia

Um presente pleno é feito de sentimentos

Fortes, cristalinos, sempre recomeço

 

E o futuro será presente, como o passado foi

 

O tempo é efêmero e a vida é fugaz.

 

232 - Tempo mágico

Não me conheces, mas sabes que existo

Conheço teu passado, teu presente

Estarás velho quando eu for futuro

 

Conheço tuas lágrimas, teus anseios

Teus desejos íntimos confinados

Sou o papiro de tua história

 

A vida nos une e nos distancia

 

O tempo é mágico no presente.

 

233 - Travessia

Entre o ir e vir

Trajetos visíveis ou obscuros

Lua pálidos reflexos

 

Ilumina travessia do caminho

Passado, presente, futuro

Corpo curva débeis suspiros

 

Extirpa pesadelos mente

 

Sepulta esperanças, sonhos.

 

234 - Três Tempos

Passado, a noite flutuando sobre o lago

Deixando árvores em tons acinzentados

Ventania forte que desequilibra galhos

 

Presente, um poema de esperança

Tentativas de mudar o curso de lágrimas

Encontrar o caminho da alegria e felicidade

 

Futuro, apenas uma certeza definida

 

A casa gélida que abrigará o corpo.

 

235 - Tenho Medo

Dos sentimentos que fenecem

Em mim, em ti, em nós

Do silêncio que transpassa o tempo

 

Da tênue luz que se infiltra nas sombras

Das horas que correm como algozes

Fontes secas que não jorram emoções

 

Dos véus do dia que desnudam a sina

 

Dos véus da noite que fomentam dores.

 

236 - Trajeto

Rumo emoções

Lembranças, saudades

Fragmentos nostalgia

 

Explorar inspiração

Transmitir de forma poética

Palavras que tenham sentido

 

Penetrem essência

 

Eternize grafias.

 

237 - Trilha das Emoções

Embarco asas ventos

Viajo trilhas marcadas tempo

Busco desvendar essência ilusão

 

Perscruto intensidade emoções

Afloram e corrompem razão

Insanidade infiltra sem licença

 

Vento, sopro rasteiro mostra

 

Dualidade existência, vida e morte

 

238 - Uma das fases

Lua Cheia de solidão

Nostalgia, melancolia, adeus,

Na colina, lobos uivando

 

Um barco, singrando os oceanos

Nas espumas das vagas do mar

Um canto, como lamento brotando

 

Sereia encantada na pedra

 

Pescador naufraga na imensidão.

 

239 - Um corpo

Alquebrado pelo tempo, uma sombra

Uma mente que não reconhece a idade

Arrastando-se empurrado pelo vento

 

Gestos tão leves como folhas

Que flutuam ao cair dos galhos

Quando ventos se evidenciam

 

Um corpo que encerra os ciclos

 

No deserto da vida vê o célere perecer.

 

240 - Vendaval

Ventos e marés a beira mar

Fustigando a areia

Ao longe, ruidosas trovoadas

 

Vagas imensas banham

O penhasco imponente

Em um abraço possessivo

 

A atmosfera, um enigma

 

Incógnita indecifrável.

 

241 - Ventos de Agosto

Minuano

Que sopra

Impiedoso

 

Entre as árvores

Onde galhos nus

Oscilam

 

Na canção de lamento do vento

 

No estertor do desgosto

 

242 - Verbos

Passado

Presente

Futuro

 

Soltos

Deprimidos

Reprimidos

 

No silêncio da incerteza nos sonhos

 

Grafados no pergaminho da vida

 

243 - Versejar

Nos suspiros da tristeza

No silêncio da sintonia com o “eu”

Abrindo o baú dos sonhos esquecidos

 

Tentando reerguer castelos de areia

Colorir de esperanças quimeras

Ao secar lágrimas da ilusão

 

Quando uso a máscara da alegria

 

Para cobrir a face da melancolia.

 

244 - Viagem veloz

Brisa, ventos entre quadrantes

Sopram brandos ou tormentosos

Folhagens oscilam

 

Acordes mágicos liras

 

Ou cruéis tempestades

 

Sensual, lânguido, selvagem

Nascem, crescem entre sóis e luas

Despertam mágoas e feras cerceadas.

 

245 - Véus da noite

Estrelas iluminam noite

Labaredas aquecem mente

Inverno frio, profundezas do ser

 

Olhos semicerrados observam Lua

Vento gélido beija a face

Corta carne, lâmina afiada

 

Longe, uivar lobos inquietos

 

Perto, emoções enregeladas

 

246 - Vida

Viagem tempestiva e inigualável

Que se esvai em passagem efêmera

Na navegação ininterrupta por ciclos

 

Sucessivas investidas desafiadoras

A realidade da estrutura condicionada

Onde se cumpre a sina por nós plasmada

 

Desde o ciclo que marca a existência

 

Sem cúmplices ou intermediários.

 

247 - Vida Urgente

Compromissos, trabalho, aflições

Homem não é mais um doce menino

É máquina que disputa a vida com o tempo

 

Veloz na urgência dos urgentes

Esqueceu de viver emoções, sentimentos

Corre em busca do perdido tempo

 

Vida urgente, onde fez o tudo

 

Sem desfrutar essência do todo.

 

248 - Vitórias

Ciclo do nascer

Vencer os desafios dos ciclos

Ultrapassar obstáculos

 

Semear na mente com ousadia

Realizações metas planejadas

Usar Lei da Atração

 

Certeza que exerce poder mental

 

Merece conquistas.

 

249 - Virtudes

Força que

Impulsiona

Superar

 

Com constância

contratempos

Trajetória

 

Extirpa pensamentos negativos

 

Ensina amor universal.

 

250 - Visões

Vou dar asas à fantasia empreender voo

Escalar as nuvens entre saltos e quedas

Dar carona nas asas para a poesia

 

Receber o abraço da brisa que sopra

Acima da terra e do mar alimentar o espírito

Com suaves nuances do arco-íris

 

Abrir em sintonia os portais

 

Da eternidade inatingível.

 

251 - Voar

Sem barreira ou fronteira

Aspirando suave brisa

plenitude elemento Ar

 

Fugir tempestade

Dilacera sentimentos

Cobre alma neve

 

infinito é vasto

 

Perfeição é fábula.