Rascunhos da Alma, dedicado à literatura poética. 

Indriso

Indriso

       

No Duecento italiano, os trovadores do Dolce Stil Nuovo tomam a estância inicial da canção provençal e a mudam, dando lugar ao que hoje e desde então conhecemos como soneto. Mas, tal e como veremos agora, as possibilidades construtivas que oferecem estes tipos estróficos não terminam aqui, resultando que o soneto aceita uma nova reelaboração significativa (à margem de outras mais discretas como os jogos com estrambotes, o soneto de 13 versos, etc.), dando passagem a uma forma dotada de uma concreta e diferente musicalidade. Essa forma receberá o nome de indriso.

          Concebi o primeiro em janeiro de 2001, em Madri. O indriso é um poema que consta de dois tercetos e duas estrofes de verso único, isto é, que está organizado segundo um padrão 3-3-1-1, e surge a partir de uma reelaboração do soneto no que poderia explicar-se como um processo de condensação estrófica. Os quartetos do soneto passam a ser tercetos no indriso. Depois, os dois tercetos do primeiro passam a ser estrofes de verso único no segundo. Fonte: ISIDRO ITURAT. 2004. WWW.INDRISOS.COM

 

 

 

001 - Arte da espera

 

Arte para artesões sentimentos

Viver sombra emoções

Aprisionados espaços ilusão

 

Alimentados melancolias, saudade

Onde vida fenece cada instante

Companhia a esperança

 

Raros seres usam a lógica

 

Concluem que vida é energia fugaz.

 

002 - Arte de viver

 

Permitir inúmeras emoções

Que aceleram batidas cardíacas

Renovam esperanças renascer

 

Expressar através verbo, alegria, dor

Sem temer entregar-se à ousadia

Desnudar-se, traumas, tabus

 

Vivenciar o amor que brota

 

Emoções que florescem.

 

003 – Abraço

 

Solidão noites insônias

Preenche meu destino

Organiza meu existir

 

Promessas, lembranças estações

Ausências, nunca serão presenças

Desejos incrustados pele

 

Leveza sonhos que flutuam

 

Universo interior onde sou sombra.

 

004 – Adeus

 

Adeus, cinco letras

Cicatrizes que marcam

Registros de perdas

 

Tempo esquecer ilusões

Coragem prosseguir

Novo motivo para crer

 

Adeus, desejo sobreviver

 

Aprendizado do renascer.

 

005 - Adeus Tristeza

 

Adeus, ponto final

Entrego-te sonhos, ilusões

Descarto grilhões que mutilam

 

Não importa que não sinta tua energia

 

Nas horas da noite, nas horas do dia

 

Sem te ver estações vida

Sem te ver agrestes caminhos

Quero apenas, ser feliz intensamente.

 

006 – Afinidade

 

Sutil sentimento

Intensidade imensurável

Independe sujeito e predicado

 

Plenitude e transparência

Elo que não se desprende

Verbo expressa clareza

 

Infinito estado de permanência

 

Ancora esperanças, certezas.

 

007 - As mãos

 

União mãos

Melodia almas

Dedos se fundem

 

Igual força das águas

Fogo que arde, queima

Ar, eixo dos ventos

 

Direita, esquerda unidas

 

Instrumento paz e prece.

 

008 - Alma nua

 

Despida

Livre

Sem compromisso

 

Com bagagens

Experiências

Cicatrizes

 

Pela imensidão

 

A versejar.

 

009 – Acaso

 

Dia segue curso,

Segundos deslizam sem vestígios

De mansinho chega entardecer

 

Primeiros acordes melódicos

Ruídos noturnos se evidenciam

Melodia silêncio inquietante

 

Permeia natureza e reinos

 

Homem e sentimentos.

 

010 - Aquarela da alma

 

Alma, uma paisagem

Com cores emoções

Carrega bagagem esperança

 

Às vezes um arco-íris

 

Outras, tempestades fortes

 

Lembram pôr do sol nostálgico

Entardecer mistérios

Ou, noite em brumas.

 

011 - Árvores Nuas

 

Despiu vestes envelhecidas

Matizes suaves acobreadas

Ou, amarelas avermelhadas

 

Sem nenhum pudor

Estendeu galhos torcidos

Suplicando energia e calor

 

Fustigadas gélida brisa

 

Árvores nuas, nuas árvores.

 

012 - Apenas Horas

 

Curtas que fogem

Longas da espera

Impossíveis, iguais

 

Marcadas pela dor

Destinadas, semeadura

Obrigatórias, colheita

 

Sábio tempo rege

 

Melodia pêndulo.

 

013 – Ansiedade

 

Tempo

Chuva

Vento

 

Emoções

Sentimentos

Amor

 

Gota cristalina

 

Reflete ansiedade.

 

014 - Átomos de Mim

 

Buscas errantes

Veredas assertivas

Desditas em cinzas

 

Em cada verso escrito

Emoções oscilam

Sentimento se fixam

 

Quimeras acarinhadas

 

Brisa, filho tempo.

015 - Ondas

 

Revoltas, rebeldes

Vagas explodem ao chão

Espumas brancas

 

Formam-se longe

 

Beijam minhas mãos

 

Cada reverberação onda

Ilusões que brotam

Ou, no marulhar morrem.

 

016 - Azares de Agosto

 

Secular, medo

Atravessar agosto

Registros história

 

Magia, sobrenatural

Para muitos até fatal

Azares de agosto

 

Atração do nefasto

 

Na mente, após no fato.

 

017 - Águas de agosto

 

Torrenciais

Destruidoras

Misteriosas

 

Emergenciais

Derradeiras

Perigosas

 

Lavam terra e alma

 

Dádivas Criador, águas.

 

018 - Até quando

 

Tempo desejar minha companhia

Vida fluir plenitude

Usarei pena e pergaminho

 

Afagar. sensações e emoções

Bordar com inspiração

Sensibilidade sentimentos

 

Até quando estiver escrito

 

Livro de Deus, dono meu tempo.

 

019 - Amo-te

 

Vento, astros firmamento

 

Trinar pássaros primavera

Canto cigarras verão

Trombetas Anjos sinfonia

 

Arco-íris entremeado de nuances

 

Dias amenos que circundam vida

Noites calmaria ou tempestades

Orvalho, sorrisos, lágrimas.

 

020 - A Ilha

 

Bela, distante, deserta

Cercada por emoções

Habitantes sentimentos

 

Praias virgens, areia morna

 

Coqueiros curvados vento

 

Náufrago aporta sem destino

Face molhada pranto

Bagagem, sonhos, poesia.

 

021 – Lua

 

Enquanto dormes

Lua dança para corpos celestes

E aves sinistras noturnas

 

Dança lasciva sobre águas mar

Obscena, infiltra sua luz

Veios vermelhos terra

 

Mistério e enigma silhueta nua

 

Coberta filigranas de prata.

 

022 – Arcos

 

Adentro pensamento

Mergulho entre imagens

Letras rotas, soltas, sílabas vento

 

Adentro emoções

 

Enlaço e desenlaço

Instante mágico encontro EU

Arcos para iniciar a viagem do tempo

 

Mais um passageiro esquecimento.

 

023 – Pétalas

 

Vida fluxo sutil energia

Germinar, florescer

Madureza, desfolhar pétalas

 

Orvalho que as cobrem

Soltas vento, balé esvoaçante

Envolve fragrâncias natureza

 

Lembranças postergadas mente

 

Cobrem passado pelo algoz Chronos.

 

024 – Amanhecer

 

Sinfonia se faz audível

Revela renascer dia

Raios solares contagiam

 

Iris capta nuances cores

Multicolorido primaveril

 Entrelaçar vida, alegria

 

Botões germinam e florescem

 

Envolvidos gotas do orvalho.

 

025 – Pilares

 

Natureza, sustentada quatro pilares

Elementos, Fogo, Ar, Água, Terra

Homem curvado reverência

 

Dia, matizes ofuscantes

Noite, envolvente mistério

Homem, realidade, sonhos

 

Natureza, energia, movimento

 

Homem estagnado, medo tempo.

 

026 - Até mais

 

Nem sempre somos linhas paralelas

Há encontros, desencontros

Nem sempre sentimentos sintonizam

 

É possível somar um mais um

O resultado satisfaz os pares

A realização se faz presente

 

Quando coração e razão divergem

 

O sábio é dizer consciente, adeus.

 

027 – Amores

 

Intensos, frágeis como pétalas

Mantidos no receptáculo sentimentos

Outros, entre histórias vida

 

Entre uns, dúvida reciprocidade

Outros, anulação individualidade

Tantos se faz despedida

 

Entre poucos se faz magia

 

Tantos, símbolo sofrimento.

 

028 - Magia do Inverno

 

Estação mágica

Faz-se com lareira acesa,

Tilintar taças

 

Hibernar corpos na fantasia

 

Permitir sedução recíproca

 

Como se fosse, cada instante,

Última vez, onde sedução, paixão

Orquestram sinfonia prazer.

 

029 - Amor carne

 

Presídio, grilhões atrofiam mente

Transformam sentimentos instintos

Embrutecem razão, maculam alma

 

Amor carne dura momento, enquanto

Corpos esfomeados se acoplam

Vorazes se consomem em posse

 

Carne fenece, perde viço, aroma

 

Grilhões rompem, em busca da caça.

 

030 - Baile das Folhas

 

Orquestra fundo salão

Piano de cauda

Pianista dedilha teclado

 

Salão tapete folhas

Sobreviventes, vestidas vermelho

Dançam sob luz ensolarada

 

Redemoinho termina festa

 

Zéfiro, sem convite, se vinga zangado.

 

031 - Barco

 

Oscila à deriva

Águas turvas

Mar em tormentos

 

Sem remos, bússola

Passageira melancólica

Ilusão alimenta

 

Sem farol, oscilante neblina

 

Esfacela-se porta consciência.

 

032 - Beijo da Brisa

 

Brisa beija alma

Doçura e calma

Breves sussurros

 

Ferida alma chora

 

Eterno mistério

Entre relógios tempo

Instantes e minutos

 

Perfeita forma e efeito.

 

033 – Balancete

 

Palavras cordatas, hábitos

Silencio, visita jardim amor

Invadiu ervas daninhas

 

Espelho não reflete viço

Mente se veste preguiça

Sentimentos hibernam estações

 

Amanhecer, como tantos,

 

Anoitecer, flor de neve, alcova fria.

 

034 - Bom dia

 

Vida lhe chama

Outro dia nasce

Sem prévio aviso

 

Registrará momentos mágicos

 

 Sua individual história

 

Seja sábio e pleno

Faça saudação segundos,

Minutos, horas, futuras vitórias.

 

035 - Boca seca

 

Voz presa enroscada, emaranhada

Teias cordas vocais

Não permite insensatez palavra

 

Boca que clama, que chama

Sente desejo beijo

Para saciar fome 

 

Garganta seca, umidade boca

 

Sensações menina, medo ser mulher.

 

036 – Brisas

 

Brisas sopram brandamente

Sentimentos, dádivas de amor

Carona asas à felicidade

 

Pórtico multicores e aromas

Inebria duas almas em comunhão

Acordes angelicais em sinfonia

 

Abençoa até que eternizem

 

Uníssona união amor.

 

037 - Cai a lágrima

 

Suave percorre face

Molha pergaminho

Tempestade alma

 

Umedece folha que rasga

Ao ser tatuada letra

Poema que traduz desditas

 

Caminhos, sonhos, pesadelos

 

Esculpidos esperança e dor.

 

038 - Calendário das Flores

 

Sem números, sem tempo

Apenas aromas perfeitos

Eternidade multicolorida

 

Sem emoções e sentimentos

Que desalinham mente

Apenas canção vento

 

Farfalhar pétalas suspiram

 

Passado, presente, futuro.

 

039 – Caligrafia

 

Pena que avança

Silenciosa sobre páginas

Palavras em melodia

 

Desenhadas com arte

 

Descreve movimento mente

 

Viaja espaço do tempo

Porta voz de sentimentos

Promessas, não importa a espera.

 

040 – Caminhos

 

Cruzaram-se languidez olhar

 

Tato carícia corpos

Paladar doces beijos

Sussurro palavras amor

 

Descruzaram-se viés tempo

 

Desfeitos, apenas ausência

Cegueira ânsia buscar atalhos

Mudez monólogo dor.

 

041 - Cartas de Amor

 

Escritas

Catalogadas

Enlaçadas

 

Amareladas

Pelo tempo

Que se esvai

 

Guardadas memórias

 

Emoções passado, presente.

 

042 - Catástrofe

 

Você, feroz vendaval, intempéries

Miséria, fome que lamenta

Peste, que macula pele

 

Desonra, macula alma

Anjo Mal, Anjo Fúria

Que esquentam caos

 

Incendeia mentes

 

Semeia desventura.

 

043 – Certezas

 

Inverno, frio cortante

Lembranças, algozes açoitam

Tempo solidão, nostalgia

 

Lousa branca sem letras

 

Palavras não se fazem presente

 

Realidade fustigou-me alma

Impecável forma, esplêndida alvura

Estátua neve, tua imagem.

 

044 – Claraboia

 

Tempo, cores diurnas, degradê

Eternidade fenecer da tarde

Terra coberta tons violáceos

 

Lua, no universo sem cantos

Ilumina terra, marés oscilantes,

Notívagos escrevem em prantos

 

Claraboia abre-se no infinito

 

Passarela luzes esfuziantes.

 

045 – Colóquio

 

Olhos brilhantes falam

O que palavras ocultam

Sorriso moldura aquiescência

 

Mãos, sinais mudos

Tatuar carícias, auge indivisível

Beijos, felicidade e esperança

 

Emoções alimentam sentimentos

 

Enquanto roda vida gira incessante.

 

046 – Cenário

 

Alma, cenário oscilante

Às vezes alvorada que renasce

Outras, anoitecer infindo

 

Permeia nossa essência

Pincela cores do ápice arco-íris

Hiberna, no infortúnio

 

Corpo continua sua vereda

 

Busca em si, inexistente perspectiva.

 

047 - Como areia

 

Que vento me leve

Sopro ou sussurro

Rodopio fascinante

 

Não importa rota

Muito menos destino

Tempo para ficar

 

Que sopre quatro cantos

 

Razão para eternizar.

 

048 – Conquistas

 

Conscientização merecimentos

Direito à felicidade

Certeza fé que pratica

 

Metas traçadas, objetividade

Coragem, ousadia busca

Ser proprietário sonhos

 

Despertar essência vida

 

Escrever história no livro memória.

 

049 - Crepúsculo

 

Despede-se a tarde, universo apazigua

Homens buscam descanso corpos

Espíritos multiplicam luz e energia

 

Nuances ocaso brilhantes, vibrantes

Cobrem tela imenso infinito

Sol majestoso se oculta horizonte

 

Ponte arco-íris se faz presente

 

Percurso entre dia e noite.

 

050 – Alvorecer

 

Paisagem encanto descortina

Fontes, cascatas jorram águas

Escorrem sinuosas ravinas

 

Árvores frondosas deslumbrantes

Flores aromáticas extasiantes

Espelhos refletem mil miragens

 

Pássaros exóticos revoadas

 

Silêncio, chamado eternidade.

 

051 - Curvas da Alma

 

Lágrima, travesseiro úmido

Revestido de seda, permeado penas

Soluçar, partículas dor

 

Lembranças sombrias enlaçam mente

Riscos, rabiscos melódicos

Momentos, indeléveis emoções

 

Perdas, solidão inquestionável

 

 Preenchem curvas da alma.

 

052 – Conexão

 

Viagem infinito

Mergulho nuvens

Até pórticos paraíso

 

Anjos, oração

Melodia, canção

Alma, busca luz

 

Paz almejada encontrada

 

Homem e Deus, em conexão.

 

053 – Discurso

 

Falar de vida

Monólogo com alma aflita

Sem máscaras, desnudar

 

Falar sentimentos

Montanhas, eco responde

Ao mar, ouvidos das conchas

 

Discursar à aurora sobre renascer

 

Ao crepúsculo, sobre amor.

 

054 - Delírios

Quimeras incoerentes

Existência sem razões

Amálgama estações

 

Vida em borrões

Sem definição, resoluções

Mente, desconexos pensamentos

 

Delírios inconclusivos tempo

 

Sem origem, trilhas ou norte.

 

055 – Devaneios

 

Alimento devaneios

Ao olhar borboletas,

Rosas vermelhas sedução

 

Cenário de beleza ímpar,

 

Alimento novas emoções

 

Alimento devaneios

Sentimentos, pensamentos

Carência amor e paixão.

 

056 – Destino

 

Verdade feita silêncio

Propaga sopro

 Asas lépidas vento

 

Destino sem projetos

Teias estranhas tecidas

Sombras pérfidas tempo

 

Histórias, verdade e mentiras

 

Verdades, mentiras, fatos amanhã.

 

057 – Dias

 

Em dias frios

Nublados, solitários

Brota desejo retornar

 

À primavera vida

Fazer que não fiz

Ser quem não sou

 

Angústias permeiam alma

 

Analiso existência, quem sou eu?

 

058 - Decisões

Novas ideias

Reformas

Escalar

 

Obstáculos

Sem medo

Da queda

 

Só ou acompanhado

 

Atravesse a ponte do tempo.

 

059 - De repente

 

Tempestade se fez vento

Nuvem se fez chuvisco

Riso se fez pranto

 

Noite se fez dia

 

Oásis da vida se fez distante

 

Desejo se fez chama

Sonho se fez quimera

Realidade se fez drama.

 

060 – Encantamento

 

Abro janelas mente para escutar

Sussurro ventos, sopro brisa

Entre suspiros, sinfonia Angelical

 

Vento que me envolva com poesia

Escritas no Livro da Vida

Que fale, esperança e paixão

 

Um vento exótico e eloquente

 

Constante sintonia amor.

 

061 – Desejos

 

Inconstantes

Inconscientes

Silenciosos

 

Ausentes

Presentes

Inconvenientes

 

Alma vaga imensidão

 

Sem barco para travessia.

 

062 - Dom do Poeta

 

Germina e floresce mente,

Alça voo e capta sentimentos

Como luz, escritas em versos

 

Notas musicais flutuam

Rompem ventos, barreiras tempo

Acoplam-se em sonetos

 

Palavra, arena vida

 

Força que doma e incendeia.

 

063 – Eclipses

 

Noite e dia, em eclipse

Nevasca cobre terra

Terra sepulta corpo

 

Luto natureza, lamentos

Abre-se assustador sarcófago

Atrai hálito dos vivos

 

Letargia, soluços, disfarces

 

Réstia luz, sol, puro acaso.

 

064 – Emoções

 

Fragmentos verdades

Eterno desafio

Homem debelar-se

 

Entre vícios e virtudes

 

Perplexidade ser ou não ser

 

Conflitante dualidade

Enquanto corpo anseia desejos

Alma, perfeição busca.

 

065 – Elementos

 

Fragmentos tempo

Terra em labaredas

Água límpida, lamacenta

 

Vento carona viaja

Asas tempo firmamento

Natureza fenece e renasce

 

Cada estação um prenúncio

 

Fartura ou cicatrizes, o destino.

 

066 - Espelho Partido

 

Reflexo marcado vida

Lembranças lágrimas contidas

Esperanças soterradas

 

Sem alternâncias caminhos

Nas estações, vivencias

Contenda, marasmo indefinido

 

Nem imagem, nem reflexos

 

Borrões sombras, neste espelho partido.

 

067 – Esperas

 

Incertezas que mutilam

Esperança teima sobreviver

Entre angústia e silêncio

 

Segredos murmurados

Sóis e luas em movimento

Tênue fio preso asas tempo

 

Pássaro ferido não se ergue

 

Imersão vácuo infinito.

 

068 - Eu e Minhas Feras

 

Com grilhões, trancafiadas

Guardiã, companhia Coruja

Permanente estado vigília

 

Espreita energias que circundam

Direção próximos passos

Movimento da alcateia lobos

 

Uivam noites Lua Cheia

 

Rasgam vestes, nudez decência.

 

069 – Existência

 

Divisão dia

Ocaso, crepúsculo

Soma segundos

 

Pôr do Sol oculto horizonte

 

Passado, suas cicatrizes

Presente, todas nuances

Futuro, coberto por véus

 

Estrelas cobrem o infinito.

 

070 – Expurga

 

Dor atravessa a alma

Pedras aridez fere pés

Sombras assustam noite

 

Pesadelos infiltram sonhos

Fantasmas solidão habitam mente

Grilhões descompasso emoções

 

Após, recebe brisa fresca manhã

 

Renasce vida, plena felicidade.

 

071 - Tempo de Outono

 

 Estação amadurecimento

Quietude emocional

Aquarela envelhecimento

 

Ouve-se som chuvas

Que caem do telhado

Umedece terra

 

Outro ciclo do tempo

 

Lágrimas fugidias a jorrar.

 

072 - Entardecer outonal

 

Mistério, beleza entardecer

Tardes mais curtas, sol ameno

Folhas espalhadas no chão

 

Pensamento em rememoração

Outonos passados, quimeras

Aos poucos se infiltra réstia luz

 

Firmamento tons, nuances

 

Nudez da lua que desponta.

 

073 – Exilada

 

Expressar sentimentos confinados,

 

Pergaminho roto, amarelado

Pena verte lágrimas, ao invés tinta

Manchas palavras mal escritas

 

Lembranças opulentas, parcas

De desditas, sem sorte

Grito socorro perpassa morte

 

Resgatar o renascer, mesmo exilada.

 

074 – Fantasmas

 

Dançam confusos e frenéticos

Gravuras pintadas paredes escuras

Sonho névoas povoado sombras

 

Acordes musicais audíveis à mente

 

Retumbam como ecos grotescos

 

Acordei pesadelo aflito

São lembranças presentes

Envelhecidos na lágrima de prata.

 

075 - Fiandeira do Tempo

 

Com fragmentos passado, presente

Tece maestria manto do futuro

Quando não restar energia

 

Quando frio for permanente

Vida, eterno inverno

Sonhará tempo perdido

 

Cobrirá lembranças quimeras

 

Esconderá face para ocultar lágrimas.

 

076 – Fidelidade

 

No alto, presa ao firmamento

Entardecer que desponta

Acima folhas álamo farfalhar

 

Negritude ainda não se fez

Infinito azul escuro

Anuncia, vai anoitecer

 

Estrela oeste inspira poeta

 

Dedilhar musicalidade versejar.

 

077 - Gotas de Lágrimas

 

Inúmeras, impossível registrar

Brotam canto, belos olhos

Decisões ou indecisões

 

Tristezas fonte sentimentos

Raiva brotam inesperadas

Medo, turva visão e emoções

 

Acanhamento autocrítica, punição

 

Reprimidas morrem, cordas vocais.

 

078 – Griffe

 

Quando amor estiver em alta

Como marca universal

Homem conhecerá essência

 

Suas sementes percepções

Germinarão emoções

Paz se espalhará humanidade

 

Cálice sentimentos

 

Néctar, harmonia, luz.

 

079 - Arte tecer ilusão

 

Inconsequência, promessas

Palavras, alimentam quimeras

Tempo se esvai, só espera

 

Ásperas curvas sinuosas caminho

 

Lembranças reescrevem histórias

 

Ações, traumas, causas, efeitos

Segredos ocultos véus do inconsciente

Labirintos, descaminhos sentimentos.

 

080 - Há vento

 

Sopra e balança folha

Abre porta que range

Balança pêndulo

 

Marca uma, duas, três

Tempo que passa

Enquanto som do sino

 

Em sinfonia com vento

 

Distribui dádivas felicidade.

 

081 - Herança dos Poetas

 

Legado é honra

Ouro, as letras

Fama, versos e rimas

 

Alimento, poesia

Percepção, prisma olhar

Sensações, aflorar da alma

 

Emoções, sorrisos e lágrimas

 

Sentimentos, entre ódio e amor.

 

082 - Homem ou sombra

 

Pegadas fundas direção mar

Areia úmida que espuma beija

Mãos, cálice veneno mortal

 

Movimento, oscilar corpo

Sob a escuridão da noite

Vagas, lágrimas banhadas luar

 

Homem ou sombra, ombros curvados

 

Dores vida, silenciosa morte.

 

083 - Horas Inertes

 

Passam sem perceber

Geradas fontes tristeza

Parida nos segundos incerteza

 

Pergaminho, uma escrita

Revela rastro saudade

Poema, lágrima eternizada

 

Amor não fenece, apenas adormece

 

Em trêmulos ais, horas acordam.

 

084 – Humanos

 

Iguais, qualidades e defeitos

Inteligência e oportunidades

Desafios, mesma intensidade

 

Diferença, o percurso traçado

Escolhas, opção Livre Arbítrio

Aprendizado, conhecimento

 

Humanos, necessitam entrelaçar mãos

 

Conectarem-se ao amor universal.

 

085 – Impermanência

 

Zunido, vento assusta

Peralta, brisa dança

Sol vespertino, desperta

 

Vagas, ruidosas explodem

Gelo, acumula camadas

Lua, suas quatro fases mágicas

 

Introspectiva, analiso verso e reverso

 

Impermanência é energia, flui espera.

 

086 – Intempérie

 

Ruídos passos miúdos, apressados

Fogem chuva fria, interruptiva

Molha calçadas escorregadias

 

Vestuários colados, sapatos alagados

Frio intenso perpassa corpo físico

Soluços persistem respirar vital

 

Sensibilidade aflora lágrimas

 

Emoções congelam utopias.

 

087 – Ilusão

 

Sentença silenciosa

Tatuada sentimentos

Peregrina emoções

 

Habita âmago alma

Calada, traiçoeira

Alimento, desejos

 

Maquiavélico carcereiro

 

Cela da solidão.

 

088 – Inverno

 

Chega mansinho

Noite em tons cinza

Frio, vento, nevasca

 

Silêncio cobre natureza

 

Galhos curvam e reverenciam

 

Solstício de Inverno inicia

Seus atributos conhecidos

Óbito energia, escuridão.

 

089 - Lágrimas de chuva

 

Pingos suaves afagam

Folhas sedosas, flores coloridas

Quem sabe sutil beijo?

 

Rosa germina botão

Torna-se viçosa, recebe orvalho

Esmaece ocaso em silêncio

 

Lágrimas que banham vida

 

Jardins ressequidos da terra.

 

090 – Lamparina

 

Presa na mente ilumina silhuetas

Fazem parte lembranças

Indistintas, esmaecidas tempos

 

Como espectros noites gélidas

Habitam inquietante sonho

Desejos fugazes se escondem

 

Luz incide frações segundos

 

Desconhecido, rumo horizonte.

 

091 - Letras

 

Unidas

Formam registros

Identidade memória

 

Nas páginas

Úmidas do orvalho

Amareladas com o tempo

 

Um livro de vida

 

Chamado passado

 

092 – Loucura

 

Vagas razões

Sem imagens

Sem coerência

 

Eterno caos

Triste canção

Teatro sem plateia

 

Alma notívaga

 

Reflete vácuo.

 

093 - Lua Cheia

 

Esplendor infinito

Ilumina noites

Mistério, magia

 

Musa amores

Paixões

Amantes

 

Uivar de teu lobo

 

Reacende desejos loucos.

 

094 – Liberdade

 

Pensamento, palavra, expressão

Páginas escritas, lidas, catalogadas

Outras, rascunhos delineados

 

Caminhos sonhos levam ao horizonte

Cada renascer, sopro amanhecer

Cada estrela anuncia anoitecer

 

Gotas águas cristalinas é vida

 

Nuances onde imerge alma.

 

095 – Borboletas

 

Misteriosa metamorfose

Impulso rompe casulo

Asas a farfalhar

 

Busca natureza liberdade

 

Ritmo nascimento

Hoje, amanhã quem sabe

Sem lembrar que existe morte

 

Companhia, vento primaveril.

 

096 – Voar

 

Sem barreira ou fronteira

Aspirando suave brisa

plenitude elemento Ar

 

Fugir tempestade

Dilacera sentimentos

Cobre alma neve

 

infinito é vasto

 

Perfeição é fábula.

 

 097 - Linhas das Mãos

 

Linha vida, independência, vida longa,

Linha cabeça, intelecto claro, forte,

Linha casamento, relações marcantes.

 

Linha filhos, hoje possuo,

Linha coração, emoções, intuição,

Linha destino, trabalho e prosperidade,

 

Minha mão elementar leu a cigana

 

Autenticada na trajetória.

 

098 - Espelho do Tempo

 

Espelho, passagem tempo

Reflexo, nem sempre traz alegrias

Paradoxos queda vida, morte

 

Declínio inexorável, sutil vitalidade

 

Ventos transformados, tempestades

 

Retrospecto, linhas curvas, retas

Marcas profundas temporalidade

Passado, presente, destino.

 

099 - Mulher Nua

 

Nudez corpo, banhado de luz

Olhos brilhantes, felinos

Curvas, se chama destino

 

Mente, perigoso enigma

Boca, convite sensual

Emoções, resíduos desejos

 

Em qualquer circunstância

 

Um ser especial.

 

 100 - Mergulhe

 

Solte amarras

Futuro incerto

Plenitude presente

 

Mergulhe percepções

Desfrute sensações

Labaredas paixão até amor

 

Mergulhe sintonia vida

 

Não seja náufrago existência.

 

 

 

101 - Mudanças

Tudo muda

Emoções

Sentimentos

 

Regras

Conceitos

Pessoas

 

Mudanças, tentativas

 

Mudanças, renascimento.

 

 102 - Mudez da Alma

Lembranças marcadas saudade

Silêncio despido, cores, sentidos

Sina, acaso provado, escolhido

 

Permeada, solidão, melancolia

 

Pulsar vida se faz energia

 

Enquanto mente desenha lembranças

Realidades inconstantes, imaginárias

Enclausuradas, fotos emolduradas.

 

103 - Minhas Metades

Crepúsculo tinge infinito

Vagarosa quietude manhã

Sensível ou insensível emoção.

 

Consciência Alma despida culpas

Insanidade perscrutar quimeras

Ousada ou, inércia preferências

 

Metade muda silencia fatos

 

Ou, que instiga revelar segredos.

 

 104 - Miragem

Oásis escaldante lembrança

Réstias sol ornamentam

Atmosfera febril paixão

 

Canção envolvente

Libera corpo balé excitante

Notas inaudíveis amor

 

Adormecer busca miragem

 

Sonhar, realidade vida se faz.

 

105 – Passamento

 

Sempre teve lugar de destaque

Cultura das antigas civilizações,

Entre crenças, ritos e tradições.

 

É necessária reflexão sobre efemeridade

 

Vida e suas sombras, passamento e luto

 

Na atualidade é armazenado

No compartimento do esquecimento

Opção do sofrimento, apenas no ato e fato.

 

106 - Trilha das Emoções

 

Embarco asas ventos

Viajo trilhas marcadas tempo

Busco desvendar essência ilusão

 

Perscruto intensidade emoções

Afloram e corrompem razão

  Insanidade infiltra sem licença

 

Vento, sopro rasteiro mostra

 

Dualidade existência, vida e morte.

 

107 – Neve

 

De mansinho, neve

Inunda ruas, avenidas

Cobre galhos despidos

 

Meus sonhos nus,

 

Desprovidos de fantasia

Nuances coloridos

Frio dilacera alma

 

Soterra ilusões.

 

108 - Noite

 

Encoberta densas névoas

Ruídos sons aterrorizam,

Vento gélido, frio cortante,

 

Entrelaçado solidão

 

Ermitão esquálido, quase desnudo

Caminha neve, lamúrias

Fenece carne, dilacera esperanças

 

Penetra torpe escuridão.

 

109 - Noite de Luar

 

Tênue luz vespertina se esconde

Silêncio faz nascer noite

Lago espelhado sussurra canção

 

Gorjeio pássaros galhos emudece

Solidão faz prece nostálgica de joelhos

Sombras desenham balé espectros

 

Lua imerge firmamento

 

Tatua prata lágrima de tristeza.

 

110 – Nostalgia

 

Quietude tarde

Desejo volúpia acentua

Acende-se flama paixão

 

Reflexo dourado acaso

Traz entardecer dia

Lembranças de alguém

 

Néctar, taça sensualidade

 

Transborda vida e prazer.

 

111 - Véus da noite

 

Estrelas iluminam noite

Labaredas aquecem mente

Inverno frio, profundezas do ser

 

Olhos semicerrados observam Lua

Vento gélido beija a face

Corta carne, lâmina afiada

 

Longe, uivar lobos inquietos

 

Perto, emoções enregeladas.

 

112 – Nudez

 

Entardecer outonal

Céu aquarela nuances

Tons azulados horizonte

 

Raptadas por suave vento

Árvores entregam ao tempo

Folhagens que as vestem

 

Galhos desnudos se entrelaçam

 

Ocultam nudez, envergonhados.

 

112 - No tempo que me resta

 

Quero adormecer beira-mar

Revestir-me raios lunares

Sentir carícias brisa

 

Escrever poemas

 

Sem pena e pergaminho

 

Materializar sentimentos

Tatuá-los areia úmida

Para espuma mar beijar

 

113 - Noite de luto

 

Vestida com manto negro

Bordado sem estrelas

Salpicado por neve fria

 

Névoa transforma-se chuva

Inunda rios e lagos

Altera marés mares

 

Sinos tocam, sussurrar ventos

 

Anjos rezam às almas irreverentes.

 

114 – Óbito

 

Passagem outro Universo

Aromas florais exalam leve

Adeus, saudades outrora

 

Lamento murmúrio águas

Veredas tapete sentimentos

Mestres guiam ao aprendizado

 

Anjos despojam invólucros

 

Repouso sombra jardim eternidade.

 

115 – Outono

 

Sol se despede cedo

Natureza troca roupagem

Estação de alternâncias

 

Cai chuva miúda

Pássaros migram, até breve

Firmamento cores nobres

 

Árvores se despem em balé

 

Assobio vento, sinfonia.

 

116 - Mensagem de Chonos

 

Não me conheces, sabes que existo

Conheço passado, presente

Estarás velho quando for futuro

 

Conheço emoções, anseios

Desejos manténs confinados

Sou papiro de tua história

 

A qual, registras, com pena

 

Lágrimas que marcam face.

 

117 – Astros

 

Trajetória contínua

Perpassam galáxias desconhecem

Duração segundos, minutos e horas

 

Conceito que possuem, brevidade

Passagem luz que rasga

Temporalidade

 

Remoto, presente

 

Futuro, quem sabe caos.

 

118 – Conjuntura

 

Muitos acordam, se apressam

Mente ideias borbulham

Busca alcançar objetivos

 

Enquanto fenecem horas

Dia finda, anoitece

Homens retornam jornada

 

Assim, vida decorre efêmera

 

Para muitos, minutos perdidos.

 

119 - Obras esquecidas

 

Pena, pergaminhos, inspirações

Sensibilidades afloradas, emoções

Poesias, inesquecíveis musas

 

Romances escritos, luz de velas

Reais ou fictícios, histórias vida

Sentimentos contraditórios e conflitantes

 

Emaranhado sentimentos

 

Esquecidas através do tempo.

 

120 - Mar e Paixão

 

Mistério

Mar indomável

Algoz vidas

 

Mistério

Paixão avassaladora

Envolvente, profunda

 

Mergulho enigmas

 

Ilusões, perigos.

 

121 – Poeta

 

Nem tudo que escreve

Vivencia presente, sentimentos

Fazem parte bagagem alma

 

Que entre idas e vindas registram

 

Realizações, desditas

 

Neste emaranhado emoções

Insights lembranças guardadas

Eternizadas entre vidas passadas.

 

122 - O tempo adormeceu

 

Letargia tomou posse

Com ela, sonhos,

Esperanças, desejos

 

A alma adormeceu

Cansada, desnutrida

Caminhos agrestes

 

Energia vital feneceu

 

Homem esquece lembranças.

 

123 - Outono Interior

 

Notas melancólicas

Piano em lamento

Busca notas distantes

 

Nas folhas, tons avermelhados

Vento rápido que gela

Tristeza que pálpebras fecha

 

São mistérios do ser

 

Que vê vida fenecer.

 

124 – Platônico

 

Sentimentos receptáculo alma

Se furtam intimidades fugidias

Emoções pulsantes castidade

 

Recolhe-se à solidão, espera

Novas estações, embarques, desembarques

Busca alimento em quimeras

 

Não é insanidade, é lógica sobre impossível

 

Certeza, sonhos ser proprietário.

 

125 – Plenitude

 

Amanhecer acompanha plenitude

Energia flui e louva Astro Rei

Sorve néctar sutil que alimenta vida

 

Acaricio pétalas, se desfolham

Caminho ao olhar infinito

Busco remissão pecados

 

Creio condescendência Criador

 

Creio constância da mudança.

 

126 – Versejador

 

Entre percepções que captam

Sensações permeiam

Emoções causam frêmitos

 

Nuances quimeras

 

Esperanças criam vida

 

Notas destilam paixão

Lembranças funestas saudade

Consciência de um alicerçado amor.

 

127 – Partilha

 

Convidei-te partilhar

Céu outonal entre nuances

Mudam frequências cada instante

 

Mãos dadas veredas

Diálogo percepções, sensações

Emoções, sentimentos

 

Partilhar sonhos de vida

 

Cada estação, frutificar o amor.

 

128 – Passado

 

Recordar o que foi palpável, existente

Passado, insiste em ser presente

Atrofia decisões lógicas, coerentes

 

Papéis catalogados ciclos inexistentes

Mágoas não incineradas

Certificados melancolia, tristeza

 

Retroceder até capítulos findos

 

Labaredas que se tornaram cinzas.

 

129 – Pássaro

 

Em voo gracioso

Plana infinito

Fecha asas abraço

 

Sua mensagem

poesia muda

Entre seu ir e vir

 

Mostra vasto universo

 

Lembra que somos finitos.

 

130 – Perfeito

 

Dia, nuances coloridas

Grãos areia dançam vento

Frondosas árvores, frutos, sombras

 

Voraz oceano, vagas intempestivas

Águas mansas rios, lagos

Terra, brota e germina sementes

 

Estrelas iluminam salões firmamento

 

Lua, Deusa da Noite, criação Divina.

 

131 - Pérolas orvalhadas

 

Umedece tenros botões

Germinam jardins da vida

Emoções, sentimentos

 

Floresceu botão esperança

Paz, amizade, confiança

sonhos e felicidade

 

Pérolas orvalhadas, lágrimas

 

Inunda desamor.

 

132 – Poema

 

Poema, minha musa

Palavras, imagem

Magia, versejar

 

Sentimentos, essência.

 

Nós entrelaçados

Dueto encanto

Alma e poesia

 

Minha vida, poetar.

 

133 - Pôr-do-Sol Outonal

 

Firmamento pincelado

Raios rosa, vermelhos

Criador o artista

 

Folhas nas veredas

Animais buscam abrigo

Longe, ruído águas riacho,

 

Folhas árvores oscilam

 

Fascina tons castanhos, dourados.

 

134 – Prenúncio

 

Sensação, ansiosa espera

Emoções, adentram mente

Sentimentos, extasiados

 

Sombra perpassa olhos

Expectativa tempo vida

Mergulho mar enlevo

 

Prenúncio realidade, talvez quimeras

 

 Antevejo satisfação desejos.

 

135 - Percorrendo o Mar

 

Entre ilhas navego

Mares desconhecidos

Maresia emoções

 

Afasto-me margens

Diluo sentimentos

Entre imagens enlaçadas

 

Lembranças jogadas a esmo

 

Mergulham mar esquecimento.

 

136 – Primavera

 

Abraços aromáticos brisa

Botões rosas germinam

Frágeis, lírios e jasmins

 

Multicoloridas borboletas pousam

                                                  

A natureza ilumina, primavera

Espíritos, oráculos encantados

Prenunciam promessa renovação

 

 Germina felicidade em cada emoção.

 

137 - Melodia Primaveril

 

Chilrear pássaros

Zumbido abelhas

Cricrilar grilos

 

Zumbir besouros

Grasnar gaivota

Coaxar sapo

 

Balé folhagens

 

Reverenciam espíritos do ar.

 

138 - Pincelei de Verde

 

Vida, quimeras

Tonalidades

Pátina tela tempo

 

Pincelei verde estações

Espargi tinta relva fresca

Hera que envolve sentimentos

 

Tatuei digitais em letras

 

Deste poema, verde esperança.

 

139 – Poesia

 

Folhas secas

Páginas amareladas

Livro vida

 

Solidão

Amargura

Frustração

 

Seu registro efêmero

 

Odor implacável tempo.

 

 140 – Semeador

 

Alegria quem semeia

Observar umidade terra fértil

Semente irá germinar

 

Não desanima se fruto fenece

Esperança amanhecer

Sol, horizonte desponta

 

Semeador tem consciência

 

Colheita, desígnio Criador.

 

141 – Palavras

 

Bendita

Incentiva

Dignifica

 

Maldita

Arrasa

Destrói

 

Vento leva asas na ida

 

Voltam no ecoar.

 

142 - Palavras ao vento

 

Soprei ao vento

Palavras que perseguem

Para dissolver no ar

 

Palavras dúbias

Permeadas de fel

Só aniquilam

 

Armazeno quatro palavras

 

Um dia irei amar.

 

143 – Presságios

 

Acordou vento

Desamarrou nós

Despiu árvores

 

Envergou galhos

Fez verter lágrimas

Chuva inunda vala

 

Reza vento com nove ramos

 

Assopra presságios nascer aurora.

 

144 – Tempestade

 

 Natureza vê existência ser destruída

Com avalanche e enxurradas

Nas águas doces de fontes e rios

 

Homem vê memória fenecer

Esquecimento histórias de vida

Féretro cinzento das lembranças

 

Despojos da tempestade arrastam

 

O tudo que se transformou em nada.

 

145 – Paixões

 

Vendaval de paixões

Sensações excitantes

Vidas entrelaçam

 

Momentos fugazes

Desejos instantes

Sem prudência

 

Regras, exceções

 

Apenas interrogação.

 

146 – Peregrino

 

Manto negro

Cobre peregrino

Agrestes atalhos

 

Revestido de solidão

Iluminado minguante lua

Cobre lividez face

 

Alma perdida trajeto

 

Mergulho silenciar.

 

147 – Pesadelo

 

Vozes guturais noite

Labirinto percorrer

Pegadas formas dantescas

 

Lágrimas abundância

 

Inconstância trajetória

 

Escalar paredes invisíveis

Sons sussurros dispersos

Engodos, fabricados mente.

 

148 - Quero ser eu

 

Tocar a pele, me sentir viva

Vencer medos

Oscilantes dissabores

 

Inteira para o destino

 

Guerreira, ousada, tímida

 

Na espera que as brisas

Traga sopro energia

Renove energia vital.

 

149 – Quietude

 

Mente vazia

Pensamentos desconexos

Horas letargia

 

Dias, noites sem fim

Só o suspirar não silencia

Simboliza vida

 

Palavras calam e lágrimas

 

Silenciosamente deslizam.

 

150 - Quero voar

 

Após tempestades assustam

Quando soprar ventos brandos

Dos quadrantes

 

Pêndulo anunciar madrugada

Asas liberdade me fascina

Encontro mistério da vida

 

Quero voar sem compromissos marcados

 

Corpo, alma despidos.

 

151 – Razões

 

Algumas vezes, impedem e regem

Outras, ferem sem razão

Ou caem e se erguem

 

Algumas esquecem se fundem

Outras, interferem se ofendem

Tem razões, que surpreendem

 

Outras tantas, iludem e partem

 

As que ficam se entendem.

 

152 – Renascer

 

Não olhe para trás

Liberte mágoas, amarras

Leia a inscrição, passado

 

Não olhe para trás

Nada mudou, apenas cicatrizes

Estrupo sentimentos

 

Além do horizonte espelho reflete

 

Você inteira e verdadeira.

 

153 - Rosas Vermelhas

 

Pétalas vermelhas aveludadas

Que orvalho noite beija

Que Sol dia aquece

 

Pétalas vermelhas desfolhadas

Germina início paixão

Desabrocha fragrância amor

 

Musa de poetas e poesias

 

Desfolham beijos aragens.

 

154 - Refúgio do Poeta

 

Essência coberta tênues véus

Jorra sensibilidade, inspiração

Ocultas sensações, emoções

 

Grutas rochosas efêmera ilusão

 

Relevos vulcânicos cobertos de paixão

 

Alma, guardiã mistérios, segredos

Permite fluidez sonhos

Permuta sentimentos.

 

155 – Relógio

 

Em tic-tac incessante

Somam-se segundos, minutos

Transformados em horas

 

Dias, meses, anos

 

Com o nome de tempo

 

Horas usadas semeadura

Ou na duvidosa colheita

Sob vigilância da consciência.

 

156 – Rótulos

 

Porque rotular

 Poesia?

São expressões

 

Versos livres

Oral ou, na escrita

Trazem mensagem para reflexões

 

Sentimentos não se rotulam

 

São sutis energias.

 

156 – Rastros

 

Linhas retas, curvas, sinuosas

Ando em círculos a esmo

Aprisionada, palavras sem sentido

 

Pensamentos cerceados mente

 

Distancias, encontros e desencontros

 

Resíduos fúrias tempestade

Ilhas, náufragos mar esconde

Busca no infinito, rastro iluminado.

 

157 – Rascunhos

 

Tantos papéis amassados

Mensagens tatuadas

Discurso vivenciar amor

 

Rolaram a esmo ao vento

 

Queimadas, cinzas no tempo

 

Cobertos tênues véus consciência

Enterrados no compartimento sonhos

Aridez corpo, fluidez alma.

 

158 – Religiões

 

Muros dividem homens iguais

Tornam semelhantes em opostos

Guarida Pai não faz diferenças

 

Cada uma com seus dogmas

Suas guerras rotuladas santas

Revestidas de hipocrisia, heresia

 

Enquanto Deus, por seus filhos chora e ora,

 

Perdidos, dirigidos, caminho do caos.

 

159 - Rota dos Ventos

 

Ventos tépidos traz aromas

Das flores banhadas de orvalho

Exalam envolvente néctar

 

Mistérios da vida em evidência

Imperceptíveis olhos face

Inerentes à luz olhos Alma

 

Rotas dos Ventos, caminhos das brisas

 

Multicoloridas flores, para atapetar destino.

 

160 – Renúncia

 

Vida, sonhos, quimeras

Amor tempo findo

Passado de vestígios

 

Flor não germina

Fruto não se prova

Aroma marcou época

 

Direitos que são deveres

 

Exéquias do implausível.

 

161 - Se fosse possível

 

Vida perfeita

Alma satisfeita

Desconhecer tristezas

 

Realizar desejos

Colher paz, esperanças

Vida ser eterna história

 

Revelar falsidades

 

Resguardar individualidade.

 

162 - Sonhos Oníricos

 

Realizações em sonhos cristalizadas

Alimentam vitórias desejadas

Colheita na jornada

 

Rompem barreiras impossível

Acompanham esperanças concretas

Enfrentam intempéries

 

Caminhar entre rosas

 

Sem conhecer espinhos.

 

163 – Silhueta

 

Pincelada tela sonhos

Flutuam mente

Direciona olhar inexpressivo

 

Confundo com devaneios

Dançarinos sob brilho lua

Inquietude do ser ou não

 

Silhueta, quando madrugada se foi

 

Roubou alento, contorno seduz.

 

164 – Sensações

 

Abraço brisa,

Êxtase percorre corpo

 Pele arrepia-se prazer

 

Gotas orvalho umedecem

Boca sedenta de beijos

Mitigando sede voraz

 

Aromas espargem ar

 

Exalam fadiga amor.

 

165 - Ser Fênix

 

Consciência final de cada ciclo

Dia a dia, após mortes repetidas

Renascer instantes cinzas

 

Abrir asas, absorver energia

Regar veias energia vital

Um grito, sinalizar vagido

 

Sobrevoar desejos ardentes

 

Viver eternidade, minuto presente.

 

166 - Ser Jovem

 

Juventude não é período vida,

Sim, estado espírito, vitalidade

Imaginação, criatividade

 

Audácia prevalece sobre timidez,

Sede amor, aventura cotidiana

Pensamentos, metas brilhantes

 

Você será jovem enquanto reverenciar

 

Desejo de ser criança.

 

167 - Ser Velho

 

Você não envelhece apenas pelo fato

Da soma dos inúmeros anos de vida

E sim, quando abandona seus sonhos

 

Você envelhece quando seu alimento

É tédio, insegurança, desesperança

Quando curva a cabeça e renuncia vida

 

Quando mente é povoada depressão

 

Com lágrimas escreve na alma – desisti.

 

168 - Sementes da Paz

 

Semeie em seu coração

Amor, esperança, perdão

União, tolerância, compreensão

 

Sementes germinarão mente

 

Com consciência, sabedoria

 

Você terá universo de igualdade

Permeado, prosperidade, segurança

Harmonia entre povos e nações.

 

169 – Segundos

 

Dias se sucedem

Segundos deslizam, sem vestígios

De mansinho chega entardecer

 

Primeiros acordes melódicos

Ruídos noturnos evidenciam

Inquietude se faz presente

 

Permeia natureza e reinos

 

Homem e sentimentos.

 

170 – Sinfonia

 

Dedilhe cordas tempo

Com maestria, pois a sinfonia

Mesmo inaudível, se conecta

 

Com notas musicais do Universo

Com melodia nosso interior

Sinfonia do ocaso

 

No gorjeio de alegres pássaros

 

No vento, brisa, alvorecer.

 

171 - Sem palavras

 

Que seja assim, palavras

Sem metáforas, artifícios

Verbos que danifiquem

 

Fragmentos diurnos se arrastam

 

Noites que entorpecidas quedam-se

 

Alma recolhe-se na mudez

Corpo perambula sem norte

Esperança, sombra que definha.

 

172 - Sonhos de Fogo

 

Em sonhos fogo

Tatuo corpo labaredas

Que dançam sem queimar

 

Deixam rastros de desejos

Cerceados quimeras

Se abandonam em prostração

 

Brotam inconsciente

 

Quando consciente renega por pudor.

 

173 - Sonhos do Ar

 

Mente inquieta aflora

Palavras soltas vento

Que carrega asas tempo

 

Sonhos febris, aventureiros

Onde respiro liberdade

Do ir e vir trajetória

 

Dualidade, brisa fresca

 

Furacão sentimentos em levitação.

 

174 - Sonhos da Água

 

Mergulho rios e lago

Desemboco oceanos sensações

Canto timbre cálido

 

Em lendas sou Ondina, Sereia

Madrugadas amor, anseios

Única tripulante, barco ilusão

 

Náufraga entre realidade, quimeras

 

Renasço fonte emoções.

 

175 - Sonhos da Terra

 

Metamorfose em concordância

Metas projetadas mente

Armazenadas, filtradas, coerência

 

Tanto sou fada, com o vento

Bruxa encarquilhada, clareira floresta

Enfeitiça, poções amor desejado

 

Posso ser borboletas, grilos cantantes

 

Ou, serpente com mortal veneno.

 

176 – Sons

 

Cada estação, sons pertinentes

Outono, sussurrar brisa

Farfalhar folhagens

 

Folhas despencam

Serpenteiam direção vento

Que carrega sem pedir licença

 

Assim como vida e sentimentos

 

Cicatrizes rugosas soluçam, no presente.

 

177 – Silêncio

 

Expressa vazio da alma,

Perambula vai e vem caos,

Busca abrigo hibernar

 

Defesa, sobrevivência carências

 

Busca, alimento alma imortal

 

Este silêncio interminável

Autentica, realidade de meu universo,

Início, meio, final.

 

178 – Submerso

 

Mergulha mar poesia

Transforma dor em amor

Navega mares felicidade

 

Cumplicidade oceano

Aroma maresia

Emoção e equilíbrio

 

Não busca infinito, o eterno

 

Vive instante, amor submerso.

 

179 – Solitária

 

Solidão preenche pensamentos

Sentimentos, espaços vagos

Eterna paz caminho

 

Ser solitária é autodefesa

Companhia esperança

Não ser violado altar sofrimento

 

Certeza não ser vítima incertezas

 

Exercer sabedoria consciente.

 

180 - Simplesmente Poeta

 

Sensibilidade aflora sutilmente

Memória reacende sentimentos

Lembranças amareladas tempo

 

Arte, véus inspiração e fascínio

Grafia, misto prazer, agonia

Afirmação, cada instante

 

Simplesmente poeta, alquimista

 

Transmuta aspirações, sedução em poesias.

 

181 – Sopro

 

Brisa, vento, trajeto tempo

Vai e vem oscilante, impreciso

Às vezes mais aquém ou além

 

Perdido do Norte, não enraíza, brota

Balança entre curvas tempo

Refém hífen, virgula, reticência

 

Voam fragmentos mosaico

 

Retalhos instantes.

 

182 – Sussurros

 

Cânticos Vento

Quando desnuda árvores

E possui em enlace

 

Voraz, encurva até húmus terra,

Preenche rasgos, sulcos,

Suga néctar cerne

 

Audaz, vento se ergue satisfeito

 

Cavalga, em busca de outra caça.

 

183 – Travessia

 

Entre o ir e vir

Trajetos visíveis ou obscuros

Lua pálidos reflexos

 

Ilumina travessia do caminho

 

Passado, presente, futuro

 

Corpo curva débeis suspiros

Extirpa pesadelos mente

Sepulta esperanças, sonhos.

 

184 - Só esta noite

 

Esquece a tempestade que fustiga

Fantasmas que te perseguem

Expurga dores, ressentimentos

 

Entrega desditas asas vento

Seca lágrimas amargura

Ilusão se cobre de fantasias

 

Só esta noite, em mim te aninha

 

Faz de conta que sou o amor que querias.

 

185 – Sombras

 

Obscurece negritude noite

Memória em tropeços desfalece

Ilusão que cega a lógica

 

Sombras à direita cobrem quimeras

Esquerda a ansiedade que assombra

Meio, eternidades do tempo

 

Zombarias cobrem tênue luz

 

Último sonho incolor, no vácuo.

 

186 – Simplicidade

 

Brisa a beijar o rosto

Dormir relva verde

Sentir o aroma flores

 

Voar nas asas da esperança

Melodia canção

Murmúrios, sem palavras

 

Aspirar maresia à beira-mar

 

Colher flores em devaneios.

 

187 - Tecendo Sonhos

 

Triste sina, fiar sonhos

 

Cumplicidade e desejo

Arte roubar beijos

Felicidade momentânea

 

Fios desenhados como teias

 

Prendem alma em mudez

Amarram corpo ao prazer

Guiam mente como marionetes.

 

188 - Tua Imagem

 

Sem disfarces pensamentos

Cada rosto, cada esquina

Entre crepúsculos

 

Algoz, um risco, um rascunho

Rastro não se dilui nos sentimentos

Sustenta emoções em delírios

 

Recôndito lembrança

 

Guardadas sentinelas do amor.

 

189 - Tempero do Amor

 

O amor é temperado

Doses de confiança, paciência

Mistério, romantismo e surpresas

 

Respeito mútuo e sensibilidade

Fazer de cada dia todas as estações

E exercitar seus cinco sentidos

 

Trancafiar memória

 

Intimidades, registros de sua história.

 

190 – Ciclos

 

Ontem, passado

Hoje, instante

Amanhã, destino

 

Teimosia que acompanha

Morte que se avizinha

Pesadelo que atormenta

 

Esperança se veste de sonho

 

Realidade mostra o avesso.

 

191 – Efemeridade

 

Atrelados passado

Revestidos lembranças

Fantasmas que rondam

 

Entre realidade e fantasia

Cultivo de sentimentos

Cada segundo, recomeço

 

Futuro será o presente

 

Lembrem, vida é fugaz.

 

192 - Tenho Medo

 

Sentimentos fenecem

Em mim, em ti, em nós

Monólogos permeiam presente

 

Tênue luz, sombras

Horas correm algozes

Fontes secas sem energias

 

Véus diurnos desnudam sina

 

Véus noite fomentam dores.

 

193 - Três Tempos

 

Passado, noite ilumina lagos

Árvores em tons azulados

Vento balançando galhos

 

Presente, poema saudade

Tentativas secar lágrimas

Encontrar rota felicidade

 

Futuro, certeza definida

 

Casa gélida abriga corpo.

 

194 – Vendaval

 

Ventos e marés beira mar

Fustigando areia

Longe, ruidosas trovoadas

 

Vagas imensas banham

Penhasco imponente

Abraço possessivo

 

Tempo, um enigma

 

Com discursos ambíguos.

 

195 – Desvario

 

Dias elencados

Sensação estranha

Cercava e unia

 

Capaz transformar vida

Instantes sãos em delírios

Atração, sedução, fantasia

 

Volúpia e sensualidade

 

Despertar, idílio fantasia.

 

196 – Vida

 

Viagem tempestiva

Esvai passagem efêmera

Navegação ininterrupta ciclos

 

Sucessivas investidas desafiadoras

Realidade estrutural condicionada

Se cumpre sina por nós modelada

 

Desde nascer até o óbito

 

Sem cúmplices ou intermediários.

 

197 – Viagem

 

Rumo emoções

Lembranças, saudades

Fragmentos nostalgia

 

Explorar inspiração

 

Transmitir de forma poética

Palavras que tenham sentido

Penetrem essência

 

Eternize grafias.

 

198 - Sem Memória

 

Instala-se mente

Torna o ser ausente

Refém vazio

 

Ermitão pelo tempo

Sem história

Sem registro

 

Solitário, meio de tantos

 

Sem conexão com o presente.

 

199 – Épocas

 

Flui

Corre

Formam Eras

 

Chorar

Sorrir

Amar

 

Longas, arrependimento

 

Paixões, esquecimento.

 

200 - Arte Cemiterial

 

Mármore, granito, estela com inscrições

Cruzes, coroas, vasos, arte da época

Fotografias, símbolos de crenças

 

Esculturas angelicais ou humanas

Entre arquitetura de mausoléus e capelas

Sem esquecer túmulos em cova rasa

 

Pedágio que sinaliza fim da vida

 

Habitat dos mortos no mundo dos vivos.