Indriso
No Duecento italiano, os trovadores do Dolce Stil Nuovo tomam a estância inicial da canção provençal e a mudam, dando lugar ao que hoje e desde então conhecemos como soneto. Mas, tal e como veremos agora, as possibilidades construtivas que oferecem estes tipos estróficos não terminam aqui, resultando que o soneto aceita uma nova reelaboração significativa (à margem de outras mais discretas como os jogos com estrambotes, o soneto de 13 versos, etc.), dando passagem a uma forma dotada de uma concreta e diferente musicalidade. Essa forma receberá o nome de indriso.
Concebi o primeiro em janeiro de 2001, em Madri. O indriso é um poema que consta de dois tercetos e duas estrofes de verso único, isto é, que está organizado segundo um padrão 3-3-1-1, e surge a partir de uma reelaboração do soneto no que poderia explicar-se como um processo de condensação estrófica. Os quartetos do soneto passam a ser tercetos no indriso. Depois, os dois tercetos do primeiro passam a ser estrofes de verso único no segundo. Fonte: ISIDRO ITURAT. 2004. WWW.INDRISOS.COM
001 - A arte da espera
É arte para artesões de sentimentos
Viver com sombra das emoções
Aprisionadas no espaço da ilusão
Alimentada por lembranças
Onde vida fenece a cada instante
Como companhia a esperança
São raros os que usam a lógica
Concluem que o instante é fugaz.
002 - A arte de viver
Permitir que inúmeras percepções
Acelerem batimentos e renovem
Esperanças de fluir o renascer
Expressar pelo verbo sensações
Sem temer entregar-se à ousadia
Desnudar-se de traumas e tabus
Entregar-se às emoções que germinam
Mergulhar nos sentimentos que florescem.
003- Abraço
Solidão nas noites de insônias
Que preenche meu destino
Faz companhia à existência
Promessas e lembranças das estações
Ausências que nunca serão preenchidas
Desejos incrustados na consciência
Leveza dos sonhos que flutuam
Universo interior onde há sombra.
004 - Adeus
Adeus, cinco letras
Registros de perdas
Cicatrizes na memória
Tempo de esquecer ilusões
Tempo de coragem para prosseguir
Tempo de um novo motivo para crer
Adeus, desejo de sobreviver
Aprendizado para renascer.
005 - Adeus Tristeza
Adeus, ponto final
Entrego-te sonhos, ilusões
Descarto grilhões que mutilam
Não importa que não sinta tua energia
Nas horas da noite, nas horas do dia
Sem te ver estações vida
Sem te ver agrestes caminhos
Quero apenas, ser feliz intensamente.
006 - Afinidade
Sutil sentimento
Intensidade imensurável
Independe do sujeito e predicado
Plenitude e transparência
Elo que não se desprende
Verbo expresso com clareza
Infinito estado de permanência
Ancorado na certeza e esperança.
007 - Águas de agosto
Torrenciais
Destruidoras
Misteriosas
Emergenciais
Derradeiras
Perigosas
Lavam a terra e alma
Desígnios do Criador.
008 - Alvorecer
Paisagem encanto descortina
Fontes, cascatas jorram águas
Escorrem sinuosas ravinas
Árvores frondosas deslumbrantes
Flores aromáticas extasiantes
Espelhos refletem mil miragens
Pássaros exóticos revoadas
Silêncio, chamado eternidade.
009 - Alimento devaneios
Ao olhar borboletas,
Rosas vermelhas sedução
Cenário de beleza ímpar,
Perfeição ímpar da natureza
Alimento algumas lembranças
Do baú velho das memórias
Sentimentos, pensamentos
Carência amor e paixão.
010 - A lua
A noite enquanto dormes
Lua dança para corpos celestes
E aves sinistras noturnas
Lasciva sobre as águas do mar
Obscena, infiltrando sua luz
Nos veios vermelhos da terra
Enigma sua silhueta nua
Coberta por filigranas de prata.
011 - Alma nua
Despida
Livre
Sem compromisso
Com bagagens
Experiências
Cicatrizes
Pela imensidão
A versejar.
012 - Amanhecer
Sinfonia se faz audível
Revela renascer do dia
Raios solares que contagiam
Íris capta nuances das cores
Na paisagem do colorido primaveril
Entrelaçar de vida e alegria
Botões germinam e florescem
Envolvidos por gotas doces orvalho.
013 - Amor carne
Presídio, grilhões que atrofiam a mente
Transformam sentimentos em instintos
Embrutecem a razão e maculam a Alma
Amor carne dura um momento, enquanto
Corpos esfomeados em nudez se acoplam
E, como irracionais tomam posse
Carne fenece, perde o viço, aroma
Grilhões se rompem, em busca de caça.
014 - Amores
Intensos, frágeis como pétalas
Armazenados nos sentimentos
Ou, entre páginas amareladas da vida
Para alguns, dúvida da reciprocidade
Outros anulação da individualidade
Entre tantos finda em despedida
Entre poucos se faz magia pelo tempo
Entre tantos símbolo de sofrimento.
015 - Amo-te
No tempo, no vento, nos astros
No trinar primaveril dos pássaros
No canto lírico das cigarras no verão
Nas trombetas dos anjos em sinfonia.
No arco-íris entremeado de nuances
Nos dias amenos que circundam a vida
Nas noites de calmaria ou tempestades
No orvalho, nos sorrisos, nas lágrimas.
016 - Anoiteceu
Chuva constante miúda
Quando a primavera acena
Entrega seu reinado ao verão
Aromas de terra exalam
Entre fragrâncias florais
O sutil aroma das fadas
Última dança seres encantados
Elementais do fogo acendem brasas.
017 - Ansiedade
Tempo
Chuva
Vento
Emoções
Sentimentos
Amor
Gota cristalina
Reflete ansiedade
018 - Apenas horas
Curtas que fogem
Longas da espera
Predestinadas ou definidas
Marcadas por lembranças
Destinadas à semeadura
Obrigatórias na colheita
O sábio tempo é quem rege
A melodia do pêndulo.
019 - Aquarela da Alma
A alma é uma paisagem pincelada
Com tonalidades das emoções
Às vezes um arco-íris
Outras vezes, tempestades fortes
Lembra o pôr do sol nostálgico
Um entardecer de mistérios
Ou, uma noite densa em brumas.
Carrega em si registros passados.
020 - Arcos
Adentro ao pensamento
Mergulho entre imagens
Letras rotas, soltas, sílabas ao vento
Adentro às emoções
Enlaço e desenlaço
Instante mágico do encontro em mim
Arcos para iniciar a viagem no tempo.
Ser passageiro do esquecimento.
021 - Até mais
Nem sempre somos linhas paralelas
Nem sempre há encontros nos caminhos
Nem sempre os sentimentos se sintonizam
Nem sempre é possível somar um mais um
Nem sempre o resultado satisfaz os pares
Nem sempre a realização se faz presente
Quando coração e razão divergem
O sábio é dizer consciente, até mais.
022 - Até quando
Tempo desejar minha companhia
Vida fluir em sua plenitude
Usarei pena e pergaminho
Ao dedilhar sensações e emoções
Bordar com inspiração
Sensibilidade dos sentimentos
Até quando é um minuto registrado
No livro de Deus, dono de meu tempo.
023 - Arte de tecer ilusão
Inconsequência, promessas
Palavras, alimentam quimeras
Tempo se esvai, só espera
Ásperas curvas sinuosas caminho
Lembranças reescrevem histórias
Ações, traumas, causas, efeitos
Segredos ocultos véus inconsciente
Labirintos, descaminhos sentimentos.
024 - Árvores Nuas
Devolveram vestes coloridas
Com matizes suaves acobreadas
Às vezes, amarelas avermelhadas
Despiram-se sem nenhum pudor
Estenderam galhos retorcidos
Suplicando ao sol energia e calor
Fustigadas pela gélida brisa
Apenas salpicadas de neve.
025 - As ondas
Revoltas, rebeldes
Vagas barulhentas
Explodem ao chão
Espumas brancas formam-se
Beijam suavemente minhas mãos
Cada onda que cresce
São esperanças que nascem
Quando explodem ilusões que morrem.
026 - Astros
Os astros em sua jornada de luz
Perpassam galáxias desconhecendo
Duração de segundos, minutos e horas
O conceito que possuem é brevidade
Uma passagem de luz rasgando
Um tempo sem início e fim
Tempo remoto, o instante,
Futuro, nuvens do caos.
027 - Átomos de Mim
Buscas errantes
Veredas assertivas
Desditas em cinzas
Nos versos escritos
Emoções que oscilam
Nos sentimentos que se fixam
Nas quimeras acarinhadas
Na brisa do vento através do tempo.
028 - Azares de Agosto
É secular o medo
De atravessar o agosto
Registrado na história
Magia sobrenatural
Para muitos até fatal
Os azares de agosto
Azar é atrair o nefasto
Na mente e após no fato.
029 - Baile das Folhas
Orquestra ao fundo do salão
Um piano de cauda
Senhor Tempo dedilhando o teclado
Salão atapetado de folhas inertes
Sobreviventes vestidas de vermelho
Dançam sob luz do sol dourado
Redemoinho termina a festa
Zéfiro, sem convite, zangado se vinga.
030 - Balancete
Palavras cordatas, apenas hábitos
O silencio visita o jardim do amor
Invadido por ervas daninhas
Espelho já não reflete viço
Mente se reveste de preguiça
Sentimentos hibernam nas estações
Amanhecer, com hábitos contínuos
Anoitecer, flor de neve, alcova fria.
031 - Barco
Barco à deriva
Em águas turvas
No mar de tormentos
Sem remos, sem bússola
Passageira melancólica
Ilusão que alimento
Sem farol, oscilante na neblina
Esfacelando-se no portal da consciência.
032 - Beijo da Brisa
A brisa beija a alma
Com doçura e calma
Quando em sussurros
Ferida a alma chora
Um eterno mistério
Entre relógios do tempo
Segundo em segundo
Perfeita em forma e efeito.
033 - Boca seca
Voz presa enroscada, emaranhada
Teias cordas vocais
Não permite insensatez palavra
Boca que clama, que chama
Sente desejo beijo
Para saciar fome
Garganta seca, umidade boca
Sensações menina, medo ser mulher.
034 - Bom dia
A vida lhe chama
Mais um dia que nasce
Que sem prévio aviso
Registrará momentos mágicos
De sua individual história
Seja sábio e pleno
Faça uma saudação aos segundos,
Minutos, horas e futuras vitórias.
035 - Borboletas
Misteriosa metamorfose
Impulso rompe casulo
Asas a farfalhar
Busca natureza liberdade
Ritmo nascimento
Hoje, amanhã quem sabe
Sem lembrar que existe morte
Companhia, vento primaveril.
036 - Brisas
Brisas sopram brandamente
Sentimentos, dádivas de amor
Carona asas à felicidade
Pórtico multicores e aromas
Inebria duas almas em comunhão
Acordes angelicais em sinfonia
Abençoa até que eternizem
Uníssona união amor.
037 - Cai a lágrima
Suave percorre face
Molha pergaminho
É tempestade da alma
Umedece folha que rasga
Ao ser tatuada a letra
Do poema que traduz desditas
Caminhos cruéis de espinhos
Esculpidos na dor e tristeza.
038 - Calendário das Flores
Sem números, sem tempo
Feito de aromas perfeitos
Eternidade multicolorida
Sem emoções e sentimentos
Que desalinham a mente
Apenas canção do vento
No farfalhar das pétalas que suspiram
Passado, presente, futuro.
039 - Caligrafia
Uma pena que avança
Silenciosa sobre páginas
Palavras de esperanças
Desenhadas sutilmente com arte
Para descrever movimento da mente
Viajando pelo espaço do tempo
No momento, porta voz de sentimentos
De promessas alienadas e espera.
040 - Caminhos
Cruzaram-se na languidez do olhar
No tato na carícia dos corpos
No paladar ao sentir teus beijos
No sussurro de palavras de amor
Descruzaram-se no viés do tempo
Foram desfeitos, não sinto teu cheiro
Na cegueira da ânsia de buscar atalhos
Na mudez do monólogo da dor.
041 - Cartas de Amor
Escritas
Catalogadas
Enlaçadas
Amareladas
Pelo tempo
Que se esvai
Guardadas memórias
Emoções passado, presente
042 - Catástrofe
Você, feroz vendaval das intempéries
Da miséria, a fome que se lamenta
Da peste, que macula pele
Da desonra, que macula alma
Anjo do mal, anjo da fúria
Labaredas que queimam o caos
Incendeiam mentes humanas
Semeiam destemperança, desventura.
043 - Cenário
A alma é um cenário oscilante
Às vezes, como alvorada que renasce
Outras, como um anoitecer infindo
Permeia a natureza de nossa essência
Pincela com cores o ápice extasiado
Hiberna quando chega o infortúnio
Enquanto corpo continua sua vereda
Buscando em si, inexistente perspectiva.
044 - Claraboia
Tempo com cores degrade,
Eternidade no fenecer da tarde
Terra coberta por tons violáceos
Lua, no universo, sem cantos,
Ilumina terra, marés oscilantes,
Notívagos poetam em prantos
Claraboia abre-se no infinito
Passarela de luzes esfuziantes.
045 - Certezas
Inverno feito de frio cortante
Lembranças algozes que açoitam
Tempo de solidão e nostalgia
Lousa branca sem letras
Rompe silêncio o uivo do vento
A realidade fustigou-me a alma
Impecável na forma, esplêndida na alvura
Estátua de neve com tua imagem.
046 - Ciclos
Ontem, passado
Hoje, instante
Amanhã, destino
Teimosia que acompanha
Morte que se avizinha
Pesadelo que atormenta
Esperança se veste de sonho
Realidade mostra o avesso.
047 - Colóquio
Olhos brilhantes que falam
O que as palavras ocultam
Sorriso moldura a aquiescência
Mãos em sinais mudos
Tatuar carícias, êxtase, prazer
Beijo sabor felicidade e esperança
Emoções alimentando sentimentos
Enquanto roda da vida gira incessante.
049 - Como areia
Que vento me leve
Sopro ou sussurro
Rodopio fascinante
Não importa rota
Muito menos destino
Tempo para ficar
Que sopre quatro cantos
Razão para eternizar.
050 - Conexão
Viagem ao infinito
Mergulho nas nuvens
Aos pórticos do paraíso
Um anjo, uma oração
Melodia, uma canção
Alma em busca de luz
Paz tão almejada encontrada
Homem e Deus, em conexão.
051 - Conclusão
O silencio visita o jardim do amor
Invadido por ervas daninhas
Palavras cordatas, apenas hábito
O espelho já não reflete viço
A mente se reveste de preguiça
Sentimentos hibernam nas estações
Um amanhecer como tantos
O anoitecer, solidão, alcova fria.
052 - Confrontos
Idade dos porquês
Entre alma e pensamento
A ansiedade e medo
Covardia e ousadia
Desejo de ir além
Limites já traçados
Sentimentos em confrontos
Alma cala e tédio se instala.
053 - Conjuntura
Muitos acordam, se apressam
Mente ideias borbulham
Busca alcançar objetivos
Enquanto fenecem horas
Dia finda, anoitece
Homens retornam jornada
Assim, vida decorre efêmera
Para muitos, minutos perdidos.
054 - Conquistas
Conscientização merecimentos
Direito à felicidade
Certeza fé que pratica
Metas traçadas, objetividade
Coragem, ousadia busca
Ser proprietário sonhos
Despertar essência vida
Escrever história no livro memória.
055 - Crepúsculo
Despede-se a tarde, universo apazigua
Homens buscam descanso corpos
Espíritos multiplicam luz e energia
Nuances ocaso brilhantes, vibrantes
Cobrem tela imenso infinito
Sol majestoso se oculta horizonte
Ponte arco-íris se faz presente
Percurso entre dia e noite.
056 - Crepúsculo do amanhecer
Novo amanhecer,
Energia vital é a vida
Gorjeio pássaros coloridos
Ao longe, som de flauta
Invade a floresta, campos floridos,
Acorda colibris e borboletas
Aurora anuncia o nascimento
Renascer, filho do tempo e da brisa.
057 - Crepúsculo do Entardecer
Entardecer, o tempo se veste de paz
Homens exaustos buscam descanso
Espíritos unidos em infinita luz
Nuances brilhantes no ocaso
Cobrem o imenso infinito
O pôr do sol no horizonte
Uma ponte de arco-íris
Percurso entre dia e noite.
058 - Cumplicidade
Que nesta vida sejamos cúmplices
Nas horas de desditas e alegrias
No decorrer deste tempo fascinante
Não permitas o esvair da felicidade
Não permitirei que elos se rompam
Sejamos cúmplices sem preconceitos
Entre o amanhecer e o ocaso do tempo
Antes que venha a morte e nos ceife.
059 - Curvas da alma
Lágrimas, um travesseiro úmido
Perfumado e revestido de seda
Um soluçar em partículas de dor
Lembranças sombrias na memória
Com riscos e rabiscos melódicos
De momentos indeléveis de emoções
Das perdas, da solidão inquestionável
Que preenchem as curvas da Alma.
060 - Delírios
Uma ilusão incoerente
Existência sem razões
Uma mistura de estações
Vida esmaecida, em borrões
Sem definição ou resoluções
Pensamentos incongruentes
Quimeras ilógicas complexas
Sem origem, sem trilhas, sem norte.
061 - Destino
Verdade feita silêncio
Propaga sopro
Asas lépidas vento
Destino sem projetos
Teias estranhas tecidas
Sombras pérfidas tempo
Histórias, verdade e mentiras
Verdades, mentiras, fatos amanhã.
062 - De repente
Tempestade se fez vento
Nuvem se fez chuvisco
Riso se fez pranto
Noite se fez dia
Oásis da vida se fez distante
Desejo se fez chama
Sonho se fez quimera
Realidade se fez drama.
063 - Decisões
Novas ideias
Reformas
Escalar
Obstáculos
Sem medo
Da queda
Só ou acompanhada
Atravessar ponte do tempo.
064 - Desvario
Dias elencados
Sensação estranha
Cercava e unia
Capaz transformar vida
Instantes sãos em delírios
Atração, sedução, fantasia
Volúpia e sensualidade
Despertar, idílio fantasia
065 - Dias
Em dias frios
Nublados, solitários
Brota desejo retornar
À primavera vida
Fazer que não fiz
Ser quem não sou
Angústias permeiam alma
Analiso existência, quem sou eu?
066 - Discurso
É tempo de falar de vida
Em monólogo com a alma aflita
Sem máscaras, desnudar o oculto
É tempo de falar em sentimentos
Nas montanhas onde o eco responde
Para o mar, aos ouvidos das conchas
Discursar para aurora sobre o renascer
Para o crepúsculo, que me chamo amor.
067 - Dom do Poeta
Jorra do receptáculo da Alma
Germina e floresce na mente,
Alça voo e beija sentimentos
São notas musicais que flutuam
Rompem ventos e barreiras do tempo
Acoplam-se em versos e sonetos
A palavra na arena da vida
É força que doma e incendeia.
068 - Eclipse
Eclipse total na noite
Nevasca cobre a terra
Terra sepulta o corpo
Lamento da natureza
Abre-se o sarcófago
Atrai o hálito dos vivos
Letargia, soluços, disfarces
Réstia de luz, o sol, por acaso.
069 - Efemeridade
Atrelados passado
Revestidos lembranças
Fantasmas que rondam
Entre realidade e fantasia
Cultivo de sentimentos
Cada segundo, recomeço
Futuro será o presente
Lembrem, vida é fugaz.
070 - Elementos
Fragmentos do tempo
Terra em labaredas
Água límpida ou lamacenta
Vento que de carona viaja
Nas asas do tempo pelo firmamento
A natureza fenece e renasce
Em cada estação um prenúncio
De fartura ou cicatrizes de má sorte.
071 - Encantamento
Abro janelas mente para escutar
Sussurro ventos, sopro brisa
Entre suspiros, sinfonia Angelical
Vento que me envolva com poesia
Escritas no Livro da Vida
Que fale, esperança e paixão
Um vento exótico e eloquente
Constante sintonia amor.
072 - Encontro
Pôr-do-sol, beira-mar
Garboso entre nuances
Eu, entre respirar e sentir
Vagalhões agitados alto mar
Marulhar incessante
Dançam harmonia
Entre ar fresco e maresia
Foi-se, sem até logo ou adeus.
073 - Épocas
Fluem
Correm
Formam Eras
Chorar
Sorrir
Amar
Longas, arrependimento
Paixões, esquecimento.
074 - Escuridão
Encoberta densas névoas
Ruídos sons aterrorizam,
Vento gélido, frio cortante,
Entrelaçado solidão
Ermitão esquálido, quase desnudo
Caminha neve, lamúrias
Fenece carne, dilacera esperanças
Penetra torpe escuridão.
075 - Espelho do Tempo
No espelho da passagem do tempo
O reflexo nem sempre nos traz alegrias
Paradoxos de queda da vida e morte
Declínio inexorável da sutil vitalidade
Ventos transformados em tempestades
Um retrospecto de linhas curvas e retas
Deixando marcas profundas do tempo
De horas e dias que fugiram sem destino.
076 - Espelho Partido
Reflexo marcado vida
Lembranças lágrimas contidas
Esperanças soterradas
Sem alternâncias caminhos
Nas estações, vivencias
Contenda, marasmo indefinido
Nem imagem, nem reflexos
Borrões sombras, neste espelho partido.
077 - Esperas
Feita de incertezas que mutilam
Esperanças que sobrevivem
Entre tempo, distância e silêncio
Entre os segredos murmurados
Entre sóis e luas em movimento
Como tênue fio preso nas asas do tempo
Como pássaro ferido que não se ergue
Uma imersão no vácuo do infinito.
078 - Eu e minhas feras
Mantenho com grilhões trancafiadas
Como guardiã a companhia da coruja
Em permanente estado de vigília
Espreita as energias que me circundam
Qual a direção de meus próximos passos
E o movimento da alcateia que me permeia
Que uivam nas noites de Lua Cheia
E rasgam as vestes da decência.
079 - Esperança
Farol que ilumina
O distante horizonte
A bússola
Que norteia
A busca
Harmonia
Impulso, motivação
Percorrer novos caminhos.
080 - Épocas
Leva as mágoas que ferem
As dores sentidas
Os sentimentos ocultos.
Deixa cicatrizes
Borrões na memória
Na consciência, fantasmas.
Registra danos, duras penas
Mas renasce em esperanças.
081 - Eu tenho medo
Quando escrevo tenho medo
De rascunhar o que não quero
De mostrar meu verso e reverso.
Nua, nos sentimentos, soltar a pena.
Quando sinto amedronto-me
De sepultar verdadeiros sentimentos
Jogar sonhos aos ventos
Viver coberta de máscaras.
082 - Existência
Divisão do dia
Ocaso, crepúsculo
Soma de segundos
Pôr do Sol que se oculta no horizonte.
Passado, com suas cicatrizes
Presente, em todas as nuances
Futuro, coberto por véus
Anoitecer, infinito coberto de estrelas.
083 - Exilada
Expressar sentimentos confinados,
No pergaminho roto e amarelado
Pena que verte lágrimas ao invés da tinta
Manchas nas palavras mal escritas
Lembranças opulentas e parcas
Uma vida de sina e sem sorte
Ecoa um grito que perpassa a morte
Resgatar o renascer, mesmo que exilada.
084 - Fantasmas
Dançam confusos e frenéticos
Gravuras pintadas nas paredes
Sonhos povoado de sombras
Acordes musicais inaudíveis
No silêncio, ecos grotescos
Angústia de um pesadelo aflito
Fantasmas. lembranças presentes
Envelhecidos, na lágrima de prata.
085 - Fascinação
Cores da melancolia
Doces canções de amor
Nos soluços de um violino
Monotonia se fez presente
Máscara do esquecimento
Um mergulho diáfano
Nos braços orvalhados
Da noite, bela e imensa.
086 - Felicidade, um projeto
Intenção é individual, opções são suas
Devem ser delineadas maestria
Não é comercializada, sim cultivada
Desenhe o esboço, escreva o roteiro
Dispa-se da monotonia e vista-se de ousadia
Ser feliz é questão de crer que é capaz
Dialogue com o espelho
Incinere lembranças, o instante é fugaz.
087 - Fiandeira do Tempo
Com fragmentos do passado e presente
Tece com maestria o manto do futuro
Para quando não restar mais energia
Quando o frio se fizer permanente
A vida for gélida, eterno inverno
Aquecida vislumbrará tempo perdido
Cobrirá as lembranças de quimeras
Esconderá a face para ocultar as lágrimas.
088 - Gota
Solitária, presa cílios entreabertos
Resistiu sentimentos torturados
Incrédula decorrer caminho
Permaneceu imóvel, obstinada
As vezes inundavam face
Rés do chão se faziam poças
No precipício da solidão diluiu-se
Adubar solo árido da desesperança.
089 - Gotas de Lágrimas
Inúmeras, impossível registrar
Brotam canto, belos olhos
Decisões ou indecisões
Tristezas fonte sentimentos
Raiva brotam inesperadas
Medo, turva visão e emoções
Acanhamento autocrítica, punição
Reprimidas morrem, cordas vocais.
090 - Griffe
Quando amor estiver em alta
Como marca universal
Homem conhecerá essência
Suas sementes percepções
Germinarão emoções
Paz se espalhará humanidade
Cálice sentimentos
Néctar, harmonia, luz.
091 - Há vento
Sopra e balança folha
Abre porta que range
Balança pêndulo
Marca uma, duas, três
Tempo que passa
Enquanto som do sino
Em sinfonia com vento
Distribui dádivas felicidade
092 - Herança do Poeta
Seu legado é a honra
Seu ouro, as letras
Sua fama, versos e rimas
Seu alimento, poesia
Percepção, um prisma de olhar
Sensações, o aflorar da alma
Emoções, sorrisos e lagrimas
Sentimentos, entre o ódio e o amor.
093 - Homem ou sombra
Pegadas fundas em direção ao mar
Na areia úmida que a espuma beija
Nas mãos um cálice de veneno mortal
O movimento era o oscilar do corpo
Sob a escuridão da noite em brumas
Lágrimas iluminadas por raios lunares
Homem ou sombra, ombros curvados
Dores da vida em silenciosa morte.
094 - Horas
Que se harmonizam
Que se contrariam
Abertas ou fechadas
Que sobem e descem
Esquecidas, envelhecidas
Guardadas no baú do passado
As que nascem quem sabe?
De esperança e felicidade.
095 - Humanos
Iguais com qualidades e defeitos
Inteligência e oportunidades
Desafios e obstáculos
A diferença é o percurso traçado
Escolhas é opção do Livre Arbítrio
O aprendizado resulta da colheita
Humanos necessitam entrelaçar mãos
Na prece buscar conexão com o Criador.
096 - Inverno
O Inverno é a estação
Para percorrer o silencio
De nosso labirinto interior
Derreter as geleiras
Instalada nos sentimentos
Da essência de cada ser
Um tempo de hibernar
Sentimentos e emoções.
97 - Ilha da Magia
Olhar distante que vê
Paisagem ofertada
Aroma doce maresia
Formas curvilíneas
Morros que circundam
Cidade que abriga
Ancestralidade, modernidade
Homens permeados atributos mágicos.
98 - Ilusão
Sentença silenciosa
Tatuada nos sentimentos
Peregrina nas emoções
Habita o âmago da Alma
Calada, traiçoeira
Alimentada por desejos
Maquiavélica carcereira
Da cela da solidão.
99 - Impermanência
Como o zunido do vento que assusta
Às vezes, como a peralta brisa que dança
Como o Sol vespertino que se despede
Como vagas ruidosas que explodem
Às vezes, como gelo que acumula camadas
Ou a lua em suas quatro fases mágicas
Introspectiva, analiso o verso e reverso
Impermanência é energia e flui da espera.
100 - Intempérie
Ruídos passos miúdos, apressados
Fogem chuva fria, interruptiva
Molha calçadas escorregadias
Vestuários colados, sapatos alagados
Frio intenso perpassa corpo físico
Soluços persistem respirar vital
Sensibilidade aflora lágrimas
Emoções congelam utopias.
101 - Lamentos
Alguns exteriorizam em lágrimas
Outros calam e ferem a alma
Muitos são capazes de extirpar
Sem guarida, imenso vazio
Soma percalços do trajeto
Tropeços por noites lúgubres
Fuga de lembranças nefastas
Incrustradas na memória e história.
102 - Labaredas
Labaredas iluminam a noite escura
Lembranças que aquecem a mente
Inverno frio no receptáculo da alma
Olhos semicerrados observam a Lua
A face recebe beijos do vento frio
Que corta a carne como lâmina afiada
Longe, uivar dos lobos inquietos
Perto, emoções congeladas.
104 - Lágrimas de chuva
Pingos suaves afagam
Folhas e flores coloridas
Quem sabe em sutil beijo?
A rosa que germina em botão
Torna-se viçosa com o orvalho
Esmaece no ocaso em silêncio
Lágrimas que banham a vida
Nos jardins áridos da terra.
105 - Lamparina
Presa na mente ilumina silhuetas
Fazem parte lembranças
Indistintas, esmaecidas tempos
Como espectros noites gélidas
Habitam inquietante sonho
Desejos fugazes se escondem
Luz incide frações segundos
Desconhecido, rumo horizonte.
106 - Leques
Um piano, notas de amor,
Face coquete, semioculta
Leque para abanar o calor
De rendas, sedas e pluma
Bordados com madrepérola
E filigranas de ouro e prata
Símbolo da voluptuosidade
Atrai a sedução e mistério.
107 - Letras Soltas
Letras soltas
Que unidas
Formam registros
Nas páginas
Úmidas de orvalho
Amareladas pelo tempo
De um livro de vida
Chamado passado.
108 - Libélula
Sou libélula em metamorfose
Um impulso rompo o casulo
Com belas asas a farfalhar
Busco na natureza a liberdade
Vento insinuante da primavera
No ritmo do nascimento
Hoje e amanhã quem sabe
Sem lembrar que existe morte.
109 - Liberdade
Voar sem fronteiras
Sentindo a brisa suave
Na eternidade do vento
Fugir da tempestade
Que dilacera sentimentos
Que cobre a alma de névoa
O infinito é vasto
A liberdade é sonho.
110 - Livro da vida
Composto de folhas amareladas
Pelo tempo que decorre entre ciclos
Onde registros se autenticam
Folhas rasgadas, riscadas, amassadas
Lembranças desviadas da mente
Documentos anexos da existência
Diversos idiomas, vocabulário individual
Emoções iguais, pois somos mortais.
111 - Loucura
Vagas razões
Sem imagens
Sem coerência
Eterno caos
Uma triste canção
Aplausos contundentes
Uma alma notívaga
Cobaia da mente.
112 - Lua
Lua Rainha dos Astros
Tua forma é contemplativa
Por amantes apaixonados
Tua ausência é notada
Um mistério indecifrável
A ilusão deste brilho prata
Que inunda e fascina
Te louvarei em versos e prosas.
113 - Lua Cheia
Esplendor infinito
Ilumina noites
Mistério, magia
Musa amores
Paixões
Amantes
Uivar de teu lobo
Reacende desejos loucos.
114 - Lucidez
Em invólucro de seda
Quimeras ou realidades
Bordado de verdades
Roucos gritos de pavor
Rasga-se a seda
Espalha-se as cinzas
Lucidez voraz inimiga
Do sentir, querer e prazer.
115 - Lufada
Beira-mar, aroma maresia
Lufada da brisa primaveril
Abraça ondas que explodem
Em oscilações na areia úmida
Circunda a natureza e seus reinos
Beija com suavidade a face
Do velho andarilho solitário
Na busca dos ventos da esperança.
116 - Luto
Despedida em prantos
Beijos corpo inerte
Energia dá adeus a vida
Uma sombra se evidencia
A separação se faz presente
Entre invólucro e espírito
Os que ficam se questionam
Pois vida e morte é enigma.
117 - Mãos
A união das mãos
É a melodia das almas
É quando dedos se fundem
Iguais a força das águas
Do fogo que arde e queima
Do ar que é o eixo dos ventos
Direita e esquerda unidas
Instrumento da prece e paz.
118 - Magia do inverno
Faz-se com a lareira acesa
Som do crepitar da lenha
Um tilintar de taças
Hibernar de corpos na fantasia
Se permitir a sedução recíproca
Como se fosse em cada instante,
A última vez, onde sedução e paixão
Orquestram a sinfonia do prazer.
119 - Mar
Verde mar, azul turquesa
Atrai sensações e convida
Mergulho na profundidade
Por mares não navegáveis
Descobrir seus mistérios
Colher pérolas intocáveis
Um oceano de vida
Um oceano de felicidade.
120 - Meio ambiente
A Natureza vê a vida ser destruída
Com enxurradas e avalanches
Nas águas doces de fontes e rios
O Homem vê a memória em fragmentos
Pelo esquecimento das origens da vida
Pelo féretro cinzento das lembranças
Despojos da tempestade arrastam
O homem e natureza para o nada.
121 - Mensagem
Você será o sabor, a essência,
Ofertará sentido na vida
Norteará opção escolhida
Vento suave sopra paixão
Murmúrio águas embalar emoções
Serei para você eterna criança
Manterei acesa chama do amor
Com pena, pergaminho e poesia.
122 - Melodia primaveril
Chilrear dos pássaros
Zumbido das abelhas
Cricrila dos grilos
Zumbir dos besouros
Grasnar da gaivota
Coaxar do sapo
Em suave balé as folhagens
Reverenciam espíritos do ar.
123 - Mergulhe
Solte amarras
Futuro incerto
Plenitude presente
Mergulhe percepções
Desfrute sensações
Labaredas paixão até amor
Mergulhe sintonia vida
Não seja náufrago existência.
124 - Minhas Metades
Crepúsculo que tinge o infinito
Vagarosa quietude da manhã
Sensível ou insensível cada emoção
Consciência da alma despida de culpas
Insanidade de perscrutar quimeras
Ousada ou na inércia de preferências
A metade muda que silencia os fatos
Ou que instiga a brisa a colher palavras.
125 - Miragem
No oásis escaldante da lembrança
Onde as réstias do sol ornamentam
A atmosfera febril da paixão
Uma canção doce e envolvente
Libera o corpo em balé excitante
Apenas notas inaudíveis do amor
Ao adormecer em busca desta miragem
Ao sonhar, uma realidade de vida se faz.
126 - Miragem
Oásis escaldante lembrança
Réstias sol ornamentam
Atmosfera febril paixão
Canção envolvente
Libera corpo balé excitante
Notas inaudíveis amor
Adormecer busca miragem
Sonhar, realidade vida se faz.
127 - Morte
Morte te afasta fujo em desespero de ti
Quero sorver em minha taça de prata
A energia vital da vida em plenitude
Transformar todos seus segundos,
Em eterno festim, inebriada de desejos
Permeada entre sorrisos matreiros
Esperando mistério do distante futuro
Em quimeras e esperanças sem fim.
128 - Mudanças
Tudo muda
Emoções
Sentimentos
Regras
Conceitos
Pessoas
Mudanças, tentativas
Mudanças, renascimento.
129 - Mudez da Alma
Lembranças marcadas saudade
Silêncio despido, cores, sentidos
Sina, acaso provado, escolhido
Permeada, solidão, melancolia
Pulsar vida se faz energia
Enquanto mente desenha lembranças
Realidades inconstantes, imaginárias
Enclausuradas, fotos emolduradas.
130 - Natureza
Um templo, sustentada por quatro pilares
Os elementos, fogo, ar, água e terra
O homem curvado em reverência
O dia com matizes ofuscantes
À noite, um envolvente mistério
Fragmentos de realidade e sonhos
A natureza, energia em movimento
A individualidade com medo do tempo.
140 - Neve
De mansinho, a neve
Inunda ruas, calçadas
Cobre galhos envergados
E meus sonhos nus,
Desprovidos de fantasia
Nuances coloridos
E um frio dilacera a alma
Soterrando ilusões.
141 - Noite escura
Encoberta por densas névoas
Ruídos de sons que aterrorizam,
O vento gélido é lâmina cortante,
Entrelaçado no frio da solidão
O ermitão esquálido quase desnudo
Caminha sobre a neve em lamúrias
Fenece a carne, dilacera a alma
Penetrando na torpe escuridão.
142 - Noite de Luar
A tênue luz vespertina se esconde
Silêncio se faz no nascer da noite
O lago sussurra uma velada canção
O gorjeio dos pássaros emudece
A solidão ajoelhada faz sua prece
Sombras desenham espectros
A lua imerge na azul noite estrelada
Abre o baú de emoções guardadas.
143 - Noite de luto
Vestida com manto negro
Bordada com pérolas de estrelas
Iluminada por parcas chamas
A névoa fina chora em silêncio
Inundando rios e lagos
Alterando as marés dos mares
Tocam sinos com sussurrar dos ventos
Rezam anjos às almas irreverentes.
144 - Nostalgia
Entardecer de Outono
O céu pintado de nostalgia
Tons violáceos no horizonte
As árvores entregam ao tempo
As folhagens que as cobrem
Sequestradas por suave vento
Os galhos desnudos se entrelaçam
Cobrindo a nudez, envergonhados.
145 - No tempo que me resta
Quero adormecer beira-mar
Revestir-me raios lunares
Sentir carícias brisa
Escrever poemas
Sem pena e pergaminho
Materializar sentimentos
Tatuá-los areia úmida
Para espuma mar beijar.
146 - Novo amanhecer
Energia vital respira
Gorjeio de pássaros
Espreguiçar folhas
Longe som flauta
Invade campos floridos,
Beija-flores, borboletas
Aurora anuncia nascimento
Renascer, filho do tempo e brisa.
147 - Nudez
Entardecer outonal
Céu aquarela nuances
Tons azulados horizonte
Raptadas por suave vento
Árvores entregam ao tempo
Folhagens que as vestem
Galhos desnudos se entrelaçam
Ocultam nudez, envergonhados.
148 - Óbito
Passagem para outro Universo
Aromas florais exalando levemente
Um firmamento coberto de estrelas
Melodia de as águas jorrar nas fontes
Veredas atapetadas de sentimentos
Anjos despojando os invólucros
Mestres guiando para a ascensão
Repouso a sombra da luz e perdão.
149 - Obras Esquecidas
Uma pena, pergaminhos, inspirações
Sensibilidades afloradas em cada emoção
Poesias falando de inesquecíveis musas
Romances escritos sob luz de velas
Reais e fictícios, histórias de vida
Emoções e sentimentos conflitantes
Um romance, poesia, título, enredo,
Obras esquecidas através do tempo.
150 - O Dia
Muitos acordam se apressam
Na mente ideias borbulham
Em busca de alcançar objetivos
Enquanto fenecem as horas
O dia se esvai e anoitece
O homem retorna da jornada
Assim a vida decorre efêmera entre os dias
Entre crepúsculos a esperança se adia.
151 - Oferendas
A ti ser amado
Que destino colocou
Trajetória vida
Amor constante
Energia vital brota
Acordes amanhecer
Silêncio anoitecer
Corpos se acoplam.
152 - Ondas
Revoltas, rebeldes
Vagas explodem ao chão
Espumas brancas
Formam-se longe
Beijam minhas mãos
Cada reverberação onda
Ilusões que brotam
Ou, no marulhar morrem.
153 - O Mar e a Paixão
Um mistério
O mar indomável
Algoz de vidas
Um mistério
A paixão avassaladora
Envolvente e profunda
Mergulho em enigmas
De ilusões e perigos.
154 - O tempo adormeceu
A letargia tomou posse
Com ela meus sonhos,
Esperanças e desejos
A Alma adormeceu
Cansada, desnutrida
Dos caminhos agrestes
A energia vital feneceu
O homem se despe de lembranças.
155 - Outono
Sol se despede mais cedo
Natureza troca sua roupagem
Tempo é feito de melancolia
Cai a chuva miúda
Pássaros migram em um até breve
O sol é pincelado por cores nobres
Árvores se despem em balé
Com o assobio do vento em sinfonia.
156 - Outono Interior
Notas melancólicas
De um piano em lamento
Na busca de melodias
Nas folhas, tons avermelhados
Um vento rápido que gela
Tristeza que pálpebras fecha
São mistérios do ser
Que vê a vida fenecer.
157 - Paisagem
O dia se faz presente, segundos e horas
Deslizam sem deixar vestígios
De mansinho invade o entardecer
Os primeiros acordes melódicos
Dos ruídos noturnos se evidenciam
Um inquietante mistério e enigma
Permeia a natureza e seus reinos
O homem e seus sentimentos.
158 - Paixão
Paixão é navegar em mares profundos
Lançar-se sem medo ao desconhecido
Alimentar desejos com insanidade
É um barco ao sabor das ondas
Desfraldando a bandeira das emoções
Na rota dos sonhos e quimeras
Capturado pela saciedade dos desejos
No cárcere da doce ilusão
159 - Palavras
Bendita
Incentiva
Dignifica
Maldita
Arrasa
Destrói
Vento leva asas na ida
Voltam no ecoar.
160 - Peregrino
Um manto negro
Cobre o peregrino
Nos agrestes atalhos
Revestido de solidão
Iluminado pela minguante lua
Cobrindo a lividez da face
Como alma perdida no tempo
Mergulha na taciturnidade.
161 - Percorrer o mar
Entre ilhas navego
Por mares desconhecidos
Na maresia das emoções
Afasto-me das margens
Diluo os sentimentos
Entre imagens enlaçadas
Lembranças são jogadas a esmo
Mergulham no mar sem norte.
162 - Perfeito
O dia com suas nuances coloridas
Grãos de areia que dançam com o vento
Frondosas árvores que dão frutos e sombras
Voraz oceano, com as vagas intempestivas
Doces águas mansas dos rios e lagos
Terra alicerce da estabilidade humana
E estrelas que iluminam o firmamento
A Lua, Deusa da Noite, criação divina.
163 - Pérolas de orvalho
Umedece os tenros botões
Que germinam nos jardins da vida
Simbolizam emoções e sentimentos
Floresceu o botão da esperança
Botões da paz e amizade
Dos sonhos e felicidade
Pérolas de orvalho são alimentos
Dos sentimentos nobres da humanidade.
164 - Pétalas
A vida é um fluxo sutil de energia
O germinar, florescer como a rosa
A madurês, o desfolhar das pétalas
Úmidas do orvalho que cobre e beija
Soltas ao vento em balé esvoaçante
Inunda de fragrâncias a madrugada
Onde lembranças postergadas na mente
Encobrem o passado levado pelo tempo.
165 - Palavras soltas
Quebra-cabeça palavras soltas
Ordenadas formam versos e estrofes
Discursos memórias plangentes
Histórias de atores nos ciclos de vida
Despertam emoções esquecidas
Entrelaçadas entre sorrisos e lágrimas
Com arte na pena as digitais do poeta
Agregam indeléveis sentimentos secretos.
166 - Palavras ao vento
Soprei ao vento
Palavras que perseguem
Para dissolverem no ar
Palavras dúbias
Que tem mel e fel
Não erguem e sim destroem
Mas guardo doces palavras
Sempre irei te amar.
167 - Passamento
Despedida em prantos
Beijos corpo inerte
Energia dá adeus vida
Sombra se evidencia
Separação se faz presente
Entre invólucro e espírito
Os que ficaram se questionam
Pois vida e morte é enigma.
168 - Parágrafo
Texto escrito sobre amor
Amor carne, reticências
Mescla de desejo e paixão
Amor, sentimento com virgulas
Felicidade, alegrias, lembranças
Ações coordenadas lado a lado
Nas duas vertentes temos consciência
Que existe interrogação e ponto final.
169 - Passado
Meses recuam no que foi existente
O passado que insiste em ser presente
Atrofiando decisões lógicas e coerentes
Papéis catalogados de ciclos inexistentes
Mágoas não devidamente incineradas
Certificados de melancolia e tristeza
Um retroceder até capítulos findos
Labaredas que se tornaram cinzas.
170 - Pássaro
Em seu voo gracioso
Ao planar pelo infinito
Fecha as asas em abraço
E sua mensagem
Em poesia muda
Apenas no planar de asas
Nos fala de um vasto universo
Lembra que somos finitos.
171 - Partilha
Convidei-te partilhar
Céu outonal entre nuances
Mudam frequências cada instante
Mãos dadas veredas
Diálogo percepções, sensações
Emoções, sentimentos
Partilhar sonhos de vida
Cada estação, frutificar o amor.
172 - Pérolas orvalhadas
Umedece tenros botões
Germinam jardins da vida
Emoções, sentimentos
Floresceu botão esperança
Paz, amizade, confiança
Sonhos e felicidade
Pérolas orvalhadas, lágrimas
Inunda desamor.
173 - Pesadelo
Vozes guturais noite
Labirinto percorrer
Pegadas formas dantescas
Lágrimas abundância
Inconstância trajetória
Escalar paredes invisíveis
Sons sussurros dispersos
Engodos, fabricados mente.
174 - Pincelei de Verde
A vida, as quimeras
Em tom sobre tons
Colorindo a tela do tempo
Pincelei de verde as estações
Espargi tinta na relva fresca
Na hera que envolve sentimentos
Tatuei com digitais as letras
Deste poema, verde como a natureza.
175 - Platônico
Sentimentos no recôndito da alma
Que se furtam de intimidades fugidias
De emoções pulsantes por castidade
Recolhe-se à solidão, a espera
De embarques e desembarques
Nas estações da fantasia
É a lógica sobre o impossível
Apenas de sonhos é proprietário.
176 - Plenitude
Amanhecer acompanha plenitude
Energia flui e louva Astro Rei
Sorve néctar sutil que alimenta vida
Acaricio pétalas, se desfolham
Caminho ao olhar infinito
Busco remissão pecados
Creio condescendência Criador
Creio constância da mudança.
177 - Poema
Inspiração, minha musa
Palavras, tua imagem
Magia, teu versejar
Sentimentos, tua essência.
Eu e você entrelaçados
Em um dueto de encanto
Alma e poesia
Uma história para eternizar.
178 - Poetando
Entre percepções que captam
Sensações que permeiam
Emoções que causam frêmitos
Nuances do arco-íris
O exalar de fragrâncias
Notas de doce melodia
Recordações da existência
Consciência do instante fugaz.
179 - Pôr-do-Sol
Cores de outono são especiais
É a magia dos raios solares
Infiltrando-se na terra
Olhos perscrutadores
Perplexos, extasiados
Fixam matizes e nuances
Que pincelam o infinito
Na estação do amadurecer.
180 - Prenúncio
Augúrio no despertar
Fluir do mestre interior
Respostas às inquietações
Presente, ansiosa espera
Nas emoções que brotam
Nos desejos trancafiados
Prenúncio de realidade ou quimeras
Companhia de promessas e esperança.
181 - Presságios
Acordou o vento
Desamarrou os nós
Despiu as árvores
Envergou os galhos
Fez verter as lágrimas
Da chuva que inunda a vala
Reza o vento com nove ramos
Assopra os presságios ao nascer da aurora.
182 - Primavera
Abraços aromáticos da brisa
Botões de rosas germinam
Frágeis, entre lírios e jasmins
Onde multicoloridas borboletas pousam
A natureza se veste de primavera
Espíritos de oráculos encantados
Anunciam o transmutar da vida
Felicidade em cada emoção.
183 - Quero ser eu
Tocar minha pele, me sentir viva
Envolvida com meus medos
Meus oscilantes dissabores
Mas inteira para o que der e vier
Guerreira, ousada e tímida
Na espera que a brisa dos ventos
Traga um sopro de energia
Para a existência renovar.
184 - Quero voar
Quando o pêndulo anunciar a madrugada
Nas asas da liberdade que me fascina
Ao encontro do mistério da vida
Após tempestades que assustam
Quando soprar os ventos brandos
Quando renascer no alvorecer
Quero voar sem compromissos marcados
Sem retorno, corpo e alma em sintonia.
185 - Quietude
Mente à deriva, vazia
Pensamentos desconexos
Horas a fio de letargia
Por dias e noites sem fim
Só o suspirar não é silêncio
Pois simboliza energia
Lágrimas silenciosas deslizam
Umedecem esfarrapadas vestes.
186 - Rascunhos
Tantos papéis amassados
Com mensagens tatuadas
Falando de desejos e amor
Rolaram a esmo ao vento
Soprados como cinzas no tempo
Cobertos pelos tênues véus da consciência
Enterrados no abotoamento dos sonhos
Na aridez do copo, na fluidez da alma.
187 - Rastros
Em linhas retas, curvas, sinuosas
Onde ando em círculos a esmo
Aprisionada em palavras sem sentido
Pensamentos cerceados na mente
Distancias, encontros e desencontros
Por resíduos das fúrias das tempestades
Por ilhas que do mar se escondem
Busca no infinito de um rastro iluminado.
188 - Razões
Algumas vezes impedem e regem
Outras vezes se ferem em vão
São razões que caem e se erguem
Algumas esquecem ou se fundem
Outras interferem ou se ofendem
Tem as que seguem e surpreendem
Outras tantas prendem e partem
As que ficam são as que se entendem.
189 - Refúgio do Poeta
Sua essência coberta de tênues véus
Onde jorra a sensibilidade e inspiração
E ocultam-se sensações e emoções
Nas grunas rochosas da efêmera ilusão
Nos relevos vulcânicos cobertos pela paixão
Na alma, guardiã de mistérios e segredos
Onde se permite a fluidez dos sonhos
E permutas liberadas de sentimentos.
190 - Relógio
Em tic tac incessante
Somam-se segundos, minutos
Transformados em horas
Dias, meses e anos
Com o nome de tempo
Horas usadas na semeadura
Horas usadas na colheita
Sob a vigilância da consciência.
191 - Registro de Posse
A noite se faz presente
Raios de prata se projetam
Nas serpenteadas veredas
Sussurros de um brando vento
Uma canção de amor à natureza
Noite que a claridade rasga
E sem cerimônia possui o infinito
Geram estrelas que iluminam a vida.
192 - Religiões
Muros que dividem homens iguais
E tornam os semelhantes em opostos
Sob a guarida do Pai que não faz diferenças
Cada uma com seus dogmas
Suas guerras rotuladas de santas
Revestidas de hipocrisia e heresia
Enquanto Deus, por seus filhos chora e ora,
Adeptos marionetes se encaminham ao caos.
193 - Renascer
Romper com o estagnado
Receber o novo com esperanças
Agumentar sem medo
Ninguém muda aos poucos
Renascer urge na essência
Necessário torna-se dizer adeus
Mesmo sem conhecer novo ciclo
Ousadia e plenitude no instante.
194 - Rosas Vermelhas
Pétalas vermelhas aveludadas
Que orvalho noite beija
Que Sol dia aquece
Pétalas vermelhas desfolhadas
Germina início paixão
Desabrocha fragrância amor
Musa de poetas e poesias
Desfolham beijos aragens.
195 - Rótulos
Porque rotular
Poesia?
São expressões
Versos livres
Oral ou, na escrita
Trazem mensagem para reflexões
Sentimentos não se rotulam
São sutis energias.
196 - Se fosse possível
Uma vida perfeita
Uma alma satisfeita
Despida de tristezas
Realizar todos os desejos
Atapetar o chão de estrelas
E ter um itinerário iluminado
A vida ser uma eterna história
Sem ocultar fatos e se tornar mentira.
197 - Ser Fênix
Ter consciência do final de cada ciclo
Dia após dia, após mortes repetidas
Renascer a cada instante das cinzas
Abrir as asas, absorver a energia
Regar as veias com sopro vital
Em um grito, sinalizar o vagido
Sobrevoar por desejos ardentes
Viver a eternidade no minuto presente.
198 - Segundos
Em vão o dia segue o dia,
Segundos deslizam sem deixar vestígios
De mansinho se anuncia o entardecer
Os primeiros acordes melódicos
Dos ruídos noturnos se evidenciam
Uma inquietude se faz presente
Permeia a natureza e seus reinos
O homem e seus sentimentos.
199 - Semeador
A alegria de quem semeia
É observar a umidade da terra fértil
Onde a semente depositada irá germinar
Não desanima quando um fruto fenece
A esperança se renovará no amanhecer
Quando o Sol, no horizonte despontar
O semeador não tem pressa, só a consciência
Que sua colheita está nas mãos do Criador.
200 - Sementes da Paz
Semeie em seu coração
O amor, esperança e perdão
A união, tolerância, compreensão
As sementes germinarão em sua mente
Com consciência e sabedoria
Você terá um universo de igualdade
Permeado de prosperidade e segurança
Harmonia entre povos e Nações.
201 - Sem Memória
Instala-se na mente
Torna o ser ausente
Refém do vazio
Ermitão pelo tempo
Sem história
Sem registro
A beira de um abismo
O caos da redenção.
202 - Sentenças
Formadas vocábulos
Palavras benditas ou malditas
Percorrem ampulheta
Mistério verdades e inverdades
Emoções, sentimentos afloram
Lágrimas brotam desditas
Pronunciadas encantam, desencantam
Germinam nas emoções que oscilam.
203 - Sensações
Abraço brisa,
Êxtase percorre corpo
Pele arrepia-se prazer
Gotas orvalho umedecem
Boca sedenta de beijos
Mitigando sede voraz
Aromas espargem ar
Exalam fadiga amor.
204 - Ser Fênix
Consciência final de cada ciclo
Dia a dia, após mortes repetidas
Renascer instantes cinzas
Abrir asas, absorver energia
Regar veias energia vital
Um grito, sinalizar vagido
Sobrevoar desejos ardentes
Viver eternidade, minuto presente.
205 - Ser jovem
A juventude não é um período de vida,
É um estado de espírito, vitalidade
Imaginação e criatividade
É audácia que prevalece sobre a timidez,
Sede de amor e aventura no dia a dia
Pensamentos e metas brilhantes
Você será jovem enquanto reverenciar
O desejo insaciável de ser criança.
206 - Ser Velho
Você não envelhece apenas pelo fato
De acumular inúmeros anos de vida
E sim, quando abandona seus sonhos
Você envelhece quando seu alimento
É tédio, insegurança, desesperança
Quando curva a cabeça e renuncia a vida
Quando a mente é povoada de depressão
E com lágrimas escreve na alma - desisti.
207 - Silêncio
O silêncio expressa o vazio da Alma
Que perambula no vai e vem do caos
Em busca de um abrigo para hibernar
Defesa de sobrevivência para as carências
Em busca de alimento para alma Imortal
Este tempo de silêncio interminável
Autentica a realidade de meu universo,
Meu tempo em silêncio expirar.
208 - Silhueta
Pincelada tela sonhos
Flutuam mente
Direciona olhar inexpressivo
Confundo com devaneios
Dançarinos sob brilho lua
Inquietude do ser ou não
Silhueta, quando madrugada se foi
Roubou alento, contorno seduz.
209 - Simplicidade
Brisa a beijar o rosto
Dormir relva verde
Sentir o aroma flores
Voar nas asas da esperança
Melodia canção
Murmúrios, sem palavras
Aspirar maresia à beira-mar
Colher flores em devaneios.
210 - Sinfonia
Dedilhe as cordas do tempo
Com maestria, pois sua sinfonia,
Mesmo inaudível se conecta
Com notas musicais do universo
Com a melodia de nosso interior
Sinfonia no tempo, do ocaso
No gorjeio de alegres pássaros
No vento, na brisa, no alvorecer.
211 - Sinfonia do Vento
Cânticos do Minuano
Quando desnuda as árvores
E as possui em enlace
Voraz, as encurva até os húmus na terra,
Preenche os seus rasgos, seus sulcos,
Suga o néctar de seu cerne
O audaz vento se ergue satisfeito
Cavalga o tempo em busca de caça.
212 - Sinuosidade
Sem fim em seu ir e vir
Durante dias, meses e anos
Em um balé estonteante
Beijam como ninfas a areia molhada
Que se rasgam em lamúrias de espumas
Cheiro da maresia penetra o olfato
Mente divaga com os olhos fechados
Na intensa liberdade do oceano.
213 - Só esta Noite
Esquece a tempestade que fustiga lá fora
Os fantasmas da solidão que te perseguem
Da alma expurga dores e ressentimentos
Entrega as desditas nas asas do vento
Seca as lágrimas da solidão e amargura
A ilusão se cobre de máscaras e fantasias
Só esta noite em mim te aninha
Faz de conta que sou o amor que querias.
214 - Solitária
Solidão que preenche pensamentos
Sentimentos, espaços vagos
Uma eterna paz no caminho
Ser solitária é autodefesa
Faz-se acompanhar da esperança
Não ser violado o altar do sofrimento
Certeza de não ser vítima das incertezas
De exercer a sabedoria consciente.
215 - Sombras
Obscurece negritude noite
Memória em tropeços desfalece
Ilusão que cega a lógica
Sombras à direita cobrem quimeras
Esquerda a ansiedade que assombra
Meio, eternidades do tempo
Zombarias cobrem tênue luz
Último sonho incolor, no vácuo.
216 - Sonhos de água
Mergulho entre rios e lagos
Desemboco nos oceanos das sensações
Com um canto em timbre cálido
Em lendas sou Ondina e Sereia
Nas madrugadas de amor em anseios
Sou única tripulante do barco da ilusão
Sou náufraga entre a realidade e quimeras
Mas renasço na fonte que borbulha emoções.
217 - Sonhos do ar
Mente inquieta aflorando
Palavras soltas ao vento
Os carrega nas asas do tempo
Sonhos febris, aventureiros
Onde respiro liberdade
Do ir e vir de qualquer lugar
Entranho-me na dualidade, na brisa fresca
No furacão dos sentimentos em levitação.
218 - Sonhos de fogo
Em meus sonhos de fogo
Tatuo o corpo com labaredas
Que dançam sem queimar
Deixam apenas rastros de desejos
Cerceados por inflamadas quimeras
Que se abandonam em prostração
Sonhos de fogo brotam do inconsciente
Que o consciente renega por pudor.
219 - Sonhos da terra
Metamorfose dá-se em concordância
Com as necessidades projetadas na mente
Armazenadas e filtradas em coerência
Tanto sou Fada que com o vento flutua
Bruxa encarquilhada na horrenda floresta
Enfeitiçando com poções o amor desejado
Posso ser borboletas e grilos cantantes
Ou uma serpente com mortal veneno.
220 - Sonhos Oníricos
Realizações cristalizadas nos sonhos
Alimentam as vitórias desejadas
E a colheita de nossa jornada
Rompem barreiras do impossível
Acompanham-se de esperanças
Para enfrentar as intempéries
É caminhar entre as rosas
Sem conhecer os espinhos.
221 - Sons noturnos
Suspiram entre lembranças
Do que não foi melancolia
Marulhar das águas, monotonia
Vozes às vezes ásperas ou veladas
Dilaceram alma, ais secretos
Vocalização animais noturnos
De acordo com espécies
Ofertam homem sinfonia.
222 - Submerso
Mergulha mar poesia
Transforma dor em amor
Navega mares felicidade
Cumplicidade oceano
Aroma maresia
Emoção e equilíbrio
Não busca infinito, o eterno
Vive instante, amor submerso.
223 - Sopro
Brisa, vento, trajeto tempo
Vai e vem oscilante, impreciso
Às vezes mais aquém ou além
Perdido do Norte, não enraíza, brota
Balança entre curvas tempo
Refém hífen, virgula, reticência
Voam fragmentos mosaico
Retalhos instantes.
224 - Sussurros
Cânticos Vento
Quando desnuda árvores
E possui em enlace
Voraz, encurva até húmus terra,
Preenche rasgos, sulcos,
Suga néctar cerne
Audaz, vento se ergue satisfeito
Cavalga, em busca de outra caça.
225 - Tecendo Sonhos
Triste sina, fiar sonhos
De cumplicidade e desejo
A arte de roubar um beijo
Ser feliz por momentos
Fios desenhados como teias
Prendem a alma que emudece
Amarram o corpo ao prazer latente
Guiam a mente como marionetes.
226 - Tempo
Não me conheces, mas sabes que existo
Conheço teu passado, teu presente
Estarás velho quando eu for futuro
Conheço tuas lágrimas, teus anseios
Desejos que manténs confinados
Sou papiro de tua história
Vida nos une e distancia
Não vive de lembranças preciosos minutos.
227 - Tua Imagem
Nas dobras dos pensamentos sem disfarces
Em cada rosto distante, em cada esquina
Na busca ininterrupta desde o alvorecer
Há neste algoz dia, um risco, um rascunho
Rastro que não se dilui nos sentimentos
Sustenta a alma em sublimes delírios.
Tua imagem, tatuada na lembrança
Guardada por sentinelas do amor.
228 - Tempero do Amor
O amor é saboreado a cada instante
Temperado com confiança e paciência
Doses de romantismo e surpresas
Respeito mútuo e sensibilidade
Fazer de cada dia todas as estações
E cada um exercitar seus cinco sentidos
Guardar no compartimento da memória
As intimidades, registros da história.
229 - Tempestade
Natureza vê existência ser destruída
Com avalanche e enxurradas
Nas águas doces de fontes e rios
Homem vê memória fenecer
Esquecimento histórias de vida
Féretro cinzento das lembranças
Despojos da tempestade arrastam
O tudo que se transformou em nada.
230 - Tempo
Ontem foi um sonho
Hoje é um instante
Amanhã é destino
Teimosia que acompanha
Morte que se avizinha
Pesadelo que atormenta
Que se veste de expectativa
Mas a realidade mostra o avesso.
231 - Tempo efêmero
Muitos vivem atrelados ao passado
Que um dia foi presente em suas vidas
Revestidos de lembranças consequentes
Não existe equilíbrio entre realidade e fantasia
Um presente pleno é feito de sentimentos
Fortes, cristalinos, sempre recomeço
E o futuro será presente, como o passado foi
O tempo é efêmero e a vida é fugaz.
232 - Tempo mágico
Não me conheces, mas sabes que existo
Conheço teu passado, teu presente
Estarás velho quando eu for futuro
Conheço tuas lágrimas, teus anseios
Teus desejos íntimos confinados
Sou o papiro de tua história
A vida nos une e nos distancia
O tempo é mágico no presente.
233 - Travessia
Entre o ir e vir
Trajetos visíveis ou obscuros
Lua pálidos reflexos
Ilumina travessia do caminho
Passado, presente, futuro
Corpo curva débeis suspiros
Extirpa pesadelos mente
Sepulta esperanças, sonhos.
234 - Três Tempos
Passado, a noite flutuando sobre o lago
Deixando árvores em tons acinzentados
Ventania forte que desequilibra galhos
Presente, um poema de esperança
Tentativas de mudar o curso de lágrimas
Encontrar o caminho da alegria e felicidade
Futuro, apenas uma certeza definida
A casa gélida que abrigará o corpo.
235 - Tenho Medo
Dos sentimentos que fenecem
Em mim, em ti, em nós
Do silêncio que transpassa o tempo
Da tênue luz que se infiltra nas sombras
Das horas que correm como algozes
Fontes secas que não jorram emoções
Dos véus do dia que desnudam a sina
Dos véus da noite que fomentam dores.
236 - Trajeto
Rumo emoções
Lembranças, saudades
Fragmentos nostalgia
Explorar inspiração
Transmitir de forma poética
Palavras que tenham sentido
Penetrem essência
Eternize grafias.
237 - Trilha das Emoções
Embarco asas ventos
Viajo trilhas marcadas tempo
Busco desvendar essência ilusão
Perscruto intensidade emoções
Afloram e corrompem razão
Insanidade infiltra sem licença
Vento, sopro rasteiro mostra
Dualidade existência, vida e morte
238 - Uma das fases
Lua Cheia de solidão
Nostalgia, melancolia, adeus,
Na colina, lobos uivando
Um barco, singrando os oceanos
Nas espumas das vagas do mar
Um canto, como lamento brotando
Sereia encantada na pedra
Pescador naufraga na imensidão.
239 - Um corpo
Alquebrado pelo tempo, uma sombra
Uma mente que não reconhece a idade
Arrastando-se empurrado pelo vento
Gestos tão leves como folhas
Que flutuam ao cair dos galhos
Quando ventos se evidenciam
Um corpo que encerra os ciclos
No deserto da vida vê o célere perecer.
240 - Vendaval
Ventos e marés a beira mar
Fustigando a areia
Ao longe, ruidosas trovoadas
Vagas imensas banham
O penhasco imponente
Em um abraço possessivo
A atmosfera, um enigma
Incógnita indecifrável.
241 - Ventos de Agosto
Minuano
Que sopra
Impiedoso
Entre as árvores
Onde galhos nus
Oscilam
Na canção de lamento do vento
No estertor do desgosto
242 - Verbos
Passado
Presente
Futuro
Soltos
Deprimidos
Reprimidos
No silêncio da incerteza nos sonhos
Grafados no pergaminho da vida
243 - Versejar
Nos suspiros da tristeza
No silêncio da sintonia com o “eu”
Abrindo o baú dos sonhos esquecidos
Tentando reerguer castelos de areia
Colorir de esperanças quimeras
Ao secar lágrimas da ilusão
Quando uso a máscara da alegria
Para cobrir a face da melancolia.
244 - Viagem veloz
Brisa, ventos entre quadrantes
Sopram brandos ou tormentosos
Folhagens oscilam
Acordes mágicos liras
Ou cruéis tempestades
Sensual, lânguido, selvagem
Nascem, crescem entre sóis e luas
Despertam mágoas e feras cerceadas.
245 - Véus da noite
Estrelas iluminam noite
Labaredas aquecem mente
Inverno frio, profundezas do ser
Olhos semicerrados observam Lua
Vento gélido beija a face
Corta carne, lâmina afiada
Longe, uivar lobos inquietos
Perto, emoções enregeladas
246 - Vida
Viagem tempestiva e inigualável
Que se esvai em passagem efêmera
Na navegação ininterrupta por ciclos
Sucessivas investidas desafiadoras
A realidade da estrutura condicionada
Onde se cumpre a sina por nós plasmada
Desde o ciclo que marca a existência
Sem cúmplices ou intermediários.
247 - Vida Urgente
Compromissos, trabalho, aflições
Homem não é mais um doce menino
É máquina que disputa a vida com o tempo
Veloz na urgência dos urgentes
Esqueceu de viver emoções, sentimentos
Corre em busca do perdido tempo
Vida urgente, onde fez o tudo
Sem desfrutar essência do todo.
248 - Vitórias
Ciclo do nascer
Vencer os desafios dos ciclos
Ultrapassar obstáculos
Semear na mente com ousadia
Realizações metas planejadas
Usar Lei da Atração
Certeza que exerce poder mental
Merece conquistas.
249 - Virtudes
Força que
Impulsiona
Superar
Com constância
contratempos
Trajetória
Extirpa pensamentos negativos
Ensina amor universal.
250 - Visões
Vou dar asas à fantasia empreender voo
Escalar as nuvens entre saltos e quedas
Dar carona nas asas para a poesia
Receber o abraço da brisa que sopra
Acima da terra e do mar alimentar o espírito
Com suaves nuances do arco-íris
Abrir em sintonia os portais
Da eternidade inatingível.
251 - Voar
Sem barreira ou fronteira
Aspirando suave brisa
plenitude elemento Ar
Fugir tempestade
Dilacera sentimentos
Cobre alma neve
infinito é vasto
Perfeição é fábula.
252 - Arte Cemiterial
Mármore, granito, estela com inscrições
Cruzes, coroas, vasos, arte da época
Fotografias, símbolos de crenças
Esculturas angelicais ou humanas
Entre arquitetura de mausoléus e capelas
Sem esquecer túmulos em cova rasa
Pedágio que sinaliza fim da vida
Habitat dos mortos no mundo dos vivos.
253 - Encontro
Pôr-do-sol, beira-mar
Garboso entre nuances
Eu, entre respirar e sentir
Vagalhões agitados alto mar
Marulhar incessante
Dançam harmonia
Entre ar fresco e maresia
Foi-se, sem até logo ou adeus.
254 - Véus do feitiço
Vestem momentos de prazer
Intimidades prementes
Corpo, mente, delírio profano
Quimera distante que alimenta
Vazio na terra árida da solidão
Instantes, horas, dias e anos
Feitiço que habita a mente
Percepções, sensações, emoções.
255 - Mulher, Árvore da Vida
Raízes guardam germinar
Tronco sustenta sobrevivência
Galhos abrigam intempéries
Jovem, perdida entre sonhos
Madura, entre espinhos e flores
Idosa, entre lembranças e desenganos,
As estações transformam tuas folhas
Inalterável só a essência.